Os melhores exercícios físicos para melhorar a saúde do cérebro depois dos 60
A resposta óbvia pode ser “para pensar”, mas temos cérebro para algo mais. “Temos um cérebro por uma única razão: produzir movimentos adaptáveis e complexos”; isto é, para fazermos exercícios físicos.
Já pensou sobre a razão de termos cérebro? A resposta óbvia pode ser “para pensar”, mas o cientista Daniel Wolpert surgiu com uma explicação completamente diferente, numa reunião em 2011 da Society for Neuroscience. “Temos cérebro por uma única razão: produzir movimentos adaptáveis e complexos”; isto é, para fazermos exercícios físicos.
Use o seu cérebro para permanecer eficiente
O cérebro, por outras palavras, é o maestro da orquestra que ordena os movimentos do corpo. Às faculdades que nos permitem interagir com o nosso ambiente chamamos habilidades cognitivas. Incluem concentração, aprendizagem, raciocínio, adaptação e comunicação com os outros. Cada uma delas é essencial para nos permitir seguirmos a nossa rotina e ajudar-nos a manter um bom estilo de vida.
Como podemos então cuidar melhor dos nossos cérebros para que eles possam permanecer tão eficientes quanto possível? Ao contrário da crença popular, o cérebro não se deteriora continuamente com a idade. Em vez disso, o número de células cerebrais cai e as ligações deterioram-se a partir dos 45 anos como parte de um processo natural de envelhecimento.
A plasticidade cerebral, porém, embora reduzida, está presente até o fim da vida. Cada indivíduo construirá uma reserva cognitiva ao longo das suas vidas e quanto mais positivo, rico e estimulante for o estilo de vida, mais poderosa e eficaz será esta reserva. Ou seja, é possível moderar os efeitos da idade na cognição.
Os benefícios da atividade física na capacidade cognitiva após os 60 anos
De facto, muitas investigações têm mostrado que a atividade física melhora a capacidade cognitiva, mesmo após os 60 anos. Desde aumento da memória, melhor reatividade e, até, maiores habilidades de planeamento, os benefícios acabam por ser ‘infinitos’.
Apesar disso, poucas pessoas mais velhas se envolvem com regularidade na prática da educação física adaptada aos seus corpos. Motivação e acesso precários são alguns dos fatores que não ajudam.
Com isto em mente, muitos cuidadores podem ser tentados a oferecer aos idosos atividades monótonas e rotineiras por fruto das suas habilidades físicas, cognitivas e sensoriais decrescentes. E, de facto, por muito tempo, a gama de desportos oferecidos e investigações neste campo giraram em torno do mesmo tríptico: ginástica suave, caminhada e ioga. No entanto, colheremos mais benefícios combinando diferentes métodos de treino.
Três ingredientes para treinar o cérebro dos idosos
Atualmente, os investigadores estão a tentar decifrar a fórmula vencedora que flexionaria os músculos cognitivos e físicos de pessoas mais velhas, que consistirá em três ingredientes principais: primeiro, “estimulação física e motora complexa de intensidade pelo menos moderada”; segundo, “estimular as células cerebrais durante os exercícios”; e, terceiro, praticar “atividades em grupo que levam à interação social”.
Primeiro ingrediente: estimulação física e motora complexa de intensidade pelo menos moderada
Exercícios cardiovasculares moderados não só melhoram a saúde cardiorrespiratória como tornam igualmente o cérebro mais eficiente. A cardiofitness geral melhorada, por sua vez, permite ao cérebro receber mais oxigénio e até mesmo gerir novos neurónios no hipocampo, onde a memória está alojada.
Portanto, faz sentido que programas projetados para impulsionar a função cognitiva incluam cardio. Mas é também necessário combiná-los com exercícios de fortalecimento muscular, flexibilidade e equilíbrio para obter maiores benefícios.
