Selma Blair relata, no livro Mean Baby, episódios chocantes sobre a sua vida no passado, na esperança de conseguir ajudar outras pessoas com situações semelhantes. A atriz conta que foi violada múltiplas vezes e revela décadas de alcoolismo, que começaram na infância.

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Selma revela que a sua primeira bebedeira aconteceu quando tinha apenas sete anos. “Não sei se teria sobrevivido à infância sem o álcool“, desabafa. “É por isso que é um problema para muitas pessoas. É realmente um grande conforto, um alívio no início”, diz.  “A primeira vez que fiquei bêbada foi uma revelação”, lembra, explicando que ninguém “prestava atenção ao que estava a consumir”. E acrescentou: “Fiquei alcoolizada naquela noite. Muito mesmo. Alguém deitou-me na cama da minha irmã e, na manhã seguinte, não sabia como tinha ido lá parar”. A atriz conta que, numa fase inicial, “dava goles rápidos quando a ansiedade aumentava” e que “mal ficava embriagada”, tornando-se assim uma “alcoólatra experiente”. No entanto, o abuso de álcool tomou outras proporções na adolescência e na casa dos 20 anos.

Na adolescência, diz, viveu um momento perturbador com um dos reitores do colégio. “Contei-lhe tudo. Não podia acreditar na minha sorte em ter um mentor e amigo tão maravilhoso”, lembra. “Achava que ele era o melhor homem que já tinha conhecido. Bonito, alto, generoso. […] Mas naquela altura não podia ter previsto. Confiava na autoridade. Era apenas uma adolescente”, refere, recordando que foi um dia antes das férias quando se deslocou ao escritório do reitor para se despedir do mesmo e trocaram presentes.

“Abraçamo-nos. […] A mão dele foi para a parte inferior das minhas costas. Os seus lábios estavam na minha boca. […] Pensava, és um adulto e eu gosto de ti, por favor, não coloques a tua mão dentro das minhas calças. Mas ele colocou. Foi uma coisa simples. Não me violou, não me ameaçou. Mas quebrou-me”, detalha. “Quando contei à minha mãe que ele me tinha beijado, ela respirou fundo e disse para eu não contar a ninguém porque ele era amado naquela escola. E que eu ia ser apenas uma miúda problemática“, relata.

No final do seu último ano na escola, recorda, o referido reitor foi dar-lhe os parabéns e disse à mãe da atriz que esta deveria estar orgulhosa. “Ela apenas olhou para ele e disse-lhe: ‘Sei o que fez. Fique longe da minha filha’. E ele foi embora“, diz.

Abusos sexuais e pensamentos suicidas

A atriz recorda um incidente traumático durante uma viagem de férias da faculdade, em que foi violada. “Não sei se os dois me violaram. Um sei que o fez”, descreve. “Fiquei quieta e esperei que acabasse. Gostava de dizer que o que aconteceu comigo naquela noite foi algo fora do normal, mas não foi. Fui violada várias vezes porque estava demasiado alcoolizada para dizer ‘Por favor. Parem’. Houve uma vez que foi violento. Saí calada e envergonhada”, relembra.

Selma Blair – que foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2018 – adianta que nunca contou a ninguém os abusos sexuais que sofreu, a não ser com a um terapeuta. E confessa que a escrita a ajudou no processo de cura: “Fez-me parar de ter desejos de morte (…) Os abusos já não são uma parte central da minha vida. Tinha muita vergonha e culpa. Agora sinto-me agradecida por estar a virar essa página“.

A atriz de 49 anos está sóbria desde 2016. “Escrevi o livro para o meu filho… e para as pessoas que tentem encontrar o branco mais profundo para rastejar até que a dor passe”, disse. Selma Blair tem um filho, Arthur Saint Bleick, de 10 anos, fruto da anterior relação com Jason Bleick.

Fotos: reprodução Instagram

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