Diretora da Vogue Brasil despede-se depois de celebrar os 50 anos com festa sobre a escravatura
A diretora da Vogue Brasil, Donata Meirelles, causou polémica depois de celebrar os 50 anos com uma festa de aniversário alusiva à escravatura.
A diretora da Vogue Brasil, Donata Meirelles, viu o seu nome envolvido numa polémica, depois de partilhar fotografias da celebração dos seus 50 anos. A socialite decidiu dar uma festa de aniversário, que durou dois dias, alusiva à escravatura.
A celebração aconteceu na passada sexta-feira, 8 de fevereiro, no Palácio da Aclamação, em Salvador, Bahia. Donata teve direito a um «trono de sinhá», onde posou ao lado de mulheres negras vestidas de branco.
Aquilo que era suposto ser uma «celebração da negritude» instalou a polémica nas redes sociais com utilizadores a acusarem-na de «colonialismo recreativo».
«Escravizar nem de brincadeira», escreveu no Instagram a cantora Elza Soares, que recriou uma foto inspirada na festa, acompanhada de uma longa mensagem, onde fala dos tempos em que jogadores cariocas «passavam pó de arroz no rosto para entrarem em campo, já que não ‘pegava bem’ ter a pele escura».
A festa contou com a presença de inúmeras celebridades e incluiu um concerto de Caetano Veloso, segundo avança a ‘Veja’. Donata Meirelles terá contado com uma mensagem em vídeo do ex-presidente dos EUA Bill Clinton.
A até então diretora da Vogue Brasil tentou esclarecer a polémica, um dia depois da festa. «Nas fotos publicadas, a cadeira não era a de Sinhá, e sim de candomblé, e as roupas não eram de mucama, mas trajes de baiana de festa. Ainda assim, se causamos uma impressão diferente dessa, peço desculpas. Respeito a Bahia, sua cultura e suas tradições, assim como as baianas, que são Património Imaterial desta terra que também considero minha e que recebem com tanto carinho os visitantes no aeroporto, nas ruas e nas festas. Mas, como diria Juscelino, com erro não há compromisso e, como diz o samba, perdão foi feito para pedir».
A Vogue Brasil emitiu um comunicado esta terça-feira, 12 de fevereiro, a dar conta da demissão de Donata. A publicação diz lamentar «profundamente» a situação.
A associação responsável por alguns elementos envolvidos na figuração também foi alvo de ataques online, o que levou à formalização de uma queixa na polícia.
Este é uma luta com muitos precedentes, mas sem fim à vista. A primeira vez que a revista Vogue Brasil colocou uma mulher negra na capa foi em 2011. 36 anos depois de ser lançada a primeira revista.
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