Por que é que se diz que o intestino é o nosso “segundo cérebro”?

O nosso organismo é um sistema altamente interligado, mas uma das ligações mais importantes do nosso corpo ainda é altamente incompreendida: a relação entre cérebro e intestino.

Por que é que se diz que o intestino é o nosso “segundo cérebro”?

De acordo com o neurocientista Fabiano de Abreu, a ligação entre cérebro e intestino é fundamental para uma série de processos do organismo. O nosso sistema digestivo é fortemente ligado ao Sistema Nervoso Central (SNC), sendo coordenado pelo SNE – Sistema Nervoso Entérico. É, por outras palavras, uma espécie de subdivisão independente do SNC, mas que mantém comunicação através dos sistemas simpático e parassimpático e está presente nas camadas que revestem o sistema digestivo, possuindo seus próprios circuitos neurais.

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Um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores dos Estados Unidos, ligada a institutos de investigação do cérebro, analisou a relação entre o cérebro e o intestino humano através de um método pioneiro. Utilizou-se uma cápsula vibratória minimamente invasiva e, através dela, foi-se medido o que foi chamado de “potencial evocado gástrico”, uma resposta neural tardia em eletrodos parieto-occipitais da linha média relacionada com a acurácia perceptual.

Estudo prova ligação entre cérebro e intestino

Os investigadores identificaram ainda melhoria na precisão percetiva, redução da variabilidade no tempo de reação e deteção mais rápida da estimulação feita através do dispositivo. De acordo com Fabiano de Abreu Agrela, o estudo, além de reforçar a existência da ligação entre cérebro e intestino, apresenta um método que pode ajudar a entender melhor esta interação.

“Há muito tempo que se sabe que há uma estreita relação entre o cérebro e o intestino. No entanto, a inacessibilidade ao interior do corpo dificulta estratégias que ajudem a entender melhor como se dá esta interação, o que pode ser facilitado com a apresentação deste novo modelo de sonda mecanossensorial minimamente invasiva – a cápsula vibratória – para estimulação do intestino e posterior medição dos efeitos dessa estimulação no cérebro”, diz.

Além disso, “a descoberta das respostas neurais em eletrodos parieto-occipitais da linha média à estimulação vibracional da cápsula no intestino permite compreender mais profundamente a função dos sintomas gastrointestinais em diversas patologias e direcionar os estudos sobre a forma como os sentimentos intestinais são processados pelo cérebro humano”.

O intestino é de facto o nosso ‘segundo cérebro’?

“Não é bem assim”, explica. “Não gosto desse termo, já que cada órgão tem a sua especialidade e só há um cérebro. Mas é óbvio que há uma relação direta”, Afirma Fabiano de Abreu.

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