Conheça os riscos e os benefícios do jejum intermitente
As opiniões da comunidade científica divergem no que diz respeito ao jejum intermitente. Marta Margiço ajuda a desmitificar o conceito e aborda os riscos deste método.
A popularidade do jejum intermitente tem vindo a crescer entre a população. Se, por um lado, é defendido que esta prática pode ajudar a perder peso, reduzir a inflamação e melhorar os níveis de insulina, são também frequentes sintomas como cansaço, má-disposição e tonturas. Para esclarecer os riscos desta dieta, Marta Magriço, nutricionista da Clínica da Criança e do Adolescente, desmitifica o conceito.
A especialista esclarece que, antes de mais, é necessário entender que existem “diferentes métodos de jejum”. “Os mais comuns são os de alternar os dias em que se jejua (sem consumo de refeições e bebidas com valor calórico) com os dias em que se fazem as refeições habituais e ainda os de momentos de jejum na rotina diária (jejuar 16 horas e, de seguida, fazer as refeições habituais nas 8 horas seguintes). Há ainda uma terceira forma popular de jejuar de forma intermitente, o método 5/2, que consiste em fazer as refeições habituais durante 5 dias da semana e nos restantes 2 (não consecutivos) ingerir apenas 20 a 25% das calorias diárias”, explica.
Jejum intermitente “provoca divergência entre comunidade científica”
Os benefícios e malefícios são ainda uma questão que necessita de maior e melhor investigação, “dado que é um método que provoca muita divergência entre a comunidade científica”. No entanto, Marta Magriço diz que “alguns estudos apresentam como benefícios a melhoria da sensibilidade à ação da insulina, a melhoria do perfil lipídico (diminuição dos níveis de colesterol), tal como os estudos feitos com base em restrições calóricas”. “Outros estudos apontam como benefício a melhoria de marcadores inflamatórios.”
Nem tudo é positivo e, por isso, estão também associados alguns malefícios. “Os mais palpáveis serão o cansaço, as alterações de humor, a diminuição da concentração, a fraqueza muscular e a alteração hidro-electrolítica”, informa. “O jejum intermitente não fomenta uma relação saudável com a comida, podendo dar origem a compulsão alimentar.” A especialista salienta ainda a importância de consultar um profissional de saúde. “Se não for bem feito e monitorizado, poderá levar a carências nutricionais graves e, consequentemente, a problemas de saúde.”
Que cuidados devem existir
Além de um acompanhamento profissional, há cuidados básicos que quem deseja recorrer à prática deve ter em conta. “Deve ter atenção ao tipo de alimentos selecionados para ingerir após o período de jejum – devem ser de fácil digestão e ricos em água.” Ter cuidado com o “tipo de alimentos que se consomem no período de ingestão” é outro alerta deixado por Marta Magriço. “Deve optar-se por alimentos ricos em proteínas, gorduras boas, hidratos de carbono complexos, vitaminas e minerais”, reforça. Salienta também que “de nada adianta fazer jejum intermitente se as escolhas alimentares recaírem em produtos alimentares altamente processados, ricos em gorduras saturadas, sal e açúcar”, adverte.
No que diz respeito à atividade física, a nutricionista diz que, “de forma geral, nos tempos em que se faz jejum a atividade física deve ser limitada” e que deve reforçar-se “o aporte hídrico tanto nos momentos de jejum como nos de ingestão” e “garantir um correto aporte energético e nutricional de forma a evitar carências e, também, perda de massa muscular”.
Jejum ajuda ou não na perda de peso?
Sobre os efeitos positivos do jejum intermitente na perda de peso, a nutricionista salienta que os “estudos na área são escassos e maioritariamente realizados em animais”, o que “não permite extrapolar os resultados para o ser humano”. “Jejum intermitente poderá ter resultados positivos para a perda ponderal de peso em indivíduos com excesso, na medida em que existe restrição calórica. Basicamente, o que acontece com o jejum intermitente é a utilização das reservas energéticas”, remata.
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