Cada europeu só produz menos oito quilos de lixo do que em 1997

Os países da União Europeia geraram 487 quilos de lixo em 2017 por pessoa, apenas oito quilos menos do que em 1997, o que demonstra pouco progresso, alerta hoje o Gabinete Europeu do Ambiente.

Cada europeu só produz menos oito quilos de lixo do que em 1997

Em 1997, quando começaram a produzir-se este tipo de dados, a produção de resíduos por pessoa foi de 496 quilos.

O gabinete, uma rede europeia de cerca de 150 organizações não-governamentais de ambiente, de mais de 30 países, numa análise hoje divulgada diz que o ano em que se produziu mais lixo foi em 2007, 524 quilos por pessoa, e que o melhor ano foi o de 2013, com 479 quilos por pessoa.

Portugal, segundo os últimos números do Eurostat, que os ambientalistas também citam, está exatamente na média da União Europeia (487 quilos por pessoa/ano), sendo os países que mais produzem lixo, mais de 600 quilos, a Dinamarca, com 781 quilos, o Chipre (637), a Alemanha (633), o Luxemburgo (607) e Malta (604).

Com os seus 487 quilos, Portugal produz mais lixo por pessoa do que a Espanha, com 462 quilos, sendo a Roménia o que menos produz, com apenas 272 quilos, seguindo-se a Polónia, com 315.

O gabinete lembra os objetivos da União Europeia de reduzir os resíduos e caminhar para uma economia circular, evitando resíduos e apostando na reciclagem. Mas nos últimos anos os dados indicam que não houve uma descida de produção de resíduos.

As quantidades crescentes de resíduos aumentam os problemas financeiros, de saúde e ambientais, enfatizam os ambientalistas, acrescentando que “quando não recolhido para reciclagem o lixo acaba incinerado ou enviado para aterros, o que pode ser uma importante fonte de emissões de gases com efeito de estufa e poluição do ar”.

O lixo é assim, referem também, uma fonte indireta nas alterações climáticas. “Quanto mais produtos e materiais gastamos, mais energia e recursos precisamos para produzir outros novos”, pelo que menos produção significa menos emissões de gases, alerta o gabinete, salientando que evitar os resíduos em vez de os reciclar é o melhor método.

Ainda citando o gabinete de estatística da União Europeia, a análise lembra que os europeus reciclaram 30% dos resíduos em 2017, incineraram 28% e colocaram 24% em aterros, levando 17% para a compostagem.

Apesar do aumento da reciclagem e diminuição no aterro, a incineração “aumentou acentuadamente”, de 74 quilos por pessoa em 1999 para 133 quilos em 2017.

Em Portugal o novo plano estratégico para os resíduos urbanos esteve em consulta pública até à semana passada.

A organização ambientalista Quercus diz: “Não estamos a reduzir a produção de resíduos e os exemplos de reutilização ou recuperação de materiais são ainda incipientes e pouco divulgados. No que respeita à reciclagem estamos longe de atingir a meta dos 50% em 2020, uma vez que atualmente não ultrapassamos os 38%”.

O novo plano, PERSU 2020+, tem metas ambiciosas, diz a Quercus, também em comunicado, que defende uma maior aposta em campanhas de informação e sensibilização, e medidas mais arrojadas.

 

 

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