Há uma cidade brasileira entre as 10 mais violentas da América Latina
Uma cidade brasileira está entre as dez mais violentas da América Latina, onde a taxa de homicídios é das mais elevadas do mundo. Todas as outras são mexicanas.
Todos os anos, o Conselho Cidadão de Segurança Pública e Justiça Criminal, organização não governamental mexicana, publica um estudo sobre as cidades mais violentas do mundo. De acordo com o novo relatório divulgado este mês, várias cidades localizadas no México estão localizadas nas primeiras posições deste ranking, registando as maiores taxas de homicídios da América Latina e do mundo, em 2021. A cidade brasileira Feira de Santana surge como a 10.ª mais violenta da América Latina e a 12.ª mais violenta do mundo, com 61,21 homicídios por 100 mil habitantes.
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Zamora, a terceira maior cidade do estado de Michoacán, lidera a lista com quase 197 homicídios perpetrados por 100 mil habitantes. Segue-se Ciudad Obregón, localizada no sul de Sonora, onde são registados cerca de 156 assassinatos para cada 100 mil pessoas. Zacatecas, capital do estado homónimo, no centro-norte do México, está em terceiro lugar, com uma taxa de 107,5 homicídios.
Do total de cidades com mais de 300 mil habitantes com as maiores taxas de homicídio do mundo analisadas no relatório, nenhuma regista mais crimes deste tipo do que as oito primeiras cidades mexicanas incluídas no gráfico abaixo. Dos doze municípios com as maiores taxas de homicídios da América Latina e das Caraíbas, apenas três estão localizados fora do México. É o caso de Kingston, capital da Jamaica, onde pelo menos 64 pessoas foram assassinadas por 100 mil habitantes em 2021, assim como Feira de Santana, cidade do estado da Bahia no Brasil, e Buenaventura, principal cidade-porto da Jamaica.
Feira de Santana não é, porém, a única cidade brasileira na lista 50 mais violentas do mundo. Neste ranking, aliás, uma em cada cinco cidades estão no Brasil: Feira de Santana (12.ª cidade mais violenta do mundo), Mossoró (20), Manaus (27), Salvador (28), Fortaleza (29), Nata (33), Recife (38), Teresinha (41), Caruaru (43) e e Macapá (49).
Desigualdade e sentimento de impunidade explicam altos níveis de violência no Brasil
A “desigualdade social muito grande” no Brasil é, para o filósofo e neutrocientista Fabiano de Abreu Rodrigues, o ponto de partida para a explicação das altas taxas de homicídio no Brasil. “É um país com muita riqueza, com grandes possibilidades para ganhar dinheiro para quem sabe como ganhá-lo. Essa diferença social leva o indivíduo a ver o outro como alguém que queria ser, pensando que o outro tem uma vida que ele próprio queria ter.” Por outro lado, explica, “há também uma cultura do ‘malandro’ em certas regiões, onde a corrupção se tornou em algo banal, que se estende desde os políticos ao simples cidadão, claro, embora não possa generalizar-se”. “A ausência de Educação nas regiões mais pobres sugere igualmente atos violentos, já que a falta de conhecimento pode refletir-se em atitudes erradas.” Fabiano de Abreu Rodrigues explica que “a violência no Brasil é um fator histórico, que começou no momento em que a monarquia foi derrubada”. “O próprio rei foi enganado pela ambição dos que o queriam tirar do ‘poder’.
“Também há a maneira como se desenvolveram as favelas, desde o fim da escravidão, e que foram aumentando porque os governos não criaram ações para a sociedade da comunidade, beneficiando da falta de conhecimento desses moradores para angariarem votos. A ausência de Educação, de Estudo, leva a que a pessoa não desenvolva o cérebro para a tomada de decisões e de opções para melhores escolhas”, explica. Isto leva os indivíduos a “procurarem formas fáceis de recompensa, pela falta de competência de consegui-la de maneira honesta.” Esta condição acaba por “ser passada de geração em geração, formatando então uma comunidade violenta, narcisista, que pensa que nunca terá consequências” e que “quando elas existirem, dá-se um ‘jeito’ [consegue-se forma de se escapar]”, conclui o neurocientista.
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