Obesidade prejudica vida de cerca de metade dos casais portugueses
Investigadores do William James Center for Research verificam que 47% dos casais consideram que a obesidade tem impacto negativo na relação de casal.
O William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário promoveu o Estudo COOB – COuples’ OBesity Initiative sobre o impacto da obesidade na vida pessoal e profissional do casal, tendo em conta entrevistas a 115 casais em que, pelo menos um dos parceiros, tinha obesidade. O estudo – elaborado pelos investigadores Inês Queiroz Garcia, Filipa Pimenta, João Marôco e Amy Gorin – verificou que “47% dos casais consideram que a obesidade tem um impacto negativo na relação de casal”.
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Casais não falam sobre a obesidade
O estudo permitiu também concluir também que “um elevado número de casais não fala sobre a obesidade” e que “é na profissão que se acentuam as diferenças entre homens e mulheres”: são “os homens que percecionam maior impacto negativo da obesidade na profissão”. Embora “63% das pessoas que integram o estudo” considerem que a presença da obesidade em pelo menos um dos membros do casal “é um problema de ambos”, falam “pouco ou mesmo nada” sobre o assunto (54% dos casais falam entre “nunca” a apenas “algumas vezes”).
Em relação à possibilidade de trabalharem em conjunto para gerir a obesidade, “apenas 48% o faz frequentemente ou sempre”. “Estes dados significam que ainda predomina a ideia de que a obesidade é algo que decorre apenas de aspetos individuais. Ainda não se valoriza suficientemente o potencial que o casal tem para auxiliar na mudança de comportamentos que possam implicar uma diminuição do peso e uma melhoria no estado de saúde”, refere a professora Filipa Pimenta, membro da equipa do estudo do William James Center for Research/Ispa – Instituto Universitário.
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“Destaca-se nas entrevistas que aspetos do casal como a reação negativa à tentativa de mudança do parceiro com obesidade podem ser um fator importante de desmotivação para a mudança. Daí, ser importante perceber e intervir na obesidade, considerando o casal e não apenas o indivíduo.”
Uma percentagem alta dos casais considera que a obesidade “tem um impacto negativo em várias esferas da vida do casal”, destacando-se os “85% que referem elevado impacto ao nível da saúde”, os “71% que referem impacto na atividade física”, os “62% relativamente à alimentação” e os “42% no que diz respeito ao funcionamento sexual”.
Principais estratégias para lidar com a obesidade no casal
O COuples’ OBesity Initiative desvenda ainda quais as principais estratégias percebidas como eficazes e que reúnem concordância ou preferência de ambos os membros do casal para combater a obesidade.
1. 74% dos casais concorda que estabelecer objetivos em relação àquilo que comiam (ex., quantidades, tipo de comida, etc.) era eficaz na gestão do seu peso;
2. 74% em procurar ajuda profissional para gerir o peso, junto de um médico;
3. 72% em procurar ajuda profissional para gerir o peso, junto de um nutricionista;
4. 67% em utilizar equipamentos para fazer atividade física (ex., em casa) ou pagar a mensalidade de um ginásio;
5. 67% em procurar informação acerca de como gerir o peso.
Ainda de acordo com o estudo, “as mulheres procuram mais informação acerca de como gerir o peso do que os homens” e usam também “mais produtos naturais do que os homens para combater o excesso de peso”.
Como enfrentar o problema
“A obesidade pode ser reforçada por fenómenos partilhados e construídos no casal, tal como a mudança pode ser facilitada se for implementada em conjunto com o parceiro. Por isso, uma nova linha de abordagem à mudança de comportamento de saúde, que conduza a uma saudável gestão do peso, pode e deve passar por esta unidade: o Casal”, explicam Filipa Pimenta e Inês Queiroz Garcia.
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