Em 2005, Vanessa foi queimada pelo pai. Morreu e corpo também foi escondido
Casos como este perdurarão na memória dos portugueses. Casos em que foram os pais quem torturou e tirou a vidas às crianças.
Valentina morreu às mãos do pai e da madrasta, mas não sem sofrer e agonizar durante horas. A menina de nove anos que morreu numa casa onde se devia ter sentido segura, na Atouguia da Baleia.
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Mas casos como este perdurarão na memória dos portugueses. Casos em que foram os pais quem torturou e tirou a vidas às crianças.
Vanessa Filipa
Vanessa Filipa, de cinco anos, foi assassinada pela avó e pelo pai, em 2005, no Bairro do Aleixo, no Porto, por se recusar a dizer às assistentes sociais que queria viver com a avó. Vanessa estava a ser criada por uma mãe adoptiva, mas o processo ainda não estava concluído. A menina continuava a ver a avó esporadicamente, que entretanto ficou a saber por uma vizinha que, se pedisse a guarda da neta, teria direito a um subsídio por parte da Segurança Social. Foi mergulhada em água a ferver e queimada com um ferro como castigo por não querer viver com Aurora, acabando por não resistir às lesões.
Quando o pai e a avó perceberam que Vanessa estava morta, encenaram um rapto, afirmando que a menina tinha desaparecido na feira. A essa altura, num domingo de manhã, já o corpo de Vanessa se encontrava no Rio Douro. Quando resgataram o corpo à água, ficou imediatamente clara a tortura a que tinha sido sujeita – as marcas das queimaduras eram bem visíveis. A família de Vanessa era acompanhada por técnicos do Rendimento Social de Inserção, mas não a sinalizaram como estando em risco.
Vanessa agonizou durante três dias antes de morrer.
Catarina Filipa
Em 2003, Catarina Filipa, com pouco mais de dois anos, foi maltratada até à morte pelo pai, José Gomes, e pela madrasta, Clara Moreira.
A menina foi encontrada morta em 18 de Outubro de 2003 em casa do pai, a quem a guarda da criança tinha sido entregue pela Comissão de Protecção de Menores de Gaia dois meses e meio antes.
A criança tinha marcas de penetração vaginal e anal, sinais de violência física e de abusos sexuais continuados. Inicialmente, a madrasta foi encaminhada para a cadeia de Custóias mas, quando souberam por que estava lá, as outras reclusas revoltaram-se e Clara Gomes acabou por cumprir parte da pena em Felgueiras. Foi recolocada em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos, com sinais de depressão.
Nos dois meses que tiveram a seu cargo a menina, o pai e a madrasta “bateram sempre” à criança, desferindo “fortes palmadas com a mão, murros e pontapés”.
“Puxavam cabelos, batiam-lhe na cabeça, davam pancadas, murros e pontapés na zona abdominal e nádegas. Davam unhadas e tocavam-lhe com pontas de cigarro acesas”, disse a acusação.
Leonor
Em Agosto de 2014, o pai de Leonor colocou-a, alegadamente, em água a ferver para que a bebé parasse de chorar. Segundo a acusação, cobriu posteriormente o corpo da filha com sal e calou o choro compulsivo com vinho, para não chamar a atenção dos vizinhos.
Depois de uma tortura de longas horas e vendo que a bebé tinha deixado de reagir, a mãe contactou o INEM. O cenário encontrado chocou médicos e enfermeiros. Leonor tinha 50 por cento do corpo queimado e parte da pele estava ainda a boiar na água da banheira. Emanuel Mário ficou detido e pediu protecção na cadeia. Depois de a criança ter sido mergulhada em água a ferver foi colocada no quarto. Depois disso a mãe foi comprar almoço e vinho. Nunca pediu ajuda. No regresso a casa trocou mensagens de cariz sexual com o marido. O casal tem outro filho que foi retirado aos pais.
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Texto: Marta Amorim com Cynthia Valente
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