Quanto custa ao Afeganistão proibir as meninas de irem à escola
Privar crianças do sexo feminino do acesso à Educação custa ao Afeganistão, pouco mais de um ano depois de os talibã terem assumido o poder, 5,39 mil milhões de euros por ano.
Passou pouco mais de um ano desde que os talibã assumiram o controlo de Cabul, restabelecendo no Afeganistão as leis que restringem os direitos das mulheres, incluindo afastar as meninas com mais de 12 anos das escolas, impedindo-as do acesso à Educação. Embora o custo para as liberdades e meios de subsistência dos indivíduos seja imenso, acontece o mesmo com as implicações financeiras para o país como um todo.
A UNICEF divulgou estimativas de que o país perderá uma contribuição de 5,39 mil milhões de euros anuais para a economia como resultado de impedir as crianças de sexo feminino de frequentarem o ensino médio no Afeganistão – o equivalente a 2,5% do PIB do país. O órgão da ONU alerta por isso o governo de que ao impedir que as jovens de concluírem os estudos está a reduzir as possibilidades de ingresso da futura geração no mercado de trabalho.
De acordo com o último relatório, cada ano de educação equivale a um aumento salarial de 3,9%, mas que cresce para 4,7% para os que concluam o ensino superior. O governo talibã justifica que o encerramento das escolas é “temporário”, até que “um novo plano de implantação alinhado com a lei islâmica e a cultura afegã” esteja concluído, podia ler-se numa nota da agência de notícias Bakhtar, controlada pelo governo.
As escolas reabriram por um brevíssimo período, em março deste ano, mas foram fecharam poucas horas depois. O país atingiu níveis baixos de apenas 6% de meninas matriculadas no ensino médio quando os talibã assumiram o controlo de Cabul pela última vez, entre 1996 e 2001, segundo o Banco Mundial. Desde então, esse número cresceu de forma constante – ao longo de quase duas décadas – e atingiu cerca de 40%, em 2018. O governo diz porém que, desta vez, meninas e mulheres “terão oportunidades de educação e emprego“, embora com estudantes femininos e masculinos segregados.
Apesar das restrições, alguns alunos estão a encontrar formas de continuar os estudos. De acordo com um relatório do The Telegraph, cerca de 300 escolas secretas estão a operar no país, educando milhares de meninas.
Statista
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