Adeus pai …Foste Entregue ao infinito Do universo Como um poema Que honrou com nobreza a arte de viver!Eles…
Publiée par Nuno Barroso sur Vendredi 20 mars 2020
A imagem emocionante do filho de Pedro Barroso a despedir-se do cantor
O filho de Pedro Barroso despediu-se do pai enquanto Portugal e o mundo combatem a pandemia da Covid-19. Uma imagem partilhada por Nuno Barroso espelha como se realizam os funerais hoje em dia.
Decorreu, esta sexta-feira, 20 de março, o último adeus a Pedro Barroso, que morreu, na segunda-feira à noite, vítima de doença prolongada. Tinha 69 anos e teve cerimónias fúnebres devidamente adaptadas, como consequência da pandemia da Covid-19 que Portugal e o resto do mundo combatem ativamente.
Eram 11 horas quando, na Igreja da Paróquia de Santa Joana, Princesa, em Lisboa, se realizou a derradeira despedida ao cantor, autor e músico português, com o corpo a ter seguido para o Crematório dos Olivais, também na capital. As cerimónias fúnebres, explicou o filho, foram «exclusivas à família», pela razão óbvia de o nosso país estar a atravessar a pandemia da Covid-19, como recomendou a Conferência Episcopal Portuguesa.
Nas redes sociais, Nuno Barroso partilhou uma impressionante imagem em que surge a tocar na urna do pai. Atrás dele, elementos da funerária surgem com uma máscara para evitar o contágio do novo coronavírus, que, em Portugal, já infetou mais de mil pessoas, das quais sete morreram.
Para mais tarde, está prevista «uma cerimónia no Ribatejo, em Riachos, no concelho de Torres Novas», indicou o filho. «Depois iremos informar melhor sobre os pormenores», prometeu o vocalista do grupo Alémmar, que a acompanhar a fotografia, fez uma tocante despedida ao pai.
Leia a sentida homenagem:
«Adeus, pai …
Foste Entregue ao infinito do universo como um poema que honrou com nobreza a arte de viver!
Eles não sabem nem sonham… Viva quem canta!!! “Cantarei” a Menina dos Olhos d’Água a partir de agora em diante sempre que possa irei cantá-los e relembrá-los. Sempre irei honrar a tua obra e o teu legado, teus valores de humanidade de nobreza e altivez grandiosa e expressiva!
Foi a tua passagem pela vida. Eras um um homem do povo, amavas a cultura, amavas a liberdade, a República. Amavas Portugal e o sonho de construir um futuro onde o belo e o conhecimento e a sabedoria eram sempre uma condição obrigatória! Semeavas cultura e arte da beleza por onde passaste. Ousaste acontecer a poesia e foste um enorme poeta! Tocaste a guitarra e o piano e foste maestro da arte de viver!
A MÚSICA foi um Grande amor, as mulheres fonte de inspiração. Cantaste com amor PORTUGAL. Tiveste milhares de fãs espalhados pelo mundo e deixas muita muita saudade aos filhos netos familiares e amigos. Portugal está mais pobre… e nós também.
Eras um homem que preferia a lezíria, a loucura desenfreada da cidade de Lisboa que te viu nascer, riachos e o Ribatejo nossa pátria! Essa onde percorreste com amor a nobreza do amor cavalos, a pesca. etc. etc.
Levas simbolicamente as cordas da guitarra contigo! E um cachecol do nosso Belenenses! Para o qual fizeste hino e eu a marcha.
Esta altura foi a pior para cerimónias. O nosso querido Ribatejo terá mais tarde a oportunidade de se despedir, agora não foi possível… Que triste fim, não merecias isto… Esta altura onde até nos abraços existe crise…
Portugal está mais pobre, muito mais pobre… De facto, o processo de vida foi concluído com distinção e, por isso, estás de parabéns. Enriqueceste quem te conheceu com a tua voz doce forte e melodiosa que continuará certamente a ecoar em muitos lugares…
E eu tenho a herança de uma Pátria despida de amor a si própria… Cantaste a portugalidade e foste poeta tal como Luís Vaz de Camões. Lá perto do Castelo de Almourol, o Tejo irá ser eternidade…
Foste um amante da Educação Fisica e serviste na Marinha. Foste professor toda a vida mas foi a Música que te levou a cantar e a conhecer todo o mundo!
O ultimo trovador…
António Pedro da Silva Chora Barroso
O maior canta-autor português! De Sempre! Foi entregue ao eterno! Não merecia estes tempos… Nem este adeus. Os palcos vão sentir a tua falta, as pessoas também e eu vou sentir falta de ti, pai. Amo-te muito e agradeço a honra de ter sido teu filho. Os aplausos da despedida talvez mais tarde se ouçam… Talvez mais tarde…
Obrigado, pai.
Até sempre saudade.
Do teu filho,
Nuno Barroso»
O autor de temas como Menina dos Olhos d’Água estava internado desde dezembro do ano passado, em estado grave, tendo entrado, já em março, «na fase terminal da doença», revelou o filho.
Cantor, autor e músico, Pedro Barroso editou mais de 20 trabalhos discográficos. O último álbum, Artes do Futuro, foi lançado em 2017.
Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Reprodução de Redes Sociais
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