Pandemia provocou stress grave em gatos: saiba como ajudá-los
Embora alguns animais de companhia possam ter gostado de terem os donos mais tempo com eles, alguns gatos estão muito pouco apaixonados por estas mudanças na rotina.
Quem tem animais de estimação, provavelmente gostou da sua companhia no auge da pandemia, já que eles não são bons apenas para a nossa saúde física, mas também beneficiam o nosso bem-estar mental. Na verdade, podem até ter representado um importante papel na forma como lidámos com problemas de saúde mental alimentados pela pandemia. Os benefícios dos animais de companhia na pandemia, porém, são uma área emergente de estudo, não podendo, por enquanto, haver afirmações categóricas sobre os impactos na saúde humana.
Uma pesquisa recente, contudo, sugere que ter de cuidar de um animal de estimação durante a pandemia pode realmente ter comprometido a nossa qualidade de vida – incluindo o quão satisfeitos estamos com a nossa saúde, o nosso estilo de vida e os nossos relacionamentos. A maneira como interagimos com os nossos animais de companhia e como escolhemos lidar com eles pode, inadvertidamente, causar stress. Embora alguns animais possam ter gostado de os donos passarem muito mais tempo com eles do que o normal, há relatos de que alguns gatos estão muito pouco apaixonados por estas mudanças na rotina – chegando inclusive a ficar doentes devido à presença constante dos donos. A questão que hoje se coloca é saber o que fazer para minimizar o mal-estar dos seus animais.
Os gatos são afetuosos mas independentes
Os menos apaixonados por gatos domésticos podem vê-los como ligeiramente indiferentes, frios ou calculistas. Tem-se a ideia de que eles estão menos interessados em nós – ou cientes dos nossos sentimentos – em comparação com os cães, por exemplo. Mas os gatos são realmente capazes de ser altamente sociáveis com os humanos do que muitas pessoas acreditam. Os gatos são capazes de reconhecer os próprios nomes e são sensíveis às expressões emocionais dos donos. Também podem ser afetados negativamente pela nossa personalidade. Donos ansiosos e deprimidos provocam mais stress nos seus gatos.
Além do mais, os gatos dominaram a subtil arte da manipulação humana. Sabem que determinado ronronar ou mio leva o dono a achar que eles estão a ‘chorar’. Os cientistas julgam que esta manipulação – particularmente o ronronar – acciona os nossos instintos de cuidadores, tal e qual como os nossos filhos bebés. Na verdade, os gatos são capazes de produzir uma ampla gama de vocalizações para se expressarem, ainda que não os entendamos.
Infância é fundamental para educá-los
Embora possam desenvolver relacionamentos positivos com os humanos, os gatos não nascem com o desejo inato pela companhia humana e é na sua infância e juventude que os podemos levar a esse hábito. Enquanto adultos, alguns gatos são muito mais sociáveis do que outros, mas todos preferem pessoas que lhes permitam ditar a natureza das interações. Não acariciá-los em demasia pode aumentar os níveis de afeto dos gatos e , inclusive, reduzir a agressividade – fatores que, nos humanos, é bastante diferente, já que nós usamos o toque (como abraços) para fortalecer as nossas relações.
Os humanos tendem também a procurar o apoio de outras pessoas quando estão mais stressados ou indispostos, mas os gatos preferem esconder-se para ficarem sozinhos. Os gatos sofrem também mais de stress quando são expostos a rotinas ou manuseamentos constantes e, principalmente, imprevisíveis. Por norma, os gatos valorizam a autonomia própria e poder evitar livremente aquilo que consideram desagradável.
Como parar o stress nos felinos
O aumento dos níveis de stress de alguns gatos durante a pandemia deveu-se muito provavelmente devido às interrupções da sua paz diária. Ao ficarmos mais em casa, provavelmente criámos um ambiente muito mais ocupado e caótico do que aquele a que eles se habituaram. De resto, como já se provou, esbanjar atenção nos gatos pode mesmo levá-los a ficarem ainda mais stressados. Uma vez que eles podem reconhecer as emoções humanas, os nossos níveis elevados de stress e o desejo de passarmos mais tempo a interagir com eles pioraram as coisas. Algumas pessoas podem também ter feito outras mudanças durante a pandemia: redecorar a casa, ter um filho ou até mesmo outro animal de estimação.
O que podemos fazer para ajudar os gatos a ficarem menos stressados
– Forneça-lhes uma rotina previsível. Sempre que possível, mantenha os horários das refeições, as brincadeiras e as interações com eles em momentos e ritmos certos;
– Proporcione-lhes uma área da casa silenciosa e não a invada a todo o momento. Quando eles estiverem nessa área, nunca os perturbe. Deixar que seja o seu gato a escolher quando deseja quer interagir consigo;
– Crie um ambiente enriquecedor. Para ajudar o seu gato a sentir-se seguro, forneça-lhe várias opções de esconderijo. Coloque a comida e a área dos dejetos em áreas distantes e silenciosas da casa. Dê-lhe brinquedos, armações de escalada, quebra-cabeças e plantas para ajudá-lo a manter-se fisica e mentalmente estimulado;
– Dê-lhe um tempo e um espaço e cumpra essa cedência escrupulosamente. Se o seu gato está a dormir, a descansar ou está feliz a fazer as suas próprias coisas, não perturbe o momento, nem sequer solicite a sua atenção.
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Ajuda para casos extremos
Manter o seu gato em boa forma física e garantir que ele esteja saudável ajuda a descartar quaisquer problemas com necessidade de intervenção veterinária. Se acha que o seu gato pode estar a sofrer de stress, é recomendável aconselhamento profissional de um veterinário e, posteriormente, de um especialista em comportamento felino. Com grande parte de nós a regressarmos aos nossos dias de normalidade, os nossos gatos estão, de novo, a enfrentar mudanças no seu ambiente. Todavia, descanse: os gatos lidam facilmente com o regresso das suas ausências desde que haja rotinas previsíveis e muito para que se entretenham sozinhos. Na verdade, muitos gatos provavelmente vão apreciar o regresso da paz e do sossego a que se habituaram antes da pandemia.
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