Como a demência destruiu Bruce Willis que já não reconhece a própria mãe

Além de ter deixado de reconhecer a própria mãe, relatos de pessoas próximas também apontam comportamento agressivo de Bruce Willis, que sofre de demência.

Como a demência destruiu Bruce Willis que já não reconhece a própria mãe

Recentemente, o ator Bruce Willis foi diagnosticado com demência frontotemporal, uma doença degenerativa que afeta diversas áreas como foco, personalidade e memória. Agora, de acordo com relatos de pessoas próximas do ator, a doença progride rapidamente e Bruce já apresenta “dificuldades até em reconhecer a própria mãe”, além de apresentar “comportamentos agressivos”.

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Segundo Wifried Gliem, prima da mãe de Bruce, Marlene Willis, em entrevista à revista Bild, o ator já está com graves dificuldades na comunicação.
“Os movimentos dele são muito lentos, com agressividade constante. Já não é possível manter uma conversa normal. Este comportamento é típico de pacientes que sofrem desta condição”, conta Wifried.

Como vai evoluir a doença que afeta Bruce Willis

Como a demência destruiu Bruce Willis que já não reconhece a própria mãe
“Pacientes podem desenvolver distúrbios do movimento, como rigidez nos membros, lentidão, fraqueza muscular, espasmos e, até, dificuldade de deglutição”, descreve o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela

De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Sigma Xi e da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Fabiano de Abreu Agrela, esta é a progressão natural da condição e explica mais sobre a demência. “À medida que a demência frontotemporal progride, afeta as habilidades mentais, a memória e outras funções mais comuns na doença de Alzheimer, além de gerar alterações na personalidade e dificuldades de comunicação, como o que está a acontecer com o ator”, explica.

“Comportamentos atípicos ou anti-sociais, assim como dificuldade em falar ou expressar-se normalmente, são um dos primeiros sintomas. Em estágios posteriores, os pacientes podem desenvolver alguns distúrbios do movimento, como rigidez nos membros, lentidão, fraqueza muscular, espasmos e, até, dificuldade de deglutição”, descreve.

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A demência frontotemporal afeta normalmente indivíduos entre 45 e 60 anos e é causada por diversos fatores, como genéticos, pela acumulação anormal da proteína Tau, substância que tem como função estabilizar os microtúbulos pela agregação de tubulina. “O excesso da proteína Tau está ligado a diversas doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.”

“Modificações em genes importantes para o funcionamento cerebral também podem desencadeá-la, como GRN, que tem como função a codificação da progranulina, e alterações neste gene causam sintomas diferentes em membros da família e leva a que a doença surja em diferentes faixas etárias, ou o C9ORF72, que, quando alterado, torna-se num fator de alerta para o surgimento de demência frontotemporal e outras condições, como o ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica”, descreve o neurocientista colaborador do Portal de Notícias da Impala.

O que este distúrbio provoca no cérebro

O distúrbio “atinge os lobos frontais e temporais do cérebro, responsáveis, respetivamente, pela execução de ações com intencionalidade, travões sociais e linguagem, memória, capacidade visual e auditiva”. “A região do córtex orbitofrontal, por exemplo, está relacionada com a tomada de decisões e busca de pensamentos, córtex pré-frontal dorsolateral, como a memória de curto prazo e o foco atencional, e o córtex pré-frontal ventromedial, como o julgamento e ligação ao sistema límbico, localizado na amígdala, hipocampo (relação com as memórias que se consolidam), núcleo septal, tronco cerebral e tálamo, entre outros.”

“A função do sistema límbico é coordenar as atividades sociais que possibilitam a manutenção da vida em sociedade e instintos e a degeneração nessas regiões impede uma boa comunicação entre elas, assim como o seu funcionamento normal”, acrescenta Agrela.

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Como se diagnostica a demência

“O diagnóstico é baseado na avaliação médica e em exames físicos, como exame neurológico ou teste de estado mental. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F), fluorodesoxiglicose ou FDG também pode ser usada para identificar a demência através da análise das regiões anteriores nos lobos frontais, no córtex temporal anterior e no córtex cingulado anterior”, explica o neurocientista português, um dos mais considerados da comunidade científica internacional.

“No caso de Bruce Willis, os sintomas foram diagnosticados inicialmente como afasia, até chegar-se à conclusão de que se tratava realmente de demência frontotemporal. Afasia é um sintoma bastante comum na doença frontotemporal e também pode ser usada como sinal de alerta na análise clínica para diagnóstico da condição”.

A demência frontotemporal “não tem cura”. Os tratamentos, “como uso de medicamentos antipsicóticos, fonoaudiologia e fisioterapia” apenas “ajudam a amenizar os sintomas”, explica Fabiano de Abreu Agrela.

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