Cantora Sia é diagnosticada com autismo aos 47 anos
Especialista em neurociências Fabiano de Abreu explica como o autismo interfere em adultos como a cantora Sia, diagnosticada aos 47 anos.
A cantora Sia revelou, num podcast, que recebeu recentemente um diagnóstico tardio de autismo. Durante uma conversa franca no programa Rob Has a Podcast, partilhou detalhes sobre a descoberta pessoal. “Estou no espectro e estou em recuperação, e tal – há muitas coisas”, revelou a cantora, sem especificar quando exatamente recebeu o diagnóstico.
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Admitiu ainda que sempre sentiu a necessidade de se adequar a um “disfarce humano”, mas que, nos últimos dois anos, finalmente conseguiu libertar-se dessa máscara, alcançando uma autenticidade plena. De acordo com o Pós PhD em neurociências, Fabiano de Abreu Agrela, o autismo pode desenvolver-se de diversas formas na idade adulta, mas os sintomas costumam ser mais controlados com o tratamento.
“As causas do autismo são multifatoriais, podem advir de fatores genéticos, ambientais e condições neurológicas, entre outras. Mas todas convergem para gerar uma hipoconectividade entre os dois hemisférios do cérebro, fazendo com que habilidades que necessitem da interação entre as duas regiões sejam prejudicadas. Também é comum que pessoas com TEA possuam paralelamente ansiedade, TOC e depressão, além de dificultar a alternância entre pensamentos ou atividades”, descreve.
“Apesar de começarem ainda na primeira infância, transtornos do espectro autista estendem-se até à idade adulta. No entanto, esse desenvolvimento ocorre de forma muito específica e complexa, em cada caso, fazendo que seja necessária uma análise individual para identificar as suas especificidades. Normalmente, os sintomas e os padrões cerebrais normalizam-se com a idade. Além disso, pessoas com autismo possuem geralmente habilidades em tarefas importantes para a sociedade”, diz.
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“Uma característica em comum que vale a pena mencionar é que, por norma, o cérebro do autista apresenta um crescimento bastante rápido em algumas áreas do cérebro, em especial no segundo ano de vida. Na idade adulta, contudo, há um encolhimento, que também ocorre em pessoas não autistas, de forma prematura, normalmente antes dos 20 anos”, situa Fabiano.
“Esta redução não significa no entanto que o cérebro fique menor do que antes de expandir-se, podendo ainda ser maior do que na média das pessoas e variando bastante. Dependendo do nível, por exemplo, pessoas com Asperger, considerado autismo leve, a meu ver, deveria ser visto de forma diferente, até mesmo mudar a classificação. “Esta relação do Asperger com o QI alto, aliás, é alvo de um dos meus estudos”, informa o investigador.
“O diagnóstico e o tratamento do autismo em adultos guarda algumas especificidades. São normalmente mais complexos do que na fase da infância e, por isso, indica-se o apoio de uma equipa multidisciplinar”, aconselha Fabiano de Abreu.
Imagem reproduzida do Instagram
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