Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento motor, cognitivo e sensorial de um bebé e, por isso, todos os estímulos são importantes para um crescimento saudável. Além de todas as ferramentas que os pais já têm atualmente – brinquedos adequados a cada idade, experiências que podem fazer com os filhos em casa ou no exterior, música, etc. – existe um espaço único e exclusivamente dedicado aos mais novos e que pode ser uma grande ajuda.

O ForBabiesBrain foi o primeiro Spa clínico para bebés a abrir em Portugal e na Europa, em 2006. A NOVA GENTE conversou com Clementina Almeida, a psicóloga responsável pelo espaço, que explicou que este Spa é aconselhado a todas as crianças e não apenas àquelas que já apresentam problemas de desenvolvimento. “O objetivo é contrariar a tradição de intervir só nas situações problemáticas e oferecer uma resposta preventiva no desenvolvimento saudável do bebé”, começou por dizer, sublinhando que “os primeiros anos de vida são as bases da saúde mental e física de um bebé”.

“Nesta perspetiva, durante este período há o maior e mais rápido crescimento do cérebro, logo, o mais suscetível, por isso é tão importante estimularmos o bebé”, afirma a especialista, explicando ainda que, quando essa estimulação não é feita da forma adequada, “no futuro, podemos observar problemas a nível sensorial ou psicológico, como depressões, e a nível físico, como diabetes ou doença cardíaca.”

Neste Spa para pequeninos, grande parte do “caminho” passa pela hidroterapia: “A ideia de aliar a água à estimulação cerebral surgiu de um longo caminho de investigações e estudos científicos aliados ao facto de, clinicamente, ver bebés todos os dias e querer fazer com que todos tenham o melhor começo de vida possível”. Clementina Almeida explica ainda o conceito com base em investigações científicas. “O objetivo é potenciar o desenvolvimento cerebral através da estimulação multissensorial.

“O cérebro de todos os bebés nasce imaturo com cerca de 25 por cento desenvolvido e os primeiros anos de vida representam o maior e mais rápido período de crescimento cerebral que teremos em toda a nossa vida. Este desenvolvimento depende inteiramente das experiências sensoriais diversificadas a que o bebé for exposto na relação com o cuidador primário”, diz, acrescentando ainda: “No Spa, as sessões são realizadas em meio aquático. Os bebés adoram sentir a imersão do seu corpo na água, ouvir os seus salpicos e ver as bolhas e ondas que se formam, além de que as vantagens da estimulação multissensorial são potenciadas no meio aquático.” Este espaço está preparado para receber crianças desde o nascimento até aos cinco anos de idade.

“Queremos ajudar e chegar a todos os bebés. Todas as sessões são desenvolvidas respeitando os protocolos clínicos, especialmente desenhados para cada etapa de desenvolvimento. Assim, as sessões são adaptadas a cada bebé e a qualquer tipo de problemática, ao nível sensorial, motor, emocional ou cognitivo, que possam trazer”, explica a psicóloga, sublinhando que o ideal seria que os pais pudessem levar os filhos a duas sessões semanais: “No entanto, conseguimos ver algumas melhorias em todos os aspetos de alimentação, sono e desenvolvimento geral com uma sessão semanal.”

Todas as sessões são individuais e os pais são sempre envolvidos em cada uma delas. “São incentivados a realizarem os procedimentos, de forma a conectarem-se com o seu bebé e fortalecerem a relação de vinculação. A sessão é conduzida por um terapeuta que dá todas as orientações e recomendações necessárias, exemplificando num boneco”, afirma a especialista, revelando que o preço de cada uma delas “varia entre os 60 e os 70 euros”, existindo ainda alguns pacotes que “tornam o valor mais atrativo.”

Cada vez mais, os seres humanos – sejam eles de que idade forem – apresentam mais problemas para dormir. Seja devido ao stress do dia a dia, aos estímulos tecnológicos que põem o cérebro “a trabalhar” nas horas em que devia estar a descansar, ou até ao estilo de vida atual. E todos estes pontos afetam também as crianças… A tendência que se observa ao longo dos anos é que os mais novos se deitam cada vez mais tarde e, muitas vezes, os pais não têm noção do papel fundamental que o sono tem no desenvolvimento cerebral.

Os estudos científicos revelam que “o sono desempenha várias funções vitais que servem de base ao desenvolvimento neurológico e, daí, a importância da proteção do sono durante a infância e do tratamento oportuno de problemas do sono daqueles que já os têm”, explica Clementina Almeida. “Assim, eu e aminha equipa desenvolvemos, dentro dos protocolos de Spa que já conhecem, protocolos clínicos dirigidos especialmente ao desenvolvimento dos padrões de sono do bebé.” O Spa Sleep proporciona “sessões com técnicas de integração sensorial e relaxamento muscular progressivo, indutoras de estados emocionais destinados a organizar o sistema nervoso central, e, assim, a acalmar o bebé e naturalmente induzir o sono”, diz a especialista.

“Isto quer dizer que trabalhamos todos os sentidos com técnicas que permitem a indução de estados de relaxamento que desenvolvem competências para um sono saudável no futuro e, tal como no olfato utilizamos odores calmantes, e na audição utilizamos sons selecionados e outros desenvolvidos pelo nosso laboratório especificamente para esse efeito, utilizamos diferentes tipos de massagem adequado ao desenvolvimento do bebé e acima de tudo ajudamos os pais a interpretarem os sinais de sono/pistas que o bebé dá e a responder adequadamente.” Os protocolos clínicos do Spa Sleep foram especialmente concebidos para acompanhar cada etapa de desenvolvimento do padrão neuronal do sono de cada bebé.

“Nestas sessões, são trabalhadas as competências essenciais ao desenvolvimento saudável do padrão neuronal do sono do bebé. Os pais são envolvidos em todo o protocolo e incentivados a realizar alguns dos procedimentos, reforçando a vinculação com o seu bebé. Estas sessões têm efeitos positivos imediatos, mas quando realizadas de forma contínua é possível observar um impacto duradouro no futuro padrão neuronal do sono”, acrescenta a psicóloga.

Texto: Patrícia Correia Branco

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