Sol artificial chinês atinge 5 vezes a temperatura do Sol
Não sendo fácil, o caminho para a produção de energia vai prosseguindo. Na corrida de 35 países para a criação de energia inesgotável é a China quem está mais avançada ao anunciar ter criado um sol artificial.
A produção de energia não é fácil, mas os avanços são constantes. Cientistas de todo o mundo desenvolvem reatores de fusão nuclear e, desde 2010, 35 países integram o projeto ITER, um reator experimental capaz de produzir quantidades de energia limpa ímpares. Nesta corrida, no entanto, é a China quem se coloca na dianteira, depois de anunciar a criação de um sol artificial que atingiu cinco vezes a temperatura do Sol durante 17 minutos.
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Fusão nuclear e impacto na neutralidade carbónica
A fusão nuclear é um processo químico em que dois átomos se combinam para formar um maior. No Sol, quatro átomos de hidrogínio combinam-se para formar um átomo de hélio. Para funcionar, porém, são necessárias alta pressão e alta temperatura, uma vez que os núcleos são positivos e, naturalmente, sofrem repulsão. Como sequência, excesso de massa libertado na reação garante a formação do calor. O processo acontece com várias outras estrelas, podendo mesmo usar outros elementos químicos. Além disso, há duas vantagens no processo de fusão nuclear para produção de energia na Terra: menor risco do que a fissão nuclear (reatores como os usados em Chernobyl ou Fukushima) e a não emissão de gás carbónico.
O projeto do sol artificial chinês
Em 2006, o EAST – Experimental Advanced Superconducting Tokamak – produzia o primeiro plasma e, logo no ano seguinte, manteve-o por cinco segundos. Tokamak é um dispositivo em formato de centrifugação com adição de eletromagnetismo para a manutenção das partículas geradas no interior do compartimento. Ano após ano, o sol artificial chinês conquistou vários recordes consecutivos. Primeiro, os átomos perdem os seus eletrões para a formação do plasma. Na sequência, ao contrário do Sol, a fusão nuclear do sol artificial ocorre através da combinação de deutério e trítio (átomos leves), resultando em hélio (um átomo mais pesado). A vitória mais recente, em dezembro de 2021, a equipa do EAST manteve esse plasma por 1.056 segundos a uma temperatura superior a 70 milhões de graus Celsius (sendo a temperatura do Sol estimada em 15 milhões de graus Celsius).
A importância do projeto
Segundo os cientistas chineses, o novo recorde colabora também para o projeto ITER e com os seus membros, fornecendo explicações para otimizar a contenção do plasma. As últimas informações indicam um atraso na construção dos reatores ITER, uma vez que começaram apenas a ser produzidos em 2020 (dez anos após do início da organização das instalações). Além da baixa emissão de gases de efeito estufa, outra vantagem da fusão nuclear é a utilização de recursos quase ilimitados. Como o deutério, obtido pela destilação simples da água do mar, e o trítio, que se forma pela fusão de um neutrão com lítio. Por fim, e acordo com vários estudos, a energia obtida no processo de fusão é expressivamente maior do que a produzida por combustíveis fósseis, cerca de 4 milhões de vezes maior. A China está, portanto, cada vez mais próxima de atingir a neutralidade climática, que anunciou querer atingir em 2060.
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