Bruno Nogueira arrasa influencers que exploram filhos: “Seus burros de merd*”
Bruno Nogueira deixou fortes críticas àqueles que fazem questão de expor os filhos nas redes sociais e afirma que até já perdeu amigos à conta desta ‘moda’.
Bruno Nogueira assinou um texto na revista Sábado em que tece inúmeras críticas aos pais que exploram os filhos nas redes sociais em busca de compensações monetárias e/ou parcerias. Um texto forte, dominado pelas críticas aos pais que expõem as crianças e que abrange grande parte das influencers e figuras públicas portuguesas.
“Os pais, sempre os pais, a ficarem deslumbrados com a pornografia que é usar os filhos. Ela é tão bonita que tenho de partilhar com o mundo. Não aguento ter esta cara laroca só para mim. A venderem a criança a fazer tudo, a tentar ser criança”, começa por escrever, num tom sempre condenatório. “Nasceram já com a cara a ser esfregada no mundo para toda a gente ver, olha que lindo ele a comer a primeira papa desta marca. Olha que amor ele a sair da escola com aquela roupa. Olha ele a fazer uma birra, que menino feio, não come a massa toda, e o número de seguidores a subir. Já se sabe que o que interessa é seguidores. A privacidade e o anonimato das crianças que se lixe”, lamentou ainda o humorista.
Pipoca Mais Doce, Helena Coelho e Carolina Patrocínio são algumas das figuras que expõem os filhos
“Durmam com a desculpa que quiserem, a criança não pediu parcerias”, atira e, apesar de não fazer referência, estão aqui incluídas figuras públicas como: Madalena Abecasis, Pipoca Mais Doce, Mafalda Sampaio, Helena Coelho, a apresentadora Carolina Patrocínio, entre (muitas) outras. “Sempre que olham para os pais lá estão eles a segui-los com lentes assustadoras, sem empatia no olhar. Porque o olhar está a ver o desgraçado do filho através do ecrã. Vê-lo ao vivo dá menos dinheiro, e deixa o ego frio. A estupidez humana iluminada por um ecrã de telemóvel. O filho é meu, faço o que quero”, adianta ainda.
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Muitos dos pais que optam por expor os seus filhos em troca de parcerias ou por motivos financeiros, justificam que esta é uma forma que encontram para pagar a educação. E que acreditam que esta exposição acabará por ser benéfica para a criança, mais tarde ou mais cedo. Contudo, Bruno Nogueira refuta tudo isto. “O anonimato é a coisa mais preciosa com que se nasce, agora ou antigamente, e dão-lhes cabo disso logo à saída do corpo da mãezinha (…) Não há parceria que pague vender uma infância em stories”, escreve Bruno Nogueira, definindo de forma desconcertante o que, na realidade, acontece em muitas paginas de Instagram, nacionais e internacionais.
“Já perdi amigos com esta m*”, desabafa Bruno Nogueira
O humorista chega mesmo a partilhar uma história pessoal. O facto de já ter perdido amigos por discordar e condenar este tipo de atitude. A verdade é que duas das figuras públicas que partilham muitos elementos sobre os filhos são as atrizes Inês Aires Pereira e Jéssica Athayde. Com quem o humorista tinha ou tem uma forte e próxima relação de amizade e trabalho. “Já perdi amigos com esta m*, para que saibam. Amigos e amigas que eu vejo espetarem o focinho da criança a tomar banho. Crianças que pedem para a mãe parar de filmar e mesmo assim a mãe põe nas redes sociais. Porque os seguidores estão com fome, e a menina que se aguente, que a vida é mesmo assim”, escreve.
O humorista partilha mesmo algumas das comparações que já ouviu, como justificação, nomeadamente ao clã Kardashian. “ah, mas as Kardashians também fazem. E agora? Agora? Agora nada, seus burros de m*. As Kardashians se quiserem compram uma escola só para os filhos não terem de aturar outras crianças com ranho na tromba que gozam com elas (…) São tão estúpidas como vocês. Mas têm tanto dinheiro que quase parece que ser burro as magoa menos”, exemplifica.
Bruno Nogueira dá o exemplo dos filhos virem a fazer o mesmo ao pais, em idosos
“Oxalá as crianças, que vão ser adultos – nunca se esqueçam disso – vos filmem a cagarem-se todos nas fraldas com 80 anos”, compara. Bruno Nogueira aproveita o final do texto para deixar o conselho e apelo a todos os pais, conhecidos e não conhecidos. “Deixem-na ser anónima, por amor a ela. Sejam adultos, façam-se homens e mulheres. E no meio disso tudo sejam pais, que já custa muito”, termina.
Psicóloga defende que é importante o equilíbrio
A revista Maria entrou em contacto com a psicóloga, Dra. Bárbara Ramos Dias que defende que tudo depende de um determinado “equilíbrio”. Também a base e estrutura familiar influenciam a reacção das crianças face à exposição que podem ter. Já para não falar do conteúdo das publicações.
“A exposição em demasia pode criar ansiedade, em querer e procurar a perfeição. Quer nas redes sociais, quer na vida real. Contudo, o desejo de aceitação por parte de crianças com determinada exposição não tem só que ver com as redes sociais, podemos então falar também de anúncios e até novelas. Mas se isto for bem acompanhado pelas famílias, se for um núcleo estável, se mostrarmos que as nossas crianças não são apenas validadas pela sua aparência, mas também pelos seus talentos, não vejo mal nem drama nenhum”, revela a psicóloga de adolescentes.
“Claro que há exageros, se as crianças não gostam ou pedem para não serem expostas, temos que respeitar. Por vezes, há tendência a exagerar, quer para um lado, quer para o outro. Tem que existir um equilíbrio. Nós vivemos com as redes sociais, mas é preciso saber dosear. Mostrar que as redes nem sempre são aquilo que mostram ou aparentam”, conclui. Leia o artigo de Bruno Nogueira, na íntegra, aqui.
Texto: Ana Rocio,
Fotos: D.R
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