Catorze peças e “muitos materiais criativos” de Fernando Pessoa publicados em livro
Catorze peças e “muitos materiais criativos” de Fernando Pessoa são reunidos no volume “Teatro Estático. Fernando Pessoa”, numa edição de Filipa de Freitas e Patricio Ferrari, a publicar no próximo dia 25, anunciou a editora Tinta-da-China.
Catorze peças e “muitos materiais criativos” de Fernando Pessoa são reunidos no volume “Teatro Estático. Fernando Pessoa”, numa edição de Filipa de Freitas e Patricio Ferrari, a publicar no próximo dia 25, anunciou hoje a editora Tinta-da-China.
“Este volume colige 14 peças e muitos materiais inéditos, trazendo para a boca de cena mais uma das prodigiosas facetas criativas de Fernando Pessoa”, afirma a Tinta-da-China em comunicado.
A obra faz parte coleção “Fernando Pessoa”, dirigida por Jerónimo Pizarro, na qual se encontram publicados outros títulos do autor de “Mensagem” com textos inéditos, entre eles, “Como Fernando Pessoa Pode Mudar a sua Vida”, “Álvaro de Campos. Obra Completa” ou “Eu sou uma Antologia. 136 Autores Fictícios. Fernando Pessoa”.
“Publicada no primeiro número da revista Orpheu, ‘O Marinheiro’ é a peça mais conhecida de Pessoa, embora não esgote de todo a sua criação teatral”, afirma a editora realçando que “a dramaturgia ocupou lugar de relevo na ambição pessoana de ser diverso, e serviu de palco a todos os grandes temas da sua obra”.
No texto de apresentação, Filipa de Freitas e Patricio Ferrari escrevem: “Pessoa teve uma natureza dramatúrgica, mesmo quando esse carácter se revelou pela despersonalização poética, originando mais de uma centena de autores fictícios”.
“Relembremos que o universo heteronímico — indubitavelmente um dos aspetos mais significativos da sua criação literária — foