Antiviral Remdesivir revela-se eficaz no combate à covid-19

O antiviral Remdesivir é eficaz contra a covid-19 caso seja administrado antes dos pacientes necessitarem de ventilação mecânica, indica um ensaio internacional com este medicamento, coordenado pelo Hospital Can Ruti, em Badalona, Barcelona, Espanha.

Antiviral Remdesivir revela-se eficaz no combate à covid-19

Segundo um comunicado hoje divulgado pelo Instituto Catalão de Saúde foi o Hospital Germans Trias, também conhecido como Can Ruti, que coordenou o estudo em Espanha. O `New England Journal of Medicine´ publicou os resultados deste estudo internacional com este medicamento, que, de acordo com os investigadores, reduziu em 31% o tempo de hospitalização dos pacientes com covid-19. Os resultados do estudo realizado com o antiviral Remdesivir indicam que este medicamento é mais eficaz se for administrado a pacientes com pneumonia que apresentam falta de oxigénio, mas que ainda não necessitam de ventilação mecânica.

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Ensaio internacional teve a participação de 68 centros hospitalares

Apoiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (IAID), o ensaio internacional teve a participação de 68 centros hospitalares, dos quais 47 são dos Estados Unidos e 21 da Europa e Ásia. Os dados preliminares do estudo foram divulgados em 29 de abril, quando os cientistas verificaram que o uso do Remdesivir, um antiviral de uso hospitalar inicialmente projetado contra o Ebola, trazia benefícios claros para os pacientes, pelo que consideraram que era antiético não avançar com a experiência. Agora, o `New England Journal of Medicine´ publica os dados do estudo após ser analisado por outros cientistas independentes. No total, 1.059 pessoas participaram do estudo, das quais 538 receberam Remdesivir e 521 apenas placebo, por um período de 10 dias.

Estudo ao antiviral foi “duplo-cego”

O estudo foi “duplo-cego”, o que significa que nem os pesquisadores nem os pacientes sabiam se estavam recebendo Remdesivir ou apenas placebo. O grupo que recebeu Remdesivir recuperou num prazo 31% menor do que o grupo que recebeu placebo, reduzindo em quatro dias – de 15 para 11 – a permanência no hospital. Ao dividir os pacientes em subgrupos, a melhoria na saúde ocorreu principalmente em pacientes que tinham falta de oxigénio no sangue (insuficiência respiratória), mas não necessitavam de respiração mecânica.

“Os resultados salientam a necessidade de identificar os casos de covid-19 o mais rápido possível, para que o tratamento antiviral possa ser acompanhado e iniciado antes que a doença pulmonar progrida tanto que seja necessária ventilação mecânica invasiva”, explicou Roger Paredes, coordenador do estudo em Espanha. O Hospital Clínic de Barcelona também colaborou no ensaio, através de José Muñoz, chefe do Serviço Internacional de Saúde e pesquisador do ISGlobal, promovido pelo grupo financeiro La Caixa.

Remdesivir não é suficiente por si só para curar esta doença

O artigo clínico aponta também que o grupo de pacientes que recebeu o medicamento registou uma redução de 30% nos casos de mortalidade, segundo dados recolhidos 14 dias após o início do estudo. Em relação aos efeitos adversos graves, 21,1% das pessoas que receberam o medicamento experimentaram esses efeitos, em comparação com 27% no grupo placebo. Os autores da experiência sublinham contudo que os resultados do estudo apoiam o uso de Remdesivir em pacientes hospitalizados por covid-19 e que necessitam de oxigénio suplementar, mas que o Remdesivir não é suficiente por si só para curar esta doença.

“A mortalidade ainda é alta, por isso é preciso continuar a trabalhar. Agora, temos um medicamento que funciona, embora tenha efeitos moderados e precisamos procurar outros medicamentos que possamos combinar para obter resultados ainda melhores”, destacou Roger Paredes. O mesmo responsável vincou contudo que “é um ponto de partida” ter “o primeiro medicamento que demonstra eficácia”, o que dará “muitas pistas” para futuras estratégias contra a SARS-CoV-2. Atualmente, aguarda-se a finalização das últimas visitas de acompanhamento e a análise dos dados de mortalidade dos 1.063 pacientes inscritos, passados 28 dias desde a sua inclusão no estudo, devendo estes dados alargados motivar nova divulgação.

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