Tony Carreira em entrevista: «Vou fazer uma pausa na minha carreira»
Afinal, Tony Carreira vai «fazer uma pausa na carreira» e não «colocar ponto final na carreira», como nos adiantavam fontes na manhã deste domingo, 4 de março.
Afinal, Tony Carreira vai «fazer uma pausa na carreira» e não «colocar ponto final na carreira», como nos adiantavam fontes na manhã deste domingo, 4 de março. Após a entrevista a Judite, Sousa, na TVI, leia a entrevista de vida do mais bem-sucedido cantor romântico da atualidade.
Em que é que o Tony se inspira para escrever as suas canções?
As nossas histórias são todas iguais – o que vivo, o que me faz chorar, sofrer, rir, o que me toca… Quem tenha sensibilidade, quem não faça mal a ninguém, enfim, pessoas normais, como eu, têm histórias iguais. Todos já tivemos desilusões com amigos, filhos, desgostos. Portanto, posso estar em frente à televisão e ver uma coisa interessante, ou a ouvir pessoas falarem e descobrir uma história que me inspire; e também posso inventar. Quando ouvirem o disco vão perceber quais as canções que são autobiográficas. Acho eu.
Pode haver coincidências…
Claro que sim.
No início da carreira, a sua vida foi difícil. Um jovem casal a passar por dificuldades e o Tony sempre a perseguir este seu sonho de ser cantor. A Fernanda pediu-lhe para desistir. Nunca aconteceu, mas colocou essa hipótese.
Não há heróis e é muito fácil depois de se ter sucesso dizer que tinha a certeza de que ia conseguir. É mentira. Não há heróis e acredito em valores como o do trabalho. Mas aceito que haja uma estrelinha.
Sentia-se predestinado, e portanto obrigado a não desistir de empreender uma carreira na música?
Não. Sentia-me completamente focado só nisto e nisto e nisto. Com alguma ingenuidade. E sonhador, o que me fazia não ver as dificuldades como elas eram. É a minha personalidade, o lado ingénuo, de acreditar que no início talvez tivesse mais talento do que na realidade tinha. Agora sei que depois de muitas tentativas ouve ali um momento em que estava praticamente a abandonar o sonho.
Vivia entre a ilusão e a realidade.
Sim.
Tony Carreira, o sonhador, e Fernanda Antunes, a realista
Pode dizer-se que vivia entre a ilusão do Tony e a realidade de Fernanda, que o puxava, para que assentasse os pés para a terra?
Não. Não tem que ver com a Fernanda.
Mas confessou-o na sua biografia.
Não. Essa ideia está errada.
Era um sonho a dois?
Eu estava a perseguir um sonho e as dificuldades não vinham de alguém que me rodeasse. Eu não estava simplesmente a alcançar o que gostava de alcançar. Não tinha nada que ver com quem me rodeava. Estava era a ser muito difícil e sentia que, se calhar, não ia conseguir. E houve ali um momento, salvo erro em 91, em que praticamente desisti. Não sei se já não tinha desistido. E há um dia em que recebo um telefonema de uma pessoa que me dá uma última possibilidade e foi a partir daí que as coisas começaram. Se isso não tivesse acontecido, não sei se abandonava ali ou não. Não há heróis…
Mas há momentos de sorte.
Não só, mas também. Repare: quando gravo o meu disco, coloco um tema, o último que gravei, que não era sequer para entrar. E só entra porque um amigo meu vai lá casa, ouve-o e diz-me: “Acho que devias gravar essa canção”. E essa canção acabou por ser o meu primeiro disco de ouro. [Meu Herói Pequeno, dedicado ao filho mais velho, Mickael.] Portanto, há muitas curvas que determinam a nossa vida e não sabemos bem porquê…
Pouco antes dos seus 20 anos, forma a primeira banda, Irmãos 5, e conhece a Fernanda. O vosso namoro começa consigo a roubá-la ao namorado, que curiosamente se chamava Tony.
Não, não foi bem assim. Ela tinha uma relação com um rapaz, que tinha o mesmo nome que eu, mas quando começámos a namorar ela já tinha terminado com ele. A Fernanda é uma mulher séria. Trocou Tony por Tony…
Dois meses depois já viviam juntos.
