Bárbara Guimarães sobre o cancro: «É muito difícil aceitar…Tens medo, revolta, tens tudo»
Bárbara Guimarães foi convidada da emissão desta quarta-feira, 23 de setembro, da Casa Feliz, da SIC. A apresentadora falou sobre o pesadelo do cancro.
Bárbara Guimarães passou por uma das fases mais difíceis da sua vida nos últimos dois anos. A apresentadora enfrentou um cancro na mama que a obrigou a fazer várias sessões de duros tratamentos e esta quarta-feira, 23 de outubro, esteve na Casa Feliz, da SIC, à conversa com João Baião e Diana Chaves sobre este «pesadelo.»
«Há um lado muito irrealista que é esse de dizer que temos de ser fortes. Não. Nós temos de assumir uma realidade e dizer: “Eu tenho isto, estou a sofrer com isto. Não tenho de ser forte, tenho de ouvir o meu corpo». A pessoa deixa de ter energia e força para fazer as coisas, por mais que tentes. Só vences quando dizes assim: “O meu corpo não responde àquilo que eu quero na minha mente e eu tenho de respeitar o meu corpo”», começou por dizer a apresentadora.
«Não sou só eu que tenho um cancro. As pessoas à minha volta também têm»
Foi nos momentos difíceis que Bárbara Guimarães percebeu que tinha pessoas «fortes e positivas» à sua volta que nunca a deixaram sozinha. «Este é um processo onde nunca podemos estar sozinhos. Temos de ter à nossa volta aqueles que cuidam, que são essenciais para a nossa força. Fui uma “Bárbara Guerreira” muito por isso. Fui lá buscar a minha força. Foi uma superação para todos. Não sou só eu que tenho um cancro. As pessoas à minha volta também têm», confessou, acrescentando: «Não queremos ser super-heróis… É duro! Temos é de ter ao nosso lado pessoas e energias positivas! E eu tive!»
«Eu tive medo da morte»
Emocionada, a apresentadora do programa 24 Horas de Vida, que deverá regressar em breve à antena da SIC, revelou que chegou a ter medo de morrer e que houve três pilares fulcrais para conseguir travar da melhor forma a luta contra o cancro.
«Eu tive medo da morte. Tu passas por três coisas: A esperança, que é assumir e pensar que vais conseguir superar. A vitória, quando tu vais aos exames e vês resultados. E a luz, que é quando tu acreditas. A luz que te ilumina num processo complicadíssimo que para sempre é teu. É muito difícil aceitar… Tens medo, revolta, tens tudo. A vida põe-nos à prova e tu nunca és o que eras antes. Acabas por mudar», admitiu, revelando que o mais difícil do processo foi o cansaço físico.
«É que uma pessoa não consegue subir quatro degraus, é o corpo não reagir… Não conseguia fazer as compras. Tu entras, metes três coisas no carrinho e pronto… Cansaço brutal», disse.
«Se eu não tivesse aqueles dois pirralhos que eu amo…»
No final da conversa, Diana Chaves acabou por questionar Bárbara Guimarães sobre a forma como contou aos filhos que tinha um cancro.
«Se eu não tivesse aqueles dois pirralhos que eu amo…», começou por dizer, acabando por se desfazer em lágrimas e deixar João Baião muito emocionado
«Bárbara, desculpa fazer-te esta pergunta. Não querendo aqui falar da minha história, mas minha mae morreu quando eu tinha 11 anos, com cancro. A minha filha ouve a minha história e diz-me muitas vezes: “Mãe, eu não quero que tu morras”. E eu queria saber como é que tu, que tens filhos, explicaste isto…», disse Diana Chaves.
«O meu cabelo caía em postas. Então eu decidi que ia rapar. Nesse fim-de-semana não tinha os meus filhos comigo e com uns amigos tirei aquele cabelo todo. Mas não consegui dizer à minha filha. Ela descobriu porque eu estava no banho, tocam à campainha num fim-de-semana. Eu enrolo-me no robe e saio a correr pelo corredor e ela olha para mim: «Mãe, não tens cabelo! E eu depois expliquei, disse que ia crescer. E é verdade, aconteceu… Às vezes não conseguimos explicar mesmo à letra… nem vale a pena! No dia-a-dia vê-se, revela-se!», respondeu Bárbara Guimarães.
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: reprodução SIC
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