Açúcares adicionados diminuem a capacidade antioxidante na diabetes

Um estudo coordenado por um investigador da Universidade de Coimbra concluiu que os açúcares adicionados diminuem a capacidade antioxidante na diabetes tipo 2, comparativamente aos naturalmente presentes em sumos de fruta.

Açúcares adicionados diminuem a capacidade antioxidante na diabetes

O estudo coordenado por Paulo Matafome avaliou o impacto na diabetes tipo 2 dos açúcares naturalmente presentes em sumos de fruta e dos adicionados. No âmbito desta investigação, foram analisados determinados parâmetros, nomeadamente o stress oxidativo, a glicação (processo que leva à perda da função das proteínas e altera a elasticidade dos tecidos, como sejam vasos sanguíneos, pele e rim), o metabolismo da glicose e o balanço energético, “processos que ocorrem naturalmente, mas que, quando desregulados, estão implicados no desenvolvimento da diabetes tipo 2, tipo de diabetes normalmente associada a uma alimentação desequilibrada ou falta de exercício físico”, refere a UC.

O estudo realizado a ratos diabéticos procurou determinar os níveis de glicemia imediatamente após a ingestão de diferentes sumos de fruta e de soluções açucaradas com quantidade e perfil semelhantes de açúcares. “Uma das conclusões aponta para o facto de as soluções açucaradas causarem um maior aumento da glicemia e diminuírem a capacidade antioxidante total dos glóbulos vermelhos nesse período, quando comparado com sumos de fruta (que apenas contêm açucares naturalmente presentes)”, explicita a UC.

O impacto do consumo crónico de sumos de fruta e de um volume equivalente de soluções açucaradas no metabolismo permitiu perceber que, “ao contrário dos sumos (sem adição de açúcares), as soluções açucaradas aumentaram a glicemia, mas tiveram impacto moderado nos marcadores de stress oxidativo e glicação, marcadores usados para avaliar a lesão dos tecidos”. Outras das conclusões demonstrou que o consumo sem restrições de bebidas açucaradas “levou a uma desregulação do balanço energético e a uma maior ingestão calórica em comparação com os sumos de fruta quando administrados também sem restrições”.

De acordo com o estudo, os animais com acesso livre a bebidas açucaradas apresentaram aumento do peso corporal e glicemia em jejum e ainda aumento do stress oxidativo e glicação em vários tecidos. “Os alimentos com açúcares naturalmente presentes têm outros compostos na sua constituição que, em muitos casos, regulam a digestão, absorção e captação celular dos açúcares; tal não se verifica no caso de matrizes simples com açúcares adicionados, como a que serviu de comparação com os sumos no presente estudo”, diz Paulo Matafome. “Estes açúcares [adicionados] estão mais expostos a reações que os convertem em compostos tóxicos, alguns deles associados às complicações da diabetes”, conclui.

O consumo crescente das chamadas dietas ocidentais, com quantidades elevadas de alimentos e bebidas ricas em açúcar e gordura, mas pobres em micronutrientes e fitoquímicos, está associado a um maior risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2, com grande impacto na sociedade, quer do ponto de vista da saúde, quer do ponto de vista económico. A Organização Mundial de Saúde (WHO) definiu açúcares livres como aqueles que são adicionados ou estão naturalmente presentes em determinados alimentos, onde se incluem os sumos de fruta e estabeleceu o limite do seu consumo em crianças e adultos como 5-10% do consumo energético diário. Este estudo independente contou com o apoio da SUMOL+COMPAL, uma das principais empresas portuguesas de bebidas de sumo de fruta.

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