Os esquemas e mentiras da alegada burla de milhões de Maria Leal a jovem incapacitado

Esta terça-feira, 16 de outubro, o programa da SIC Vidas Suspensas mostrou ao país, em formato televisivo, o drama de Francisco d’Eça Leal, ainda marido de Maria Leal. Uma história revelada em exclusivo na edição 1509 da TV 7 Dias, em fevereiro de 2016.

Na altura, Maria Leal, uma ilustre desconhecida, ainda não cantava. Tornava-se célebre ao dar-se a conhecer ao país como a namorada de Tiago Ginga, ex-concorrente da Casa dos Segredos e, na altura, concorrente do reality show da TVI A Quinta – O Desafio.

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Francisco D’Eça Leal tinha 21 anos quando herdou 1 milhão de euros em dinheiro e imóveis. Este jovem é o protagonista da reportagem Amor Cego, do programa Vidas Suspensas da SIC.

O herdeiro milionário perdeu a fortuna e, ao que tudo indica, a alegada causadora desta perda é Elisabete Rodrigues, mais conhecida por Maria Leal.

Ele tinha 24 anos e ela 44 quando se casaram. No entanto, «ela disse-me que tinha 33 anos quando a conheci», conta Francisco. Foram apresentados por uma amiga em comum, a antiga ama do jovem.

«Eu e a Maria Leal começámos a trocar mensagens e foi por aí fora. Fiquei entusiasmado por ter uma relação depois de ter tido o acidente.»

Filho de Paulo Guilherme D’Eça Leal, parte da herança de Francisco veio da venda de uma casa no Algarve. O escritor e realizador de cinema português tinha uma casa a sul do País que vendeu para deixar o valor a Francisco, que sofria de esquizofrenia. «Eu sempre ouvi falar à volta de dois milhões de euros», diz a agente imobiliária à SIC no que toca ao valor da casa.

A doença e o acidente

Francisco tinha 18 anos quando teve o primeiro surto de esquizofrenia. Foi internado. «Começou a ter tiques e conversas esquisitas que não eram do Francisco», conta a mãe, Júlia Correia.

Foi para casa, mas aos 21 anos deixou de tomar a medicação e voltou a ser internado no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa. Foi nesta altura que sofreu o acidente. «A senhora do hospital fechou a porta do quarto [onde Francisco estava internado] e a janela abriu-se. Subi para o telhado e atirei-me lá de cima», relata.

Pensou-se que tinha ficado paraplégico e 15 dias depois o pai, Paulo Guilherme, morreu deixando-lhe a herança de 1 milhão de euros em dinheiro e imóveis.

Ao fim de meses de hospitalização, voltou para a casa de Campo de Ourique, onde viveu quase toda a vida. Casa para onde também Maria Leal foi viver.

Maria Leal mostrava-se «apaixonada» por Francisco

«Eu sentia ali carinho», diz a mãe. «Ela dizia que gostava de mim. Estava apaixonada por mim», acrescenta Francisco. A jornalista questiona: «E beijos e sexo?». «Essas coisas também», diz Francisco, envergonhado.

A mãe de Francisco acabou por sofrer uma depressão e afastou-se. Deixou Francisco com Maria Leal. «Ela estava a par de tudo» da vida de Francisco e da família, revela Júlia.

Os gastos começaram a aparecer

Em Campo de Ourique, Maria Leal começou a fazer as primeiras compras. «Como ela gastava muito dinheiro, eu achava que era mulher de um ricaço qualquer. Um dia, o Francisco entra na minha loja e eu fiquei espantadíssima. Era um miúdo. E era um querido com ela. Via-se que era um apaixonado», conta uma lojista daquela zona lisboeta.

Maria chegava a gastar «800/1000 euros» por semana só nas lojas de Campo de Ourique. «Via-se que era uma pessoa que gastava bem», acrescenta a lojista.

Francisco não fazia ideia destes gastos. «Eu não sabia porque eu não ia verificar as minhas contas. Deixei tudo entregue a ela. Eu nunca comprei nada. Comprei a guitarra elétrica que custou 700 euros, nem sequer chegou a 1000 euros.»

É com esta guitarra que Francisco dedica uma música a Maria Leal. A letra é em inglês, mas são notáveis as referências à cantora.

Os empréstimos e as ameaças

Durante a conversa, Francisco contou também que chegou a emprestar dinheiro. «Sim, emprestei ao meu irmão. 10 mil. Não pagou. Depois emprestei à minha empregada. 10 mil também.»

Questionado sobre assinaturas, o herdeiro diz ainda que chegou a assinar papéis sem saber o que estava a assinar. Era Maria Leal que «pedia para assinar».

«Eu não queria acabar a nossa relação. Cortei relações com os meus amigos, com a minha mãe. Ela dizia que se não fizesse o que ela queria ia-se embora. Deixei de atender os telefones e de falar com ela [a mãe].»

A partir deste momento, Júlia não conseguia entrar em contacto com o filho. O casal mudou-se para a Parede, em Cascais, e a mãe perdeu-lhe o rasto.

Pagavam 500 euros por mês de renda deste apartamento em Cascais e chegaram a ficar a dever. A senhoria diz à SIC que chegaram a dever «3000 euros» e quando falava com Francisco ele dizia «isso é tudo com ela [Maria Leal]».

Dois anos depois da herança, a conta tinha menos 200 mil euros. Só numa boutique em Cascais, apareceu um pagamento de 8000 euros, numa loja de chinês, a fatura apontava os 1200 euros.

«Ela disse que era mais seguro para mim se casássemos»

E como chegam à decisão de casar? «Foi decidido casarmos porque ela disse que era mais seguro para mim se casássemos.» Casaram em 2013. «Quando saímos de lá [da conservatória] ela disse: ‘Agora já sou uma D’Eça Leal’.»

A advogada, que foi testemunha do casamento, «dizia que a minha mãe podia-me interditar e era seguro casar».

Maria Leal entrou como titular para a conta de Francisco

«Entrou como segunda titular [nas contas do herdeiro], caso houvesse alguma eventualidade», afirma Francisco. Acabou por ser Elisabete que geria o dinheiro para o dia-a-dia de Francisco. «Estava a cargo da Maria Leal. Eram 20 euros por dia ou assim» dos 200 que alegadamente a artista levantava.

Visivelmente abatido, Francisco D’Eça Leal acaba por assumir: «A minha tolice foi não me ter respeitado a mim próprio».

Francisco teria atualmente 1 milhão e 300 mil euros

Dos quatro apartamentos que o pai lhe deixou, só sobrou a casa onde Francisco mora atualmente, em Campo de Ourique. Dado o preço do metro quadrado em Lisboa – 3500 euros – Francisco teria agora 1 milhão e 300 mil euros.

«Ao princípio compreendia que eu andasse de canadianas. Depois eu ia falar com ela e ela não estava presente. Ela dizia que ia trabalhar para as lojas [de roupa que abriu após casar com Francisco]. Uma na Parede, outra em Algés.»

«Ela dizia que era jornalista da TVI»

Cláudia Pombeiro, ex-empregada de Maria Leal numa dessas lojas de roupa, revelou que alguns factos ditos pela cantora que não batiam certo.

«Ela sempre disse que era solteira, que não tinha filhos. Tinha 28 anos. Ela dizia que era jornalista da TVI e não sabia ligar um computador. Eram estas pequenas coisas que se iam apanhando», começa por contar Cláudia.

Uma vez, «ela trouxe cá uma prima que vim a saber que era a filha e o neto. Tanto que o miúdo chamou-lhe avó e ela disse: ‘A mania que ele tem de me chamar avó’. Estava sempre a dizer que era modelo fotográfico».

Os namorados de Maria Leal

A antiga empregada da cantora explicou também que chegou a conhecer alguns namorados.

«O Francisco era o primo que tinha problemas físicos e um problema grave de cabeça. Recebia muitos telefonemas e dizia: ‘Lá está o meu primo Francisco a pedir-me dinheiro».

«Esteve cá o Tiago Ginga, aquele do Secret Story. Estiveram cá também mais dois namorados. Os namorados usufruíram bastante de dinheiro», constata a ex-empregada.

Em quatro anos, Francisco ficou arruinado. «Acordei quando fui pesquisar o nome da Maria Leal e descobri que ela andava com o Tiago Ginga da Casa dos Segredos. Depois de eu ter insistido muito ela confirmou. Depois ainda andámos mais uns tempos, mas acabou tudo.»

Foi nessa altura que descobriu que estava falido.


Relembre toda a história polémica e nunca antes contada que envolve Maria Leal, acusada de ser «um nojo de pessoa» e «uma ladra», no site da revista TV 7 Dias.

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