Vítor de Sousa admite que sofreu nas mãos de um padrasto violento

Convidado de Júlia Pinheiro, Vítor de Sousa revelou que só aos 40 anos conheceu o pai e que acabou por ser ele a apresentá-lo à mãe, depois de o ex-casal ter estado 40 anos sem se ver.

Um contador de histórias exímio, como Júlia Pinheiro o descreve, Vítor de Sousa, de 72 anos, recuou no tempo, esta quarta-feira, para contar no programa Júlia como foi conhecer o pai aos 40 anos e como acabou por ser ele a promover o encontro entre os pais depois de quatro décadas de afastamento. A apresentadora da SIC recebeu o ator, que dispensa apresentações. Mas acabou por ir logo ao assunto: «Foste tu que, enquanto filho, aos 40 anos, apresentaste a tua mãe ao teu pai?», perguntou Júlia Pinheiro, espantada.

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Padrasto «muito violento»

Considerando a mãe o grande amor da sua vida, o ator assume que esta lutou para lhe dar o melhor, mas isso não o impediu de sofrer às mãos de um padrasto violento. «Ele foi muito importante para a minha mãe, isso eu reconheço. Queriam que eu o tratasse por pai e eu não era capaz, porque ele não era o meu pai. O que é certo é que eu nunca me dei bem com ele, havia ali violência doméstica. Ele era muito violento. Para a minha mãe, não. E eu suportava, porque ele era um suporte afetivo para a minha mãe», referiu.

Quando, há dez anos, a mãe morreu, Vítor de Sousa sofreu o maior golpe da sua vida. «Ela tinha esclerose lateral amiotrófica. Perdeu a voz, falava comigo por escrito. No dia em que morreu, eu estava em Portimão a fazer uma peça com a Sofia Alves. Fui para a praia chorar e o Celso Cleto sugeriu cancelarmos o espetáculo. Mas eu fiz. Custou-me imenso, mas eu acho que era uma homenagem para ela», recordou, adiantando com a voz embargada: «Não vi a minha mãe dentro da urna. Não quis… Quis guardar uma imagem dela em vida, ainda que nos últimos tempos tenha sido muito violento, porque ela emagreceu muito. Foi complicado».

Desgosto de amor leva a tentativa de suicídio

Confessando a Júlia Pinheiro ser um homem de paixões, o que o levou, em 2010, a assumir a sua bissexualidade, Vítor de Sousa fez ainda uma viagem no tempo para recordar «a paixão extraordinária» que viveu com a pianista Maria João Pires e ainda a tentativa de suicídio após um desgosto de amor.

«Achei que com meia dúzia de comprimidos, gin tónico e uisque tudo misturado, que ia desta para melhor. Não fui. Foi um amor que acabou. Foi de uma cobardia… Eu estava sozinho com a minha avó em casa. Não me lembro de mais nada, contaram-me: acordei no dia a seguir no hospital e nem sequer foi preciso fazer lavagem ao estômago».

Apaixonado pela representação, Vítor de Sousa recordou ainda os tempos em que queria ser padre. «Queria ser padre, mas havia um impedimento: era filho de pais separados», afirmou.

Júlia Pinheiro surpreendeu Vítor de Sousa com mensagens de Ana Bola – que desafiou o ator a comerem «um grande bacalhau à brás» todas as semanas para recuperarem o tempo perdido – e de Sandra Celas. Mas as lágrimas rolaram no rosto do ator quando foi surpreendido com a presença em estúdio do afilhado, de 13 anos, o filho que nunca teve, fruto da relação de dois amigos a quem considera família, numa existência marcada pela solidão.

Texto: Rita Montenegro; Fotos: Arquivo Impala

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