O que Rui Patrício justifica para rescindir com o Sporting? Leia a carta

Saiba o essencial da carta que o guarda-redes deixou ao clube leonino para iniciar o processo de rescisão de contrato.

Rui Patrício parece estar mesmo de saída do Sporting, mas por rescisão unilateral. Isto é, o jogador e os seus devidos representantes estão a forçar uma saída do clube, sem que este tenha qualquer lucro de uma eventual transferência que estaria para acontecer.

Nos últimos dias, a saída do guardião internacional português esteve associada ao Nápoles de Itália, mas o novo treinador napolitano, Carlo Ancelotti, terá negado a vinda de Patrício. Assim, quem chegou-se à frente foram os ingleses do Wolverhampton, orientados pelo português Nuno Espírito Santo e com um elenco recheado de jogadores lusos, que estavam quase a concluir a aquisição do guarda-redes a troco de uma verba de 18 milhões de euros.

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A transferência de Rui Patrício para o estrangeiro não se consumou pois Bruno de Carvalho alegou esta sexta-feira perto das 12h30, em nova conferência de imprensa no Estádio José Alvalade, que o empresário Jorge Mendes (intermediário do negócio que se tinha iniciado) e a sua empresa, a Gestifute, exigiam 7 milhões de euros de comissão. Esse valor seria subtraído pelos tais 18 milhões.

Pelo o negócio não se ter concretizado, o presidente do Sporting diz que Rui Patrício tomou a decisão de avançar com rescisão por justa causa por influência dos seus representantes. Bruno de Carvalho diz que o futebolista está a ser instrumentalizado pelo contorno que o empresário português queria tomar para seu benefício. Leia a conferência de imprensa AQUI.

Bruno de Carvalho acusado de superioridade e abuso de poder

Num longo texto de 34 páginas, apresentado por carta registada, fax e e-mail institucional [procedimento legal obrigatório a tomar quando se pretende efetuar uma rescisão com uma empresa] e que a Impala teve acesso, o guarda-redes relata diversos episódios que retratavam o mau ambiente que se viviam nas instalações do Sporting, muito provocadas pela atitude do presidente Bruno de Carvalho.

Rui Patrício revela em carta que Bruno chegava afirmar que era “o Presidente” e que fazia o «que quiser, onde quiser», chamando os jogadores de “meninos mimados”. Várias reuniões entre equipa técnica, futebolistas e conselho diretivo aconteceram sempre num “ambiente ameaçador”, levando a que muitos jogadores perdessem a vontade de jogar por se sentirem “desprotegidos”.

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Outro alvo era Jorge Jesus, considerado ironicamente para Bruno de Carvalho o “REI do clube” pois ele podia convocar os jogadores apesar do presidente manter os processos disciplinares. Ao menos tempo recriminando o ainda treinador do Sporting, o presidente continuava a “humilhação e o desrespeito pela dignidade profissional e pessoal dos jogadores”, leia-se numa das páginas da carta de Rui Patrício.

Um fim de campeonato para esquecer

Na última jornada da Primeira Liga, no dia 5 de maio, Benfica e Sporting discutiam em Alvalade  o segundo lugar e o acesso à 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões na próxima temporada, algo financeiramente importante para ambos os clubes. 0-0 foi o resultado final e os leões continuavam a ocupar esse lugar.

Rui Patrício sabe, e diz na carta, que Bruno de Carvalho foi falar com membros da claque Juventude Leonina e associa tal conversa ao facto de terem sido atiradas tochas da bancada desses mesmos adeptos que quase atingiram o guarda-redes.

Na seguinte e última jornada do campeonato, os leões perderam diante do Marítimo por 2-1 e o lugar europeu tão desejado pela direção e os adeptos. Na partida de regresso a Lisboa e sob a presença da direção do Sporting, Patrício conta que o ex-líder da Juve Leo e outros procuravam no aeroporto da Madeira por Acuña em termos violentos que pode ler na quarta imagem galeria.

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O compatriota argentino, Battaglia, tentou serenar os ânimos e a situação piorou-se. Os adeptos mais radicais diziam “que faziam o que queriam” e exigiam aos jogadores para jogar. Patrício, como capitão, a par de William Carvalho também tentaram a acalmar o ambiente mas sem sucesso e com a promessa de que “na próxima semana” iriam fazer “uma visita” aos jogadores.

Na chegada a Lisboa, no aeroporto Humberto Delgado, os jogadores foram mal recebidos e entoavam-se cânticos em prol de Bruno de Carvalho “(o Bruno é que, o Bruno é o maior…!)”. Já no estádio do Sporting, vários adeptos perseguiram e insultaram os jogadores, nomeadamente os capitães e os outrora visados Battaglia e Acuña. Este último, foi questionado por Bruno de Carvalho pelos motivos de responder a ataques de membros das claques que lhe “queriam apanhar”.

No relato destes acontecimentos na carta, leia-se que Rui Patrício ia constatando que a direção do Sporting “nunca condenou a atuação das claques e adeptos”.

Depois do desaire do campeonato, as baterias estariam supostamente apontadas para a final da Taça de Portugal. Rui Patrício conta que a postura de Bruno de Carvalho se tinha alterado estranhamente. O presidente do Sporting prometeu ajudar em qualquer problema e perguntou se todo o plantel estava preparado para jogar no Jamor “aconteça o que acontecer”.

O que de facto aconteceu foi uma invasão de 50 homens à Academia de Alcochete, de onde resultou com funcionários, equipa técnica e jogadores do Sporting feridos. Na carta, Rui Patrício conta que estranhou a falta de André Geraldes ao treino agendado, pessoa que estaria sempre na Academia e presente nos treinos. Os relatos de todos os elementos do Sporting aos ataques estão em baixo:

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Rui Patrício, de 30 anos, fez toda a sua formação e carreira profissional no Sporting e tinha contrato com o clube até junho de 2022. O guarda-redes está atualmente em estágio com a seleção portuguesa, que prepara a participação na fase final do Mundial2018, na Rússia.

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