Foi tudo normal. Não me vou alongar muito sobre o assunto.
Trinta e três anos depois e três filhos. Episódios bonitos e outros nem tanto – igual a tantas vidas, como gosta de dizer. Valeu a pena?
É claro que valeu a pena. É mais do que claro que valeu a pena. Nem que seja por tudo o que fizemos juntos e o melhor que fizemos juntos foi termos tido três filhos maravilhosos, graças a Deus. Como pai, sou, sem dúvida… Dou-lhe um exemplo – cheguei aqui, para esta entrevista, e vieram logo falar-me dos meus filhos, as pessoas daqui, que os conheciam: “São boa gente”. Claro que isto é, por mais que goste de muita coisa na vida, o que está em primeiro, segundo, terceiro, décimo lugar: os meus três filhos. Claro que valeu a pena.
«Quero paz à minha volta e que possa trabalhar; e que os filhos façam igual e que a Fernanda faça igual»
A Fernanda continua a ser, hoje, a mulher da sua vida?
Não vou falar da Fernanda.
A primeira canção que conhecemos do seu novo disco é Não Te Vou mentir.
Sim.
«Dava tudo para saber da tua vida / Como são as tuas noites e os teus dias / Sem eu estar aí / Se esqueceste o que eu não esqueci / Ou se vives como eu só para lembrar»… São versos para a Fernanda?
Há 14 anos gravei “Porque eu morro / Se passa um dia só e não te vejo” [refrão da canção Se Acordo E Tu Não Estás]. Se a gravasse agora, estava a fazer-me a mesma pergunta. As canções são as canções e são as nossas histórias. As minhas e as de qualquer pessoa. Não podemos ir por aí. Com aquilo que estou a viver neste momento – e vai ser a minha última resposta em relação à minha vida pessoal –, é claro que quem quiser fazer essa ligação vai fazê-la com 70 por cento deste disco. Canto as canções que canto e as pessoas se quiserem fazer essas comparações… Não gosto de canções com poesia abstrata. Gosto que percebam logo a história.
É legítimo que as pessoas achem que são coincidências de mais, entre esta letra e o momento por que está a passar?
Claro que sim!
Por que motivo não quer responder a questões da sua vida?
Porque quero paz à minha volta. No âmbito pessoal, quero paz à minha volta – e isto agradeço-lhe que escreva: quero paz à minha volta e claro que sei que qualquer coisa que eu possa dizer vai logo alimentar… não quero!
[…]
Quero paz à minha volta e que possa trabalhar; e que os filhos façam igual e que a Fernanda faça igual. Quero ter uma vida sossegada. Tranquila. Por isso é que evito responder. Porque as respostas depois são interpretadas de formas diferentes. Ou posso até não explicar bem o que sinto. Então, prefiro evitar esses assuntos, nada mais.
Voltemos ainda mais atrás no tempo. Como era a voz do seu avô António?
Hum, hum… Não me lembro. Tinha seis anos quando ele morreu. Lembro-me do olhar dele. Da barba dele, de quatro, cinco dias. Da forma de ele caminhar. Da brutalidade dele, no bom sentido.
Consta por lá, no Armadouro, onde nasceu, que poucas pessoas gostavam dele.
É o que consta, mas eu adorava-o. Claro que fiz dele… [emocionado] fiz dele… o meu James Dean, o meu herói. Se estivesse vivo, não sei que imagem teria dele. Quando as pessoas vão embora de uma forma radical, acabamos por idolatrá-las de forma quase anormal, à Fellini [cineasta italiano]. E é esta a minha relação com o meu avô.
De admiração profunda.
Sim. Tenho pena que ele não tenha visto isto, não sei o que teria para me dizer…
«A figura paterna [de Tony] era o meu avô»
Era o que ia perguntar-lhe.
Não sei. Isso é complicado.
O que acha?
Acho que ele era capaz de achar piada, ver o neto… Ele era vaidoso.
