Menos 13 mil bebés vacinados num mês pode significar novo surto de sarampo
Entre 15 de março e 15 de abril foram vacinados menos 13.277 bebés em Portugal e o país já está com quase tantos casos de sarampo como os que foram diagnosticados ao longo de todo o ano de 2019.
O secretário de Estado da Saúde apelou hoje para que a vacinação das crianças não seja adiada, caso contrário “Portugal pode enfrentar surtos de outras doenças” e garantiu que “o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está preparado para responder”.
“Ainda que atravessemos um período e um momento difícil, os pais não devem adiar a vacinação dos seus filhos sob pena de Portugal enfrentar um surto de outras doenças infecciosas evitáveis e com consequências potencialmente graves mais tarde”, disse o secretário de Estado da Saúde.
O alerta surge na sequência de uma queda abrupta nas idas ao centro de saúde para administração da vacina VASPR – dada aos 12 meses e aos cinco anos -, consequência dos medos associados à pandemia de covid-19.
De acordo com o Jornal de Notícias , entre 15 de março e 15 de abril foram vacinados menos 13.277 bebés em Portugal e o país já está com quase tantos casos de sarampo como os que foram diagnosticados ao longo de todo o ano de 2019.
Já a 20 de abril, também a Organização Mundial de Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) sublinharam a importância de os governos nacionais manterem os seus planos de vacinação para evitar um maior impacto da pandemia de covid-19.
As duas organizações reiteram que é vital a manutenção dos serviços de imunização de rotina durante a pandemia de covid-19, recordando que a situação atual “é um sinal de que as doenças infecciosas não conhecem fronteiras”.
“Todos os países são vulneráveis, independentemente dos níveis de riqueza ou da força dos seus sistemas de saúde. A necessidade urgente de uma vacina para a covid-19 ressalta o papel central da imunização na proteção de vidas e economias”, pode ler-se no comunicado conjunto das duas entidades.
Perante a situação pandémica atual, OMS e UNICEF consideram que a importância dos programas nacionais de imunização de rotina “é mais crítica do que nunca”.
“Os governos devem aproveitar todas as oportunidades possíveis para proteger as pessoas das muitas doenças para as quais as vacinas já estão disponíveis”, frisam, lembrando que proteger crianças, adolescentes e adultos contra doenças preveníveis através da vacinação é uma obrigação para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
“Sabemos que a vulnerabilidade a doenças infecciosas é uma ameaça à saúde pública em todos os lugares”, diz Afshan Khan, diretora regional da UNICEF na Europa e Ásia Central.
“É fundamental que os programas de imunização continuem durante esta crise, protegendo adequadamente os profissionais de saúde e os indivíduos que recebem vacinas. Alcançar as crianças mais vulneráveis, que perderam imunizações de rotina entretanto, deve ser uma prioridade”, avisa.
OMS e UNICEF consideram que se o combate à pandemia de covid-19 causar interrupções temporárias nos serviços de imunização, os países devem planear retomá-los o mais rápido possível após a estabilização da situação.
“Podemos evitar um maior impacto da covid-19 nos sistemas de saúde garantindo que indivíduos de todas as idades permaneçam vacinados de acordo com os cronogramas nacionais. Peço aos países que mantenham a prestação de serviços de imunização e direcionem as suas necessidades, mesmo neste momento difícil”, pediu Hans Henri Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.
Numa nota final, OMS e UNICEF, antecipando já a existência de uma vacina para a covid-19, solicitam a todos os países que estejam preparados para vacinar os grupos de maior risco e garantir que todos, incluindo os mais marginalizados, tenham acesso igual quando ela estiver disponível.
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Texto: Marta Amorim com Lusa
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