Assembleia Municipal de Lisboa quer estudo sobre carga turística da cidade

A Assembleia Municipal de Lisboa decidiu hoje recomendar à câmara a realização de um estudo sobre a carga turística da cidade, previsto desde 2019, tendo a vereadora do Urbanismo se queixado da falta de dados devido ao licenciamento zero.

Assembleia Municipal de Lisboa quer estudo sobre carga turística da cidade

No âmbito de um debate de atualidade sobre o encerramento de estabelecimentos comerciais na cidade, requerido pelo grupo municipal do PCP, a assembleia aprovou uma recomendação para que a câmara faça “uma avaliação e revisão urgente do programa municipal e do regulamento das Lojas com História”, inclusive revendo os critérios de classificação e melhorando os mecanismos de proteção.

Apresentada pelo PCP, a recomendação foi aprovada com os votos contra de Chega, a abstenção da Iniciativa Liberal (IL) e os votos a favor de BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados independentes do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PS, PSD, PAN, MPT, PPM e CDS-PP.

Em representação da câmara, o vereador da Cultura e da Economia, Diogo Moura (CDS-PP), disse que o executivo está a trabalhar na alteração do regulamento do programa Lojas com História, para “aumentar a abrangência e possibilidade de distinção”.

A recomendação do PCP, apresentada pela comunista Natacha Amaro, pede ainda ao executivo municipal que realize o estudo sobre a carga turística da cidade, “aprovado em 2019 na câmara e que continua por implementar, que terá vital importância para o comércio em determinadas zonas da cidade, nomeadamente, na Baixa”, e que tome medidas concretas de apoio e defesa do comércio local. Estas propostas foram viabilizadas por maioria, com os votos contra do Chega.

Com os votos contra de PSD, PPM e Chega, a abstenção de CDS-PP e os votos a favor de BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados do Cidadãos Por Lisboa, PS, PAN, IL e MPT, a assembleia recomendou à câmara que reforce a rede de transportes públicos e crie parques de estacionamento dissuasores que incentivem as populações a deslocarem-se a determinadas zonas da cidade para realizarem compras.

Foi também decidido solicitar à câmara “que exija do Governo e da Assembleia da República que se procedam a alterações à lei do arrendamento de forma a contemplar a garantia dos contratos de arrendamento e o controlo das rendas”, proposta que teve os votos contra de PSD, IL, MPT, PPM, CDS-PP e Chega, a abstenção de PAN e os votos a favor de BE, Livre, PEV, PCP, Cidadãos por Lisboa e PS.

Em resposta às recomendações aprovadas, Diogo Moura disse que a câmara já tem um programa de apoio a novos negócios e à expansão de negócios existentes, inclusive disponibilizando consultoria jurídica e financeira, e há também um fundo municipal que ajudar Lojas com História, tendo já cedido 725 mil euros, financiando 80% do valor de cada intervenção nos estabelecimentos.

Sobre a legislação, o vereador assegurou que a câmara está a cumprir com o que lhe compete e afirmou que “o Governo é que não faz, [porque] não alterou o licenciamento zero”, lei que facilita a abertura de estabelecimentos comerciais.

No âmbito do programa municipal Há Vida No Meu Bairro, que pretende concretizar o conceito de “cidade dos 15 minutos”, a câmara pretende “garantir que os bairros têm na sua proximidade os serviços fundamentais”, nomeadamente comércio local, espaço verde, ensino, saúde, apoio social, desporto e cultura, indicou a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), referindo que está a ser feito um diagnóstico em toda cidade para ver onde é que existe falta destas funções de proximidade.

“Chegámos ao comércio e não temos informação, porque houve um licenciamento zero em 2011 criado pelo Governo PS”, criticou Joana Almeida, explicando que essa falta de dados dificulta também o desenvolvimento de um estudo do turismo em Lisboa e a avaliação do Plano de Pormenor da Baixa.

“Torna-se difícil criar uma política de turismo para a cidade, mas não desistimos”, frisou a autarca, defendendo a implementação de uma política de comércio para a cidade, além das Lojas com História.

Por proposta do Livre, a assembleia recomendou ao executivo “a célere elaboração do relatório de monitorização e início do processo de revisão do Plano de Pormenor e Salvaguarda da Baixa Pombalina”, assim como a implementação célere de um conjunto de medidas de urbanismo comercial para revitalizar e proteger a diversidade do comércio histórico da cidade de Lisboa.

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