Jornalistas lançam campanha para por fim ao machismo no desporto, #DeixaElaTrabalhar
#DeixaElaTrabalhar é uma campanha que demonstra a frustação das jornalistas do Brasil em querer acabar com os episódios de assédio em recintos desportivos.
É inegável que o desporto e o futebol é dominado pelos homens, a todos os níveis. Nomeadamente neste – de onde o artigo que está a ler neste momento: o do jornalismo. Todavia, sabemos que cada vez mais mulheres estão a tornar-se o rosto deste género informativo e não pode haver nada contra isso. Elas vão-se interessando cada vez no desporto rei.
Este domingo, as jornalistas de desporto do Brasil uniram-se para a campanha “Deixa Ela Trabalhar”. Todas elas manifestam-se “contra o assédio e machismo nos estádios, redações, ambiente de trabalho e onde quer que aconteçam”.
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O vídeo que dá o pontapé de saída à campanha nas redes sociais, e que pode ver acima, também já foi transmitido antes de algumas partidas de futebol no Brasil. Uma delas antes da final da Taça Rio, entre Fluminense e Botafogo, no Maracanã. No mesmo dia, um adepto foi expulso do estádio Passo D’Areia durante o intervalo do jogo entre o São José-RS e o Brasil de Pelotas, para o Campeonato Gaúcho, após ofender uma repórter da RBS TV.
No vídeo pode ver vários rostos dos canais desportivos brasileiros como Fernanda Gentil, Aline Nastari, Ana Thais Matos e Cris Dias. “Já aconteceu comigo, já aconteceu com todas nós e não dá mais. Somos mulheres e profissionais. Queremos trabalhar em paz. Queremos respeito. Chega de desconfiança e diferenciação. Chegou a hora de se importar”, referem no curto vídeo. “Não é só machismo, é ofensivo, é nojento”.
Vários clubes e órgãos de comunicação social apoiaram a iniciativa. Como Corinthians, Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Chapecoense, Cruzeiro, Fluminense e Internacional são alguns dos emblemas que partilharam prontamente a causa nas redes sociais, com o vídeo.
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Na página do manifesto #DeixaElaTrabalhar, no Twitter, vão sendo partilhados vários momentos em que as jornalistas são assediadas perto dos eventos desportivos.
O Brasil também foi o país que acolheu o primeiro relato de futebol no feminino de sempre. Em novembro do ano passado, Isabelly Morais, da rádio Inconfidência de Belo Horizonte, narrou o jogo entre o América Mineiro e o ABC.
“Não era uma meta profissional. Sempre falei muito rápido. Até brincam comigo na rádio. Quando era mais nova brincavam, pela minha paixão por desporto: ‘Imagina ela a narrar um golo’. Eu tinha três metas dentro da profissão, e nenhuma delas era narrar [jogos de futebol]. Vivo o desporto todos os dias, manhã, tarde, noite e madrugada”, confessou a jovem à SporTV Brasil que destaca a importância do seu chefe para chegar até aqui.
Foi um sonho do meu chefe, José Augusto Toscano, da Rádio Inconfidência. No primeiro contacto que fiz com a rádio, a pedir um estágio, perguntou-me se eu seria narradora. Abracei a ideia, porque nunca tinha pensado em ser narradora. Nunca tive nenhuma referência de narradora mulher no jornalismo desportivo. Não era uma meta para mim. Mas agora passa a ser um sonho que eu abraço com o Toscano, meu chefe, que me abriu uma oportunidade gigantesca”, contou.
Quero aprender muito com essa chance! Errar, acertar e me dedicar muito. Inconfidência faz história, e sou muito grata. https://t.co/NtAnwsp6eE
— Isabelly Morais (@isabellymoraiis) 7 de novembro de 2017
Mais tarde, no passado mês de junho, arrancou o campeonato do mundo e lá estava Isabelly. O jogo de abertura da competição entre a Rússia e a Arábia Sáudita foi transmitido no Brasil pela Fox Sports e relatado pela jornalista e, claro, o primeiro golo do jogo foi digno de registo. A narradora foi uma das três escolhidas no casting do canal “Narra quem sabe” que procurava um trio de mulheres para relatar o jogos do Mundial Rússia 2018. Clique play no vídeo abaixo e ouça em bom português!
Nos estádios russos, também há seis mulheres a relatar jogos de futebol. Claudia Neumann na televisão ZDF alemã, Vicki Sparks na BBC britânica, Hanna Marklund na TV4 sueca, Lise Klavenesess na NRK norueguesa e Aly Wagner na Fox norte-americana. No entanto, ainda há vozes masculinas a contestar pela internet.
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