Depois dos bombeiros, agricultores tiram a roupa para calendário solidário
Inspirados pelo calendário solidário (e sensual) dos bombeiros Sapadores de Setúbal de 2014, são agora os agricultores de Barcelos que tiram a roupa a favor de uma causa social.
Manuel Garcia tem 53 anos e desde os 18 que é agricultor. Nunca tinha pensado fotografar profissionalmente, muito menos para um calendário sensual, mas quando o desafio surgiu, não conseguiu dizer que não. Afinal, o objetivo era solidário.
“Não aceitei à primeira quando me falaram da ideia, mas a causa é importante e, por isso, disse que sim”, explica.
O calendário solidário ao Serviço da Terra é um projeto que partiu do Grupo de Agricultores de Barcelos, depois do primeiro calendário dos Bombeiros Sapadores de Setúbal ver a luz do dia, em 2014. “Depois do trabalho dos bombeiros, achei que esta era uma idea gira e ousada de chamar a atenção para a agricultura”, diz Filipe Figueiredo, 31 anos, o mentor da ideia que ilustra o mês de dezembro.
Cada calendário custa 5 euros e as vendas revertem para a Recovery IPSS, uma organização não governamental de Barcelos, cuja missão visa promover ativamente a reconversão de pessoas portadoras de doença mental e dos cuidadores, formais e informais, por via da metodologia Gerar Percursos na Sociedade – Barcelos XXI, contribuindo para a validação do modelo clinico-comunitário em Portugal.
“O Grupo quis juntar-se à nossa causa, e foram eles que nos procuraram a sugerir esta parceria que muito agradecemos”, afirma Filipa Dantas da ONG.
O projeto vai ser apresentado numa cerimónia solene, a 13 de outubro, pelas 21h00, na Escola Superior de gestão do IPCA, em Barcelos. Só depois disso é que o calendário vai ser posto à venda.
“Mandámos fazer mil exemplares, mas já temos indicação da gráfica de que temos mais do que essas reservas, por isso vamos ter de mandar imprimir mais”, revela Filipe, produtor de quinoa, que adianta que no total devem ter gastado para esta produção cerca de 2600 euros. “Foi um projeto low cost, apenas pagámos a deslocação do fotografo e a impressão”.
Para a sessão fotográfica os agricultores fizeram solário e dieta
Nuno Baptista é o fotógrafo que assina o calendário, que reúne 12 agricultores, com idades compreendidas entre os 22 e os 53 anos. Foi ele quem ajudou a que todos estivessem à vontade no dia de… tirar as roupas. “Foi fácil, porque nas filmagens estávamos apenas três pessoas”, recorda Filipe. Também Manuel não sentiu pudores quando chegou a hora de fazer as fotos. “Estávamos num grupo de amigos, era quase brincadeira”. Mas com um fim importante.
Para que o calendário seja um sucesso, estes modelos agricultores tiveram de ter alguns cuidado a nível de imagem e de alimentação. “Só três de nós é que fazem ginásio”, conta Filipe.
“95 porcento do que se vê nas fotos é fruto do nosso trabalho”, garante Manuel. De qualquer forma, para que nada falhasse, o grupo fez solário, foi ao cabeleireiro e fez… dieta. “O mês do leite perdeu mais ou menos 10 quilos; eu perdi uns 5”, solta o produtor de quinoa, garantindo que “agora é para tentar manter”.
Afinal, a mulher Dora Camacho, gestora de marketing, até gosta do resultado da experiência no marido. “Ela apoiou imenso, até vamos emoldurar as fotos”, sorri. Manuel concorda que o apoio da família o motivou a aceitar o desafio e afirma que vai guardar o calendário “num cofre”.
À venda a partir de dia 13, os agricultores já contam com o assédio que os aguarda. Mas isso não os assusta.
“Vivemos num meio pequeno [Barcelos] e sabemos que temos de estar preparado para isso. Não nos preocupa”, garante o mentor da idade para quem “não é fácil expor o corpo em prol de uma causa”, mas que para mudar a forma como se encara a agricultura, vale tudo.
Veja estes manequins que põe comida na mesa dos portugueses na galeria de imagens.
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