Como negociar um aumento salarial em 5 passos

A vida está mais cara e, se é um colaborador que traz valor à empresa, o momento não poderia ser melhor para negociar um aumento salarial.

Como negociar um aumento salarial em 5 passos

Numa conjuntura económica que regista a mais alta taxa de inflação desde há 30 anos, situação técnica de pleno emprego caracterizada por uma acentuada assimetria entre oferta e procura de talento, é natural que as expetativas salariais dos profissionais aumentem. Se é um colaborador que traz valor à sua empresa, o momento não poderia ser melhor para negociar um aumento salarial. Aproveite as competências internas da Adecco Portugal para descobrir como pode negociar com sucesso o seu próximo aumento.

Decida qual o aumento de salário que pretende

Antes de abordar o assunto de um aumento com o líder de equipa, saiba o que quer. Se quer mais dinheiro, decida quanto quer. Se quiser um novo título, tenha em mente o que pode ser mais adequado para a sua carreira. Se quiser maior flexibilidade, decida qual a proposta viável que seja compatível com o segmento de negócio em que se insere, que não prejudique nem a produtividade nem o seu work | life balance. Para encontrar o aumento salarial desejado, utilize dados relevantes! Não solicite um aumento de 5% ou 10% com base num sentimento instintivo de que isso é o quanto merece.

Como identificar esse número ‘mágico’? Siga estes passos

1 – Pesquise entre pares a remuneração média de profissionais com cargos similares

A pesquisa mais imediata que poderá fazer será consultar os seus pares: ex-colegas de formação, profissionais com quem tenha estado em conferências, ações de requalificação, ou através de grupos nas redes sociais ligado a determinado ramo profissional. Pode desde logo obter informações sobre a média dos ordenados que estão a ser praticados. É importante falar em números líquidos e ilíquidos: um salário bruto está sujeito a descontos, nomeadamente Segurança Social e IRS, que variam de escalão em função do valor acordado, pelo que o salário líquido que recebe será sempre correspondente ao valor após dedução dos impostos em vigor. Para aferir o valor líquido do seu salário ideal, pode recorrer ao simulador de vencimento da Adecco Portugal: é um recurso online gratuito que lhe dá em segundos o valor líquido final correspondente ao salário que poderá auferir, bem como o valor dos descontos que lhe são deduzidos.

2 – Decida sobre qual a faixa de salário que o satisfaz

Digamos que o salário médio anual mais justo para o seu título de emprego, nível de experiência e localização se situa entre os 20 e os 30 mil euros brutos/ano. De um modo geral, desejará apontar para o topo (80-100%) dessa faixa. Neste caso, isso significaria que 24 a 30 mil euros preencheria as expetativas de aumento salarial.
A regra dos 80-100% não é difícil. A chave da decisão é certificar-se de que se contentaria em receber um valor inferior ao seu intervalo de expetativas. Por outras palavras, a parte inferior do seu intervalo de objetivo é o aumento mínimo de salário que aceitaria. Se após múltiplas tentativas de negociação, o resultado ainda for o fundo do intervalo de variação solicitado, sentir-se-á feliz? É uma decisão pessoal que tem que ser colocada em perspetiva tendo em conta os seus objetivos e se, dentro da negociação a proposta final pode ser complementada com outros benefícios que lhe tragam valor.

O pior que pode acontecer é receber um ‘não’

3 – Decida sobre um valor exato do salário

Agora que conhece o seu intervalo de objetivo, é altura de decidir sobre o valor exato que vai utilizar para fazer o pedido de aumento salarial inicial e abrir a porta às negociações. Mais uma vez, é uma boa ideia começar pelo valor mais alto. Porquê? Deve assumir que as suas lideranças lhe vão contrapropor uma proposta de valor inferior. Se lhe concederem imediatamente o aumento proposto – Parabéns! No entanto, é provável que proponham um número mais baixo, altura em que terá de decidir se vai aceitar, ou não, a contraoferta de volta. Dica de negociação: números precisos (em oposição aos números redondos) poderão dar-lhe uma vantagem nas negociações. Significa que fez uma pesquisa detalhada e atenta antes da negociação. Assim, em vez de pedir 30 mil euros/ano, poderá propor 30.350 euros/ano. Vale a pena tentar.

4 – Prepare argumentos convincentes para justificar o aumento salarial

Embora a assimetria entre procura e oferta no mercado de trabalho possa funcionar a seu favor como candidato a um aumento, não é sensato depender inteiramente da conjuntura de mercado. Uma parte essencial do pedido de aumento é demonstrar (usar métricas e/ou exemplos claros) o valor que trouxe para a sua empresa no tempo em que lá trabalhou. Idealizou uma solução interna que evitou à empresa ter que recorrer a um fornecedor externo? Quanto poupou à empresa? Será que um projeto seu recente aumentou as receitas, criou novas eficiências ou gerou pistas? Realce os frutos do seu trabalho com números concretos para quantificar o que traz para a mesa. Tal não é possível em todos os casos, mas há sempre formas de medir o impacto que determinadas iniciativas têm numa organização.

5 – PEÇA, mas PEÇA mesmo o aumento!

O pior que pode acontecer perante um pedido fundamentado de aumento salarial é responderem-lhe “Não”. Claro que este não é o cenário ideal, mas no mínimo, se acontecer, a liderança vai ficar a saber que não está satisfeito com o seu salário. A empresa pode até nem ter reunidas as condições para lhe dar um aumento nesse mês, mas provavelmente ficará no primeiro lugar da fila dos aumentos quando houver possibilidades para tal ou oferecer outro tipo de incentivos que demonstrem que reconhecem o seu valor.

Acima de tudo, tenha confiança no seu valor e permaneça profissional. Se lhe aparecerem ofertas muito baixas, não tenha nunca receio de propor uma contraoferta que lhe pareça justa e em linha com as possibilidades da empresa: é isto que define uma negociação. Ao mesmo tempo, tente não se tornar tão inflexível sobre o seu aumento salarial alvo que não consiga apreciar uma oferta altamente competitiva se a receber. Em última análise, só você pode decidir quando aceitar e quando recuar.

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