A guerra russa na Ucrânia teve repercussões imediatas nos mercados globais de alimentos, devido ao papel dos países como grandes exportadores de produtos agrícolas essenciais, como trigo, óleo de girassol, cevada e milho, além de afetar alimentos perecíveis como fruta e legumes. Como mostram os dados da FAO, o preço dos alimentos básicos subiu desde a invasão da Ucrânia [gráfico no final desta notícia], depois de já ter seguido uma tendência de alta desde 2020 ao longo da pandemia de covid-19.

No passado, aumentos semelhantes no preço dos alimentos levaram a distúrbios, principalmente nos países em desenvolvimento, e até coincidiram com a Primavera Árabe em 2011, quando as populações do norte da África e do Médio Oriente se revoltaram contra os regimes opressivos. O nível atual dos preços dos alimentos está até a superar os picos observados em 2011 e em 2008, quando alimentos e outros bens de consumo aumentaram dramaticamente, causando distúrbios em vários países africanos, bem como no Bangladesh, no Haiti, na Indonésia e no Iémen. O início da crise financeira global, contudo, acabou por coincidir com o fim do aumento dos preços naqueles anos.

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Na situação atual, a Human Rights Watch alertou sobre o facto de a crise alimentar poder atingir de novo o norte de África e o Médio Oriente, já que vários países da região são grandes importadores de produtos alimentares russos ou ucranianos. De acordo com o professor de economia da Universidade de Cornell Chris Barrett, o potencial de agitação é novamente superior ao normal. No início de março, protestos contra os preços dos alimentos já começaram a ocorrer no Iraque.

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