Monitorização da atividade física duplicou nos cuidados de saúde primários
A monitorização dos níveis de atividade física duplicou nos centros de saúde no ano passado, com a avaliação de 2.235 utentes em cada 100 mil que utilizam estas unidades dos Cuidados de Saúde Primários, foi hoje divulgado.
Segundo o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF), da Direção-Geral da Saúde (DGS), relativo a 2021, desde que foram disponibilizadas ferramentas digitais para a avaliação da atividade física (final de 2017) realizaram-se mais de 261 mil consultas com estas informações, 23,2% das quais no último ano. O documento, divulgado no Dia Mundial da Atividade Física, diz que, na sequência das avaliações, foram emitidas 42.645 guias de aconselhamento breve para a promoção da atividade física (+18% num ano).
Portugueses praticaram mais exercício em 2021
Os portugueses aumentaram os seus níveis de atividade física no ano passado, com mais de metade (54,3%) a apresentar níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde, valores que melhoraram relativamente ao primeiro ano da pandemia.
Diz igualmente que entre 2017 e 2019 houve um aumento “bastante expressivo” da proporção de utentes avaliados a nível nacional, atingindo um pico em 2019 (1.031 utentes avaliados por cada 100.000) e que nos anos de 2020 e 2021, “coincidindo com o período de pandemia por covid-19 e maior volume de trabalho decorrente por parte dos profissionais de saúde, este valor reduziu para 2/3”. Segundo o relatório, foi possível identificar, contudo, “uma tendência ascendente neste indicador em 2021 por parte da ARS Norte e ARS Algarve”.
Houve um aumento “bastante expressivo” da proporção de utentes avaliados a nível nacional
Em relação ao nível da atividade física de utentes com 15 anos ou mais, e aquando da primeira avaliação, os níveis registados em revelam que 32,8% dos utentes avaliados atingia a recomendação de prática de, pelo menos, duas horas e meia (150 minutos) semanais de atividade física de intensidade moderada. À semelhança de estudos representativos da população, o nível de atividade física semanal diminui com o aumento da idade e os homens mais ativos ao longo de todo o ciclo de vida. No que respeita aos níveis de comportamento sedentário de utentes com 15 ou mais anos, os dados dos utentes avaliados pela primeira vez no período 2017-2021 revelam que cerca de metade reportou passar quatro ou mais horas sentados por dia (mediana), à exceção da categoria etária dos 30-69 anos, que reportou passar três horas ou mais (mediana).
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A faixa etária com maior volume de tempo sentado diário é a dos 15 aos 29 anos (25% passa sete ou mais horas por dia sentado), seguida pelo grupo dos 70 ou mais anos (21%) e, por último, da faixa etária entre os 30 e os 69 anos (15,1%). Segundo a DGS, o resultado do uso das ferramentas digitais de avaliação e aconselhamento, integradas nos sistemas eletrónicos de apoio às consultas, nos Cuidados de Saúde Primários demonstra que, entre 2017 e 2021, “os utentes a quem foi realizada uma segunda e terceira avaliações da atividade física evidenciaram uma tendência de aumento do seu nível de atividade física ao longo do tempo”.
A prática de atividade física contribui para o atraso da progressão de diversas doenças crónicas não transmissíveis
O documento lembra que a evidência científica indica que cerca de 10% dos casos de cancro do cólon, 10% dos casos de cancro da mama, 7% dos casos de diabetes e 6% dos casos de doença coronária na população mundial podem ser prevenidos com níveis de prática de atividade física “compatíveis com as recomendações globais” e acrescenta que 9% dos casos de morte prematura poderiam também ser evitados. Dados publicados em 2020, do último estudo do Global Burden of Disease, acerca da carga de doença e mortalidade atribuídas aos principais fatores de risco para a saúde entre 1990 e 2019 indicam que a atividade física insuficiente é o 16º fator de risco de nível 2 ao qual são atribuídas mais mortes e o 18º ao qual são atribuídos mais anos de saúde prematuramente perdidos.
Além do seu papel preventivo fundamental – insiste o relatório -, a prática de atividade física contribui para o atraso da progressão de diversas doenças crónicas não transmissíveis, “nomeadamente de sete grupos importantes de patologias: cardiovasculares, oncológicas, pulmonares, metabólicas, psiquiátricas, neurológicas e musculoesqueléticas”. Sublinha a importância de ter políticas públicas de saúde que traduzam uma “estratégia robustecida” para a redução das desigualdades em saúde e lembra as novas recomendações globais para a atividade física e comportamento sedentário, lançadas em 2020 pela Organização Mundial da Saúde, segundo as quais “cada movimento conta”.
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“À luz da nova evidência (informação) científica, toda a atividade física, independentemente da duração consecutiva de cada período de prática, tem impactos positivos na saúde”, frisa. Diz ainda que, apesar de se observar um “aumento muito ténue” da incidência de utilização destas ferramentas digitais de aconselhamento entre 2020 e 2021, “existe uma necessidade clara de promoção destas práticas nos cuidados de saúde ao longo dos próximos anos”.
Nos objetivos para futuro, o relatório define a necessidade de continuar a promover a literacia em saúde ao longo do ciclo de vida e aponta para a reativação da campanha nacional “Siga o Assobio — A atividade física chama por si”. Sugere igualmente a melhoria da qualidade da oferta de oportunidades de prática de atividade física em diferentes contextos.
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