532 galgos abandonados em canil. 517 foram salvos e 15 morreram
Oito meses após o fecho do canídromo de Macau terminou hoje, com “final feliz”, o realojamento dos 532 galgos ali abandonados: 517 foram salvos e 15 morreram, salientou o presidente da Sociedade de Animais de Macau.
“Ao final do dia de hoje, terão sido realojados 517 galgos, 15 morreram. (…) Foi uma operação super rápida para este tamanho”, saudou Albano Martins, antes de assistir à saída dos últimos galgos do canídromo, cinco dos quais partiram para os Estados Unidos.
A incerteza arrastava-se desde julho do ano passado, quando o canídromo encerrou portas e a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen), que explorava o espaço, foi acusada pelas autoridades de abandonar 532 cães. Em setembro, e depois de a Yat Yuen não ter apresentado um plano de realojamento no prazo previsto, algo que lhe valeu, meses depois, uma multa de 2,7 milhões de euros, a Anima tomou conta do espaço e teve “carta branca” para “gerir todo o processo”.
“Não foi fácil, mas tínhamos uma rede montada internacional e essa rede internacional ajudou-nos imenso, nós apenas tivemos que liderar o processo localmente, com os nossos parceiros do Instituto para os Assuntos Municipais [IAM] e da Yat Yuen”, sublinhou.
O processo de realojamento e adoção, que teve repercussão global, contou com a ajuda de 100 organizações internacionais, que há muito condenavam a crueldade e a taxa de mortalidade a que estavam sujeitos os cães. Ao mesmo tempo, Albano Martins admitiu que o processo “foi rápido” porque a Yat Yuen colaborou: “Vamos esquecer a guerra do passado, a Yat Yuen garantiu as viagens” e todos os custos operacionais, depois “foi só uma questão de planificação”.
Angela Leong, então administradora da Yat Yuen, que pertencia à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, chegou a prometer um Centro Internacional de Realojamento de galgos “único no mundo”, mas a ideia caiu por terra pouco depois.
“Foi uma vitória da Anima, que passou a ser [uma organização] considerada a nível mundial. (…) levámos oito anos para pôr esta pista fora, e apenas seis meses para realojar [os galgos] todos”, frisou o responsável.
Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou, em última instância, encerrar a pista, considerada por organizações internacionais uma das piores do mundo.
Por seu lado, o presidente da IAM, José Tavares, mostrou-se satisfeito e considerou este desfecho “o melhor possível”, salientando que “500 e tal cães adotados em meio ano é obra”. “O objetivo está atingido”, disse.
“A Anima esforçou-se, em pouco meses resolveu [o problema] e isso é obra. São 500 e tal cães adotados em meio ano, isso eu acho que nunca aconteceu em lado nenhum”, afirmou Tavares, em declarações aos jornalistas no antigo canídromo.
O IAM irá devolver agora os espaços e as instalações aos Serviços de Finanças de Macau. No entanto, o terreno já está reservado para fins educativos, prevendo-se que o espaço seja ocupado por quatro escolas.
Ao todo, a Yat Yuen suportou os custos, no montante de 70 milhões de patacas [cerca de 7,6 milhões de euros] ao longo do processo, durante o qual Albano Martins chegou a apresentar a demissão.
Entre os galgos, 307 serão enviados para os EUA, 60 para Itália, 70 para o Reino Unido, 15 para França, cinco para Alemanha e 26 para Hong Kong, detalhou o IAM. A Anima adotou 23 galgos, 19 dos quais vão ficar com famílias de acolhimento em Macau e posteriormente enviados para a Austrália.
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