É verdade que os banhos de água fria nos trazem benefícios?
Os banhos de água fria remontam ao século XIX e foram utilizados pela primeira vez em reclusos como forma de punição. É verdade que ajudam a perder peso? E na depressão?
Um banho de água fria logo pela manhã é uma forma pouco agradável de dar início ao dia. Ainda assim, muitos são aqueles que adquiriram este hábito por culpa dos supostos vários benefícios para a saúde, tanto física como mental. Os banhos frios remontam ao século 19 e foram utilizados pela primeira vez em reclusos para acalmar os “cérebros mais inflamados e instigar o medo”, recorda a autora Lindsay Bottoms. Anos depois, durante a Era Vitoriana, os vitorianos perceberam que o banho tinha outras aplicações que não só para infligir dor. Assim, o banho deixou de ser uma ferramenta de quase tortura para ser algo agradável e utilizado na higiene pessoal.
O que dizem os estudos?
Um estudo de grande envergadura realizado na Holanda concluiu que aqueles que tomaram um banho de água fria mostraram menos probabilidade de faltar ao trabalho por razões de doença do que aqueles que tomaram um banho de água quente. Para tal, três mil indivíduos foram divididos em quatro grupos e foi-lhes pedido que – durante um mês – tomassem um banho quente diariamente. A um outro grupo foi solicitado finalizar o duche com 30 segundos de água fria. Noutro, concluir o banho com 60 segundos de água fria e, por fim, o último conjunto de pessoas, encerrou com 90 segundos de água fria.
Após três meses, os investigadores chegaram à conclusão de que aqueles que tinham incluído água fria no banho apresentaram uma redução de 29% nas baixas médicas. Outro ponto interessante prende-se com o facto de que não se registaram diferenças – em termos de doença – entre os três grupos que concluíram o banho com 30, 60 e 90 segundos de água fria. A razão para que uma passagem de água fria no fim do duche tem impacto positivo na saúde não é claro, mas alguns estudos sugerem que poderá estar relacionado com o fortalecimento do sistema imunitário. Também um estudo feito na República Checa mostrou que imergir o corpo em água fria três vezes por semana – durante seis semanas – mostrou sinais de reforço do sistema imunitário.
Banho de água fria ajuda a perder peso?
A água fria também parece ativar o sistema nervoso simpáticos, um dos componentes do sistema nervoso que decide se devemos lutar ou fugir (uma reação fisiológica automática a um evento que é entendido como perigoso, stressante ou excitante). Quando isso é ativado, tal como acontece durante um banho frio, a hormona responsável pela noradrenalina sofre um aumento. Além disso, a imersão em água fria também demonstrou melhorar a circulação sanguínea. Isto acontece porque quando a água fria para, o corpo tem de se aquecer. É então que há um aumento do fluxo sanguíneo para a superfície da pele.
Também há evidências de que um banho frio pode ajudá-lo a perder peso. Um estudo concluiu que a imersão em água a 14 graus aumentou o metabolismo em 350%. O metabolismo é o processo em que o corpo converte o que comemos e bebemos em energia. Desse modo, um metabolismo mais alto equivale a mais energia queimada.
Risco de ataque cardíaco
Além dos benefícios físicos, os este tipo de banho também pode trazer benefícios para a saúde mental. Há quem defenda que a agua fria em contacto com o corpo aumenta o estado de alerta mental devido ao estímulo do sistema nervoso simpático de lutar ou fugir, tal como foi explicado anteriormente. Adicionalmente, pode ainda ajudar a aliviar os sintomas de depressão. Devido à alta densidade de recetores de frio na pele, um banho frio faz com que sejam enviados milhares de impulsos elétricos das terminações nervosas periféricas para o cérebro, que poderão ter um efeito antidepressivo.
Como foi possível constatar ao longo deste artigo, são várias as evidências de que terminar o banho com água fria tem vários benefícios para a saúde. Ainda assim, existem alguns riscos associados com esta prática. Para quem padece de doenças cardíacos, um choque de temperatura pode precipitar um ataque cardíaco ou irregularidades no ritmo cardíaco.
Texto: Tomás Cascão
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