É dele que vem a sua primeira figura paterna, porque o seu pai emigrou dias depois do seu nascimento, a 30 de dezembro de 1963, e só vos visitava uma vez por ano.
Sim, a figura paterna era o meu avô, era.
Foi duro perdê-lo aos seis anos?
Foi, porque era uma criança e não percebi. Ainda me lembro bem – no funeral dele estava a chover, isto nunca me saiu da cabeça. Só há uma fotografia dele…
… a que está no seu livro?
… sim, sim; claro que acabei por construir dele uma imagem…, por ter sido assim, por ter acontecido assim…
Ainda costuma fazer à Sara a brincadeira que o seu avô lhe fazia – esfregar a barba de três dias no rosto dela?
Não! Ela é uma princesa. Não se faz isso a uma princesa… [risos]
Se não o faz, já o fez…
Já não me lembro. [risos] Já me esqueci. Fiz-lhe uma vez ou outra, na brincadeira. São momentos que ficam…
Veja se conhece esta canção – «Cheia de penas me deito [interrompe: “conheço”] / E com mais penas me levanto / Já me ficou no meu peito / O jeito de te querer tanto / Tenho por meu desespero / Dentro de mim o castigo / Eu digo que não te quero / E de noite sonho contigo.» Conhece?
Claro que sim. Lágrima, da Amália.
É a canção que tocava na primeira vez que ouviu rádio, em casa dos seus tios, no Armadouro.
Sim.
Prometeu gravá-la e ainda não o fez.
Mas ainda vou gravá-la.
Comprou o tal rádio ao seu tio. Onde é que o tem?
Está em Paris.
Comprou-o por quanto?
[hesita] Ele deu-mo. Ofereceu-mo.
Seria capaz de o vender?
Jamais. Há coisas que não se vendem.
«O meu pai fazia questão de que as nossas vidas viessem a passar pelo trabalho e não pelos estudos»
Trabalhou pela primeira vez aos 13 anos, nas férias, na fábrica de enchidos onde a sua mãe e o seu irmão já trabalhavam. Sentiu-se um homenzinho?
Não. O meu pai fazia questão de que as nossas vidas – a minha e a dos meus irmãos – viessem a passar pelo trabalho e não pelos estudos, e portanto quanto mais cedo ele conseguiu, melhor.
O Tony nem teve voto. Teve de aceitar.
Não tinha voto na matéria. Era uma democracia musculada.
Um ano depois, tem aulas de guitarra. O seu pai encomendou uma guitarra a um marceneiro de Pampilhosa da Serra.
Sim, sim.
O que é feito dessa guitarra?
Perdi-a. Já não a tenho. Gostava de a ter, mas perdi-a. Tenho muita pena. Ficou por algum sítio.
É ainda com essa guitarra que deixa crescer o cabelo – para imitar a tal estrela pop israelita Mike Brant, seu ídolo, que viu na televisão quando chegou a Paris – e que começa a ter algum sucesso com as miúdas. Passava mais tempo nos relvados da escola a dar-lhes música do que a estudar.
É muito bom quando descobrimos muito cedo aquilo que gostamos de fazer. E na adolescência já o sabia. É maravilhoso porque passei a adolescência toda a alimentar esse sonho, de cá de dentro. É brutal.
Impossível de conter.
É. E a garra com que vivemos! Tudo era uma alegria. A primeira guitarra, os primeiros acordes, os primeiros bailaricos… Para mim, aquilo tinha a importância de um concerto dos U2 em Alvalade, com 30 pessoas na sala. Foram dos anos mais bonitos da minha vida, entre os 15 e os 20 e poucos.
«Começava à segunda-feira [a trabalhar numa fábrica de enchidos] e era rezar para o tempo passar depressa»
Mas ao mesmo tempo trabalhava numa fábrica de enchidos. A sua mãe confessou-lhe mais tarde que não conteve as lágrimas ao vê-lo de botas até às virilhas e avental ensanguentado, vergado sob o peso das peças de carne.
Tinha de ser, não havia remédio. Mas havia quem levasse aquilo com leveza, porque…
… eram resignados.
… e não só. Todos nós somos diferentes em termos de ambição. E não somos menos ou mais felizes por isso… Aquilo para mim tinha uma mais-valia – todos os fins de semana fazia o que mais gostava: cantar. A semana era um bocadinho seca. Começava à segunda-feira e era rezar para o tempo passar depressa.
Pairava em si o receio de que o trabalho na fábrica pudesse ser definitivo?
Claro. De vez em quando lá vinha à cabeça essa ideia de que aquilo pudesse ser para sempre. Podia ter sido… Mas não foi.
Como é que costuma passar os momentos em que está sozinho?
Ultimamente, vejo muitos filmes. [risos] Ando a ver filmes à brava!
Gosta de cozinhar.
É uma das minhas grandes paixões.
Nem que seja só para si?
Ninguém cozinha só para si. O amor e a cozinha são coisas que têm de ser partilhadas. Mas nos últimos tempos não tenho cozinhado. Tenho tido muito trabalho, graças a Deus. Mas acontece. Ainda há pouco tempo cozinhei para os dois filhos, tanto em Paris como aqui. Mas não tenho tido tempo para cozinhar.
Cozinha bem?
Ah, eu, como sou um bocado gabarolas, digo já que sim!
Que pratos mais lhe elogiam?
Dizem que faço uma grande sopa da pedra.
Como é que se faz?
O segredo está na cebola. Põe-se muita cebola, que é isso que faz o caldo. Em conjunto com o feijão, muita cebola para triturar com coentros, alho. Cozem-se as carnes à parte e depois mistura-se tudo lá dentro. Vou lançar um dia destes um livro de culinária.
Vai mesmo?
Estou a falar a sério. Apetece-me.
Fez 54 anos a 30 de dezembro.
Também não gosto de festejar aniversários. Não acho piada nenhuma. Como também não acho piada ao Dia dos Namorados.
Isso vindo de um cantor romântico…
Dá-me muito mais prazer oferecer uma prenda num dia em que realmente eu sinto que gosto muito daquela pessoa do que estar à espera de uma data no calendário, que me obriga… Se não dou a prenda naquele dia fico mal na fotografia e isso é horrível.
A vida celebra-se sem datas impostas.
Quando realmente sentimos alguma coisa por alguém naquele momento, é naquele momento. A única data à qual dou um valor enorme é o Natal. É uma festa linda. O espírito em si. O resto não me diz nada.
Com a perspetiva de quem conhece vários países, como vê a situação de Portugal?
Entristece-me muito. Como é que se pede às pessoas os sacrifícios que se têm pedido nos últimos anos? E continuamos a ver tanta gente a roubar… Incomoda-me profundamente. E não roubam aos três mil euros, é aos cem mil…
Três mil seria apenas ‘carteirismo’.
[risos] E depois entramos numa mentalidade – “pronto, olha, é mais um, é normal”. Incomoda-me profundamente. Ainda bem que o povo português se mantém calmo porque não sou a favor da violência…
«O meu ideal de política diria que passa por isto: não se pode enfraquecer os homens que dão emprego, mas também não se pode roubar quem trabalha»
A Justiça está por estes dias a investigar e a chamar pessoas poderosas. Será que a sociedade está a dar sinais de maturidade?
Sim, mas depois vem sempre outro escândalo e ficamos sem saber muito bem como é que fica o anterior. E não me parece nada justo, de um lado tanta gente a enganar e a roubar e do outro, para colmatar esses buracos, vender aquilo que deve ser essencial para um país – a EDP, a TAP, os Correios, as Águas. Vendem tudo para tapar os buracos que alguns cavaram. É de uma injustiça tremenda!
Tem amigos na política?
Não.
Posiciona-se à Esquerda ou à Direita?
Não tenho ideais de política. Considero-os todos fracos.
Fracos os ideais ou os políticos?
O meu ideal de política diria que passa por isto: não se pode enfraquecer os homens que dão emprego, mas também não se pode roubar quem trabalha. Tem de haver equilíbrio.
Tem cor política?
Não, porque simplesmente não houve ninguém que me tenha convencido até hoje. O que temos verificado é que a cor política muda, mas o filme é sempre o mesmo. Não estou a condenar seja quem for, mas veja-se… Concretamente, tem-se feito muito mal ao povo.
Alguma vez cortou relações com alguém?
Sim, como todos nós.
Há relações que se cortam para sempre?
«Para sempre» é uma expressão complicada. Pode acontecer, mas ninguém pode dizer “isto é para sempre”. Não sabemos… Mas por vezes pode acontecer uma relação ser cortada para sempre.
Custa.
Claro que custa sempre porque quando há um corte ninguém é dono da verdade… As versões são sempre importantes de um lado e de outro. E, claro, cada um vê as coisas com um olhar diferente… É o que acontece…
«Continuo a ser a mesma pessoa. A essência continua a ser a mesma. Em tudo – nos receios, nos medos, nas alegrias»
Que diferenças há entre o Tony de há 30 anos e o de hoje?
Não há uma grande diferença. Continuo a ser a mesma pessoa. A essência continua a ser a mesma. Em tudo – nos receios, nos medos, nas alegrias. Sim, continuo a ser o mesmo.
O percurso não moldou o António, seu nome verdadeiro? Não o tornou em alguém diferente, talvez mais desconfiado? Distante, indiferente?
Não. Pelo contrário. Acho eu – embora continue a haver coisas sobre as quais não tenho certezas absolutas…
… algum dia temos certezas absolutas?
… pois, acho que nunca; não sei; mas vamos limando as coisas.
Então, o que limou?
Os homens ficam mais sensíveis com o passar do tempo. Bom, o meu percurso de sucesso não me mudou em absolutamente nada. Em nada, se é esse o fundo da sua pergunta. Talvez até, ao contrário do que é o fundo da pergunta, tenha feito de mim uma pessoa melhor; eu acho.
Melhor em que aspeto?
Mais sensível a muitas coisas, mais próximo das pessoas – eu acho que sim –, mais calmo.
É essa a história que conta no seu novo disco, Sempre? Os seus discos refletem sempre as fases da sua vida?
Sim…
Os reflexos das vivências…
Sim, porque um disco que se grava hoje será diferente do que o que virei gravar daqui a um ano. As canções não seriam as mesmas, o todo… Algumas, sim. Por exemplo, neste disco há duas canções feitas há uns três anos.
Originais, mas que farão sentido agora…
Sim. Claro que os discos são sempre o reflexo do que a gente está a sentir naquele momento; não é só isso, mas claro que há ali uma marca do momento.
Os três sonhos que Tony Carreira tem por cumprir
Quando vai à aldeia onde nasceu, Armadouro, ainda se sente em casa?
Já passei por muitos sítios e tenho um enorme amor e carinho pela minha terra. Principalmente pelo cheiro daquela região, do pinhal. Gosto de ir lá, mas sempre por pouco tempo…
Por que é tem de ser por pouco tempo?
Gosto de ir pouco tempo a qualquer sítio. Não gosto de ficar muito tempo no mesmo sítio. Por isso é que não me lembro de tirar sequer 15 dias de férias, porque fico stressado.
É irrequieto?
Sou. Não pareço, mas sou. E portanto a minha terra é a minha terra – e é muito importante a gente ter uma terra –, mas a minha casa é Lisboa. A minha cidade é Lisboa. Vou a Paris e aquela cidade é sem dúvida a cidade luz, maravilhosa, mas a minha cidade é Lisboa.
Essa paixão aconteceu quando?
Há mais ou menos uns 15 anos. Apaixonei-me há uns 15 anos.
Por alguma razão específica?
Não. No início, quando venho de Paris para Portugal, por causa do trabalho, venho para Lisboa – vinha cá com muita frequência, apesar de viver em Paris, por causa da rádio, da televisão, já tinha discos de ouro – e apaixonei-me.
Adotou a cidade.
Sim.
Continua a ter sonhos por cumprir?
Tenho, e são essencialmente três: saúde, e nunca sofrer até ao dia em que morra; espero ver os meus filhos e todos aqueles que eu amo bem; e espero continuar a cantar enquanto Deus quiser.
Até que a voz lhe doa?
Até que a voz me doa.
Texto: Luís Martins | WIN
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