Além disso, os investigadores enfatizam a importância de adicionar situações que exigem habilidades motoras complexas e coordenação, pois elas terão impacto significativo nas funções cognitivas (por exemplo, memória, atenção e flexibilidade mental), particularmente em idosos.
Segundo ingrediente: estimular as células cerebrais durante os exercícios
Incorporar estimulação cognitiva – como recordar informações por um período de tempo e executá-las, antecipar ações ou planear um movimento – é outra estratégia vencedora. Quando a estimulação cognitiva é combinada com atividade física, pode produzir efeitos sinérgicos e, como resultado, ser mais eficaz nas funções cognitivas.
Terceiro ingrediente: atividades em grupo que levam à interação social
Está demonstrado que praticar exercícios em grupo nos ajuda também na perseverança. O que esta fórmula vencedora poderia parecer na prática ainda está a ser investigada. Até ao momento, há dois tipos amplos de exercícios que chamam a atenção e que podem ajudar pessoas mais velhas a manterem-se ‘fit’ (em forma).
Desportos em equipa, cooperativos e de oposição
Desportos em equipa oferecem muito mais do que apenas sessões de exercícios físicos. O que é particularmente ótimo neles é que não desafiam apenas o equilíbrio cardiorrespiratório, mas exploram o conjunto de habilidades físicas de todo o corpo.
Tome-se como exemplo o basquetebol ou o voleibol. Para se movimentar pelo campo, driblar ou marcar pontos, equilíbrio, coordenação e flexibilidade são essenciais. Força muscular também é necessária para passar, recuperar a bola e movimentar-se. Esses desportos de equipa podem ser adequados mesmo após os 60 anos, desde que supervisionados adequadamente.
Do ponto de vista cognitivo, estas atividades criam situações sempre novas, ricas e estimulantes. Chama-se a esta dupla combinação de estímulos treino simultâneo. Vários investigadores têm destacado a importância deste envolvimento cognitivo nos desportos coletivos e incentivado a sua prática, principalmente entre os idosos.
Estudos recentes, como um realizado em 2022 por investigadores franceses, mostraram que a participação em desportos coletivos melhora a memória visuoespacial de curto prazo (que permite às pessoas, por exemplo, recordar a localização de certos objetos por um período limitado de tempo) e as habilidades de planeamento nos idosos.
Movimentar o corpo com ‘exergames’
Outra ‘avenida’ promissora são os ‘exergames’ (jogos que implicam exercício físico), como, por exemplo, jogos de vídeo que exigem que os participantes se movam para jogar. Nomeados a partir da contração de “exercise” (exercício) e “games” (jogos), tornaram-se populares nos anos 2000, graças às concolas de jogos Wii e Switch, da Nintendo, e ao Kinect, da Microsoft.
Os ‘exergames’ foram pensados para exercitar diferentes habilidades de condicionamento físico, como equilíbrio, resistência, força e coordenação, ao mesmo tempo que estimulam funções cognitivas. Entre pessoas mais velhas, vários estudos mostram que este tipo de treino ajuda a melhorar muitas habilidades físicas e cognitivas.
Em 2020, surgiu uma nova geração de ‘exergames’, fazendo uso de paredes interativas para criar uma experiência de jogo ainda mais imersiva, como o Neo-One, da Neo Xperiences, o ExerCube, da Sphery, e o Aire interactive, da Lü. Nestes jogos, que combinam mundos real e virtual, objetos físicos (como bolas) e objetos digitais, coexistem e interagem em tempo real.
Um estudo recente comparou um programa de ‘exergame’ assistido por uma parede imersiva com um programa de caminhada e fortalecimento muscular. Os resultados sugerem que esta nova geração de ‘exergames’ pode ser mais eficaz em habilidades cognitivas do que o treino tradicional.
Combinar exercícios físicos e cognitivos oferece a melhor probabilidade de manter a saúde do cérebro e, ao mesmo tempo, manter a forma física. E isto é essencial para uma vida ativa e gratificante, não importa a idade.
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