O perigo de usar saltos altos
Tendinites, joanetes e dores na coluna são algumas das consequências de quem não quer descer do salto. Saiba como estar na moda sem pôr em risco a sua saúde.
Os sapatos de saltos são uma das grandes perdições femininas. Sobretudo se puserem as mulheres nas alturas e as fizerem ver o mundo de cima…
Para muitas, os saltos altos são tão indispensáveis como lavar os dentes. Sem eles, sentem-se despidas… O pior é que o uso e abuso dos saltos pode ser muito prejudicial à saúde. Principalmente no que respeita à musculatura. «A utilização de sapatos com saltos equivale a estarmos permanentemente a descer um plano inclinado», explica o ortopedista Eduardo Pegado.
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«Em termos biomecânicos, resulta num aumento da pressão na parte anterior do pé correspondente às cabeças dos metatársicos (ossos), com o correspondente alargamento dessa zona» e num «conflito entre os bordos externo e interno do pé com o calçado, com duas consequências a médio/longo prazo: joanetes e tendinite.»
• O desenvolvimento de joanetes e o desvio dos primeiro e quinto dedos para o meio do pé com o consequente encavalitamento dos dedos do meio (dedos em garra).
• E no que diz respeito aos joelhos surge um esforço aumentado do aparelho extensor (músculo, rótula e tendão) com o aparecimento de dor resultante de inflamação da cartilagem da rótula e do tendão (tendinite).
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Mas os problemas que podem surgir não ficam por aqui. A coluna também sofre. «Uma vez que (para podermos estar nivelados) a coluna lombar tem de exagerar a sua curvatura com tensão acrescida na musculatura extensora e nas articulações intervertebrais, as articulações entre bacia e coluna têm de permitir uma rotação da bacia para a frente (anteversão) e, como consequência, as ancas ficam descobertas e em extensão aumentada», refere o médico.
Todas estas alterações resultam em dor de várias fontes (muscular, articular e óssea), que se vão instalando ao longo do tempo. Por isso, aconselha-se contenção no uso deste tipo de calçado, bem como introduzir «no nosso quotidiano a prática de exercício físico por forma a minorarmos (eventualmente, prevenirmos) os efeitos adversos dos sapatos de saltos altos», alerta.
Saltos rasos também são vilões
Mas desengane-se quem pensa que os sapatos rasos (tipo sabrinas) são a alternativa ideal. Segundo o especialista, «nem tanto ao mar nem tanto à terra». «O sapato raso é mais fisiológico, no sentido biomecânico do termo, mas implica que as cadeias musculares posteriores estejam bem tonificadas a ponto de permitirem um alongamento compatível com uma tibio-társica a 90 graus.
«E acresce o facto de nem todos termos o mesmo tipo de coluna vertebral e, portanto, a relação coluna vertebral/bacia variar.» E também neste caso «o exercício físico tem um papel muito importante, já que permite uma melhor tonicidade muscular», esclarece.
Então, qual a altura de salto ideal?
Eduardo Pegado não tem dúvidas. «Todo o salto acima dos três centímetros e com pequena base de apoio é mau. No entanto, este aspecto tem de ser equacionado consoante a morfologia da pessoa». Pelo que «a generalização pode ser perigosa».
E quanto ao tipo de sapato? Devemos optar pelos abertos ou pelos fechados? Pelas sandálias com atilhos ou plas botas? «O sapato ideal será aquele que se adapta ao tamanho do pé tanto no seu comprimento como na largura», explica o ortopedista. «Esta regra é, frequentemente, incompatível com as necessidades impostas não só pela profissão como também pela moda.»
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Assim sendo, «torna-se necessário encontrar um equilíbrio entre estes dois aspectos». E aí «a atitude a tomar assume uma condição muito pessoal». Neste sentido, no ato da compra «é necessário encontrar um equilíbrio entre o tipo de sapato que se deve usar e aquele que se quer ou tem de usar-se». De acordo com Eduardo Pegado, «muito desse equilíbrio passa pela necessidade de alternar entre os diferentes tipos de calçado por forma a não acontecerem as sobrecargas biomecânicas já referidas a nível das ligações entre a coluna vertebral e a bacia, os joelhos e as articulações».
Minimizar o estrago
Acima de tudo, é recomendável que, pelo menos duas vezes por semana haja lugar à prática de exercício físico. Porém, o ortopedista enumara vários conselhos.
– «Ao fim de um dia de trabalho, dentro ou fora de casa, devemos descansar, sempre que possível com os membros inferiores elevados, e usar calçado confortável.
– «Se formos suficientemente metódicos, podemos realizar exercícios de alongamento das cadeias musculares durante 5 a 10 minutos antes de dormirmos.
– «É importante termos a noção de que, não sendo possível conseguir o ótimo, devemos lutar pelo bom. Pequenos gestos, como termos atenção na correção de posturas, forma como nos dobramos para apanhar objetos do chão e como transportamos pesos, são fundamentais na nossa qualidade de vida.»
Prós e contras dos saltos altos
…agulha – Altos e finos, não há nada mais sexy, mas também mais perigoso, pois a inclinação do calcanhar é enorme.
…quadrados – O risco parece intermédio, pois conferem alguma estabilidade, equilíbrio e contacto com o chão, mas ainda assim a inclinação pode ser grande.
…plataformas – São vistos como os saltos ideais, uma vez que deixam o pé paralelo ao chão.
…rasos – Também não são grandes amigos da saúde, pois fazem grande esforço sobre os calcanhares, canelas e até bacia.
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