Big Brother. Psicóloga Susana Dias Ramos sobre André Filipe: «A ser real, é grave»
Big Brother – A Revolução: A psicóloga Susana Dias Ramos, comentadora do reality show da TVI, diz que André Filipe «é uma pessoa muito complexa» e que «está a parecer uma pessoa completamente desequilibrada».
Para muitos, são cenas absolutamente surreais as que André Filipe tem protagonizado no Big Brother – A Revolução, em particular nesta terça-feira. Enquanto preparava o almoço, o concorrente forçou-se a comer um brócolo, mesmo não gostando deste legume. A motivação? «Salvar» os colegas, disse ele. A estupefacção era tal que muitos admitiram estar com receio do estado psicológico dele.
Pouco tempo depois, André Filipe fechou-se numa casa de banho e Joana surpreendeu-o a tirar um espelho da parede. E, segundo ela, chegou mesmo a partir um caixote do lixo. A surpresa voltou a tomar conta dos participantes do reality show da TVI.
Em conversa com a TV 7 Dias, a psicóloga Susana Dias Ramos, comentadora do Extra do Big Brother – A Revolução, tenta decifrar o comportamento do produtor audiovisual. Não tem muitas dúvidas de que André Filipe está a assumir uma personagem, não só no reality show como na sua vida.
TV 7 Dias – Estamos ou não perante uma personagem?
Susana Dias Ramos – Espero que ele esteja em personagem e espero que ele tenha feito os possíveis e os impossíveis para perturbar os colegas. Acho que o que vimos hoje é uma provocação para quem está a cozinhar. O que se passou na casa de banho… Não temos imagens daquilo que se passou. Parece que aparentemente subiu para alguma coisa para tirar o espelho e, pelo visto, partiu o balde do lixo. Claro que isto é empolgado pelos colegas… Mas é como digo: eu espero que seja uma personagem que ele está a encarnar.
E se não for?
Se não for, estamos perante algo grave, que é alimentado não só por ele como pela família. Já ouvimos a mãe do André Filipe a verbalizar que ele cura como Jesus… Espero que isto tudo seja uma forma de cativar atenção, audiências, ‘dar canal’, como eles dizem. E que não seja real. Porque, a ser real, é grave.
A mãe já disse, de certa forma, que o filho está em personagem.
Sim. Na última gala, a mãe do André Filipe verbalizou que ele está em personagem, que é um excelente ator e que está a demonstrar uma coisa que não era. Se dermos um passo atrás, ele está a conseguir aquilo que quer: eliminar os colegas. Dois já foram [N.R.: refere-se a Luís e Bruno]. Só faltam 16. Mas, pessoalmente, acho que ele faz isto em tom provocatório para desestabilizar a casa e as pessoas. Ele vai escolhendo uma a uma. Em momentos especiais, como o vimos a comer cenouras enquanto chorava pelo Rúben, ele acaba por dar cenas bastante giras e interessantes.
Se não for uma personagem, estamos perante alguma psicopatologia?
Não obrigatoriamente. Infelizmente, pelo que percebi, isto é um delírio coletivo, porque a mãe também acredita piamente que ele tem poderes especiais. Eu não sei aquilo que foi incutido a este miúdo enquanto ele foi crescendo. É uma incógnita que fica. Não é um delírio se eventualmente ele cresceu nesta fantasia.
É a realidade dele.
É a realidade dele. Ele acredita que tem poderes e acredita que cura. E a mãe também acredita. Mas não nos podemos esquecer em momento algum que o André Filipe é um ator profissional.
E é possível alguém estar a interpretar uma personagem 24 horas por dia há nove dias consecutivos?
Ainda é. Vamos dar, pelo menos, 21 dias até ele começar a desfazer a personagem.
Acreditando que André Filipe está a assumir uma personagem, que implicações é que isto tem para alguém que está a assumir um papel durante tanto tempo?
Mas eu acredito que ele cá fora faça o mesmo…
Portanto, acredita que esta não é uma personagem que ele construiu especificamente para o Big Brother – A Revolução mas que vive em personagem.
Sim, eu acho que ele vive em personagem. Não conseguindo cultivar a sua vida ou ter interesse na sua vida de outra forma, ele vive nesta personagem. Uma personagem de um guru, como lhe chamaram. Se não, nós não ouviríamos da mãe que ele, como Jesus, cura com as mãos. Isto foi-lhe incutido desde que ele cresceu…
É um delírio?
Nem sequer podemos chamar a isto um delírio. É uma fantasia em que ele cresceu. Ele não tem outra realidade. Não é uma psicopatologia, é uma realidade dele, que infelizmente as mães têm a possibilidade de fazer a qualquer criança. Não faço a mínima ideia de qual é o passado deste miúdo, se há alguma coisa que o tenha influenciado a ter este tipo de comportamentos…
Ele já revelou que a relação entre o pai e a mãe não era muito saudável.
Pois… Muitas vezes as crianças assumem este género de papel para se imiscuirem da confusão.
O que é que estas ações dizem de André? Que pessoa é ele?
Ele é uma pessoa muito complexa. Vamos ter de dar um bocadinho de tempo até interpretar o André da melhor maneira, porque corremos o risco de ser muitos injustos com a interpretação que fazemos dele. À partida, ele está a parecer uma pessoa completamente desequilibrada. Mas ele pode não estar desequilibrado. Ele pode estar equilibrado na realidade dele, que é um desequilíbrio para nós. Ou então estar unicamente em personagem, a perturbar o equilíbrio da casa e a provocar os colegas, levando-os à exaustão. Espero mesmo que isto seja uma personagem criada por ele e à qual vai acrescentando camadas, como se de uma peça de teatro livre se tratasse. A não ser, temos aqui um quadro muito difícil de desmontar. Ele tem de reaprender a viver entre os outros, de uma forma normal, aceitando que é uma pessoa normal e que o ser normal é que é bom.
Acredita que os comportamentos de André Filipe tiveram influência no estado a que Luís chegou, a ponto de ter abandonado o programa por indicação médica?
Acho que isso é mais responsabilidade do Luís do que do André Filipe, porque o André Filipe continua a ter este tipo de comportamentos com outras pessoas e elas não vão a esse ponto de desequilíbrio. O Luís não estava bem na casa e não estava confortável naquele confinamento. Nós já tínhamos visto um Luís que não estava equilibrado antes de o André Filipe o ter começado a ‘picar os miolinhos’.
Luís não tinha estrutura psicológica para este jogo?
Acho que não. Este jogo não é para pessoas que não tenham esta força e eu não imagino o André Filipe fazer tudo o que fez ao Luís a uma Joana ou a uma Carina e as duas estarem a lidar perfeitamente com isso. Acho é que o Luís baixou a guarda, especialmente com o André Filipe, e fez com que este conseguisse chegar ao âmago dele. Por mais que não goste das atitudes do André Filipe e ache desprezível este tipo de jogo, não podemos responsabilizá-lo pelas atitudes dos outros ou pelo abandono do jogo dos outros. Os outros é que não conseguiram ter resistência suficiente para se manterem no jogo.
Texto: Dúlio Silva; Fotografias: reprodução TVI e redes sociais
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