Supernanny pode violar direitos das crianças, diz Comissão de proteção das crianças

O programa Super Nanny, da SIC, estreou no domingo à noite, dia 14, e já está a ser criticado. A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens condenou o novo formato.

Supernanny pode violar direitos das crianças, diz Comissão de proteção das crianças

A SIC avançou neste fim-de-semana com um formato revolucionário em televisão nacional: a Super Nanny. No entanto, e com apenas um dia de estreia, o programa já está a ser fortemente criticado.

Esta manhã, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) condenou a SIC pela transmissão da Super Nanny. Em comunicado, informa que existe um «elevado risco do programa violar os direitos das crianças, designadamente o direito à sua imagem, à reserva da sua vida privada e à sua intimidade».

O programa, transmitido em horário nobre, tem como objetivo ir ao «encontro das famílias portuguesas para ajudar a controlar a rebeldia dos filhos e dar resposta aos apelos de pais e educadores». A ajuda está a cargo de Teresa Paula Marques, uma especialista em mediação familiar, que acompanha com câmaras a rotina de cada núcleo familiar, de forma a corrigir as falhas.

«Trata-se de um conteúdo manifestamente contrário ao superior interesse da criança, podendo produzir efeitos nefastos na sua personalidade, imediatos e a prazo», explica a CNPDPCJ.

A denúncia surge depois de várias queixas feitas pelos portugueses, ainda antes de a Super Nanny ir para o ar.

Contactados pelo site da Nova Gente, a SIC garante que vai reagir às acusações no decorrer desta tarde.

Super Nanny arrasada na Internet

Nas redes sociais, o programa não passou despercebido e, como tal, não faltaram críticas ao primeiro episódio da Super Nanny.

«Acho pouco interessante expor as crianças desta maneira», «este programa tem de acabar» ou «a TV faz tudo para ganhar audiências» são exemplos das muitas mensagens deixadas na página de Facebook oficial do formato.

A escritora Isabel Stilwell foi mais longe e prometeu apresentar queixa.

«A ver a Supernanny por dever de ofício, um programa que até as Nações Unidas já consideram uma ofensa escandalosa aos direitos da criança. Expor uma criança assim é uma vergonha! Como é que esta criança vai para a escola amanhã? Como é que uma psicóloga aceita fazer um programa destes? Vou-me queixar!», escreveu, indignada.

No entanto, houve pais que se mostraram interessados em saber as dicas de Teresa Paula Marques e agradeceram à estação de Carnaxide pela criação deste tipo de programa, que internacionalmente é um sucesso.

Quem é a Super Nanny?

Teresa Paula Marques nasceu a 31 de janeiro de 1966, no Tramagal, uma vila do concelho de Abrantes. Licenciou-se em Psicologia Clínica e, mais tarde, tornou-se Mestre em Psicopatologia e Doutora em Psicologia da Educação pelas faculdades de Psicologia de Lisboa e de Coimbra.

Depois de terminar o seu curso, trabalhou dois anos num bairro com famílias de etnia cigana, seguindo-se o desafio de trabalhar com pessoas seropositivas e respetivas famílias, às quais dava apoio psicológico e aconselhamento.

Exerce psicologia há 25 anos, tanto na área clínica como na educação, dá aulas e também formação de “Aconselhamento parental” a profissionais.

Em 1996, lançou o seu primeiro livro sobre adolescentes e tem ainda mais quatro livros editados.

Nos tempos livres gosta de ir ao cinema, escrever e fazer bijuteria. Quase todos os colares que usa são feitos por si.

Fotos: D.R. e SIC

 

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