Rita Lello recorda pai que morreu intoxicado
Rita Lello dá um entrevista intimista a Daniel Oliveira e revela pormenores da relação com a mãe, a veterana Maria do Céu Guerra, com o filho, Vasco, e recorda ainda o pai, Luís Lello.
Rita Lello abriu o coração a Daniel Oliveira, no Alta Definição, da SIC, e a relação com a mãe, a atriz Maria do Céu Guerra, as saudades do pai, Luís Lello, que morreu aos 33 anos, e a cumplicidade com o filho Vasco foram os motes da conversa.
Rita Lello, que interpreta atualmente Amélia na novela Nazaré, da SIC, confessou ao apresentador que não consegue encontrar muitas semelhanças entre si e a mãe. «Damos muitas turras uma e a outra», revela, entre risos.
A nível profissional, a história é a mesma. «No palco, a minha energia não tem nada a ver com ela», diz. «É uma mulher extraordinária e magnífica. Muitas vezes zangamo-nos em trabalho e a seguir vamos jantar e está tudo bem. É um equilíbrio cá nosso.»
Com o pai, Luís Lello, Rita garante que «as memórias são todas felizes.» «Era um homem alegre, disponível e muito carinhoso», explica.
A atriz acaba por se emocionar ao recordar a infância. «Tinha 10 anos (…) quando a minha mãe me disse que o meu pai tinha morrido. Disse-me: ‘Querida, tenho uma coisa triste para te dizer. O teu pai morreu’ (…) Eu disse-lhe que queria vê-lo e ela disse: ‘já não podes’».
Luís Lello morreu com uma intoxicação de gás na casa-de-banho do apartamento onde estava a dormir naquela noite. «Ele vivia no Brasil, estava cá para passar o Natal. Não o chegámos a ver», conta Rita Lello.
«Ficou tudo de pantanas, ninguém sabia como contar aquela menina, isso nunca me revoltou sequer (…) são tudo razões de amor». «A família demorou um bocadinho de tempo para me contar. Só percebi mais tarde. Ele tinha 33 anos, foi completamente inesperado. Até aos 20 e tal anos sonhava que o meu pai estava vivo. Era como se não tivesse acreditado que ele tinha morrido, até muito tempo. Era como se o inconsciente não acreditasse.»
«Era um ator muito giro, moderno, trabalhava muito o corpo. Vejo-o no meio dos outros e ele era incrível. Reconheço-me nele.»
A atriz da SIC confidencia que nunca foi ao cemitério onde o pai está sepultado. «Acho que não é aí onde se celebra os mortos. Fazia muita cerimónia com a minha avó, nunca seria capaz de lhe pedir para me lá levar.»
A cumplicidade com o filho Vasco
Rita Lello é mãe de Vasco, de 19 anos, fruto do ex-relacionamento com José Fernando da Encarnação da Silva. «É um miúdo que as pessoas gostam e elogiam», confidencia.
Daniel Oliveira questionou a convidada: «Ser mãe tornou-te mais forte?». «Tornou-me mais frágil. Passei a ter medo da morte, que não tinha», confessou.
Rita Lello terminou a entrevista a mostrar a sua opinião acerca do reconhecimento dos artistas no nosso País.
«Acho que Portugal não reconhece os seus artistas. Os políticos têm muito medo dos artistas. Têm desprezo e têm necessidade às vezes do palhaço. Em termos institucionais nenhum artista português é tratado como merece. Em nenhuma das áreas», diz.
«É transversal a todos os partidos. A Assembleia de República já devia ter feito o Estatuto do Profissional de Palco e de Audiovisual. Devíamos ser reconhecidos como uma profissão, que têm, naturalmente, especificidades e necessidades de determinadas formações, regulação de mercado, protecção laboral, obrigações. São os políticos que têm de fazer, não são os patrões. Temos muita gente muito boa, na pintura, na arquitectura, na música, na literatura…»
Relativamente ao público português, Rita Lello não tem dúvidas: «É amoroso». «Reconhece o nosso trabalho.»
Texto: Joana Dantas Rebelo, Fotos: Impala
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