Estas são as profissões que o ChatGPT coloca em risco

O ChatGPT tem a capacidade de executar tarefas por escrito, de resumir textos e muitas outras coisas… em segundos. Como tal, há profissões que poderão ter os dias contados.

Estas são as profissões que o ChatGPT coloca em risco

A inteligência artificial (IA) já chegou e promete tornar várias profissões obsoletas. As capacidades desta ferramenta são tão promissores que a Microsoft — que acaba de demitir 10 mil funcionários – anunciou um “investimento plurianual e multimilionário” no ChatGPT, um robô virtual (chatbot) que responde a todo o tipo de perguntas, realiza tarefas por escrito, conversa de maneira fluida e inclusive dá conselhos sobre problemas pessoais. Assim, a ascensão das máquinas deixa muitos trabalhadores (bem pagos) em risco, alertam os especialistas.

“A IA está a substituir os trabalhadores de colarinho branco. Acho que ninguém pode impedir isso”, disse Pengcheng Shi, reitor do departamento de computação e ciências da informação do Instituto de Tecnologia, em declarações ao New York Post. Do setor financeiro aos cuidados de saúde, são vários os setores vulneráveis, explica Shi. Mas, à medida que a IA continua avançar a uma velocidade alucinante, acredita que os humanos irão aprender a aproveitar a tecnologia.

Publicação norte-americana apanhada a usar IA para escrever notícias

A Academia foi recentemente abalada pelas notícias de que o ChatGPT tinha tido notas mais altas do que muitos humanos num exame de MBA (mestrado) na Escola de Wharton, que faz parte da Universidade da Pensilvânia. Também um professor de filosofia na Universidade Furman apanhou um estudante a fazer batota num teste com esta ferramenta. Em declarações ao mesmo jornal, garante que a descoberta o deixou a sentir um “terror absoluto” pelo que acontecerá no futuro.

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Hick e muitos outros têm razão em estar preocupados, alerta Chinmay Hegde, professor associado de ciências da computação e engenharia eléctrica na Universidade de Nova Iorque. “Certos trabalhos em setores como o jornalismo, ensino superior, design gráfico e de software correm o risco de serem complementados por IA”, disse, que confessa que o ChatGPT é “muito, muito bom, mas não perfeito”. Fique com um olhar sobre alguns dos trabalhos mais vulneráveis à tecnologia de aprendizagem rápida e em constante evolução.

Educação

Atualmente, o ChatGPT “já pode facilmente dar aulas”, garante Shi. A ferramenta provavelmente seria mais eficaz no ensino médio e/ou secundário, acrescenta, já que essas aulas reforçam as habilidades já estabelecidas no ensino básico. “Embora tenha erros e imprecisões em termos de conhecimento, tal pode ser facilmente melhorado. Basicamente, só é preciso treinar o ChatGPT”, prossegue Shi. Quanto ao ensino superior, tanto Shi quanto Hegde sustentam que os cursos universitários precisarão de um líder humano no futuro próximo, mas o professor admite que, em teoria, a IA poderia ensinar sem supervisão. O cada vez mais talentoso ChatGPT pode, de acordo com Shi, concluir com sucesso o curso de um aluno de mestrado.

Finanças

Wall Street pode ter muitos empregos eliminados nos próximos anos caso estes bots continuem a ser aprimorados, aponta Shi. “Acho que [isso vai impactar] o lado comercial, mesmo em bancos de investimento. As pessoas [são] contratadas após a faculdade e passam dois, três anos a trabalhar como robôs em Excel. É possível ter IA que faça isso”, explica. “Muito, muito mais rápido”, acrescenta. Porém, decisões financeiras e económicas de suma importância serão – muito provavelmente – deixadas em mãos humanas.

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Jornalismo

No início do mês, descobriu-se que a publicação CNET estava a recorrer a um algoritmo de IA para escrever notícias. Dos 77 artigos escritos com recurso a esta ferramenta, 44 apresentavam algum tipo de incorreção, como gralhas ou erros. Antes, em 2020 também o The Guardian – de forma assumida – tentou esta façanha. Os resultados foram dúbios. Ainda assim, há um trabalho para o qual a tecnologia já é altamente qualificada, diz Hegde. “A edição de cópia é certamente algo em que faz um trabalho extremamente bom. Resumindo, tornando um artigo conciso e coisas desse tipo, faz certamente um trabalho muito bom”, disse, lembrando que o ChatGPT é excelente a criar títulos.

Uma grande deficiência – salvação para repórteres e revisores por enquanto – é a incapacidade da ferramenta de verificar os factos de forma eficiente. “Podes pedir que produza uma história com citações mas, na maioria das vezes, as citações são apenas inventadas”, continua Hegde. “Essa é uma falha conhecida do ChatGPT e, honestamente, não sabemos como corrigir isso.”

Foto: Shutterstock

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