APAV aplaude relato de Gabriela e incentiva a que mais pessoas o façam
«Vivi aterrorizada por um ex-namorado»: este é o segredo de Gabriela. A APAV assegura que «o que foi relatado não está muito longe da realidade» dos casos de violência no namoro.
«É capaz de estar a ajudar muitas adolescentes de 16 anos que já levaram uma primeira bofetada e não tiveram coragem de dizer basta». Manuel Luís Goucha elogiava assim a atitude de Gabriela ao contar na Gala de domingo, dia 11 de março, o terror que viveu numa relação.
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Estivemos à conversa com Daniel Cotrim, psicólogo da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), sobre este tema. Daniel assegurou-nos que a associação considera «sempre importante a abordagem deste tipo de temáticas». Garante ainda que «aquilo que foi relatado não está muito longe daquilo que é a realidade de muitas raparigas e rapazes com 15 e 16 anos».
«Em cada 10 rapazes e raparigas pelo menos 6 já foram vítimas de violência no namoro», conta Daniel Cotrim com base em estudos que vão sendo publicados.
Não existem números mais concretos porque «a violência no namoro está dentro do crime de violência doméstica». O responsável por esta área na associação diz que «aquilo que sabemos é que tem crescido nos últimos anos o número de denúncias feitas por rapazes e raparigas» relativamente a este tipo de violência.
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Gabriela dizia que o ex-namorado «inicialmente era violento com palavras». E continua: «Eu não consentia, virei-me sempre muito contra esse tipo de agressão, nunca me fiquei, até ao ponto em que eu já não podia pintar as unhas, maquilhar-me, não podia tratar de mim, nem usar decotes, algo ao qual nunca cedi».
«Qualquer forma de violência manifesta-se assim sempre», garante o psicólogo da APAV.
«Não nos podemos esquecer que a violência tem sempre como pano de fundo o domínio, o controlo, o poder sobre alguém», acrescenta. Observa ainda que «a violência vai-se instalando de forma invisivel, as pessoas nem se vão apercebendo e na grande maioria das vezes até acham que a culpa é sua».
«Normalmente começa aqui pela violência psicológica e depois a coisa vai escalando, vai passando da violência psicológica à verbal, à física e muitas vezes à tentativa de homicídio e até ao homicídio», sublinha.
A APAV tem forma de ajudar e, apesar de não estar «de todo previsto», a associação não fecha portas caso a TVI convide a uma parceria para esclarecer melhor o tema. «O importante é reforçarmos a mensagem que sai de que é possível viver uma vida sem violência», acrescenta Daniel Cotrim.
O psicólogo relembra que a APAV tem 18 gabinetes de apoio à vítima espalhados pelo país e ainda uma linha gratuita, o 116 006. No site é também possível encontrar outras formas de ajuda. «Muitas vezes é preciso informar as pessoas daquilo que lhes está a acontecer e quais são os meios que têm para se proteger», comenta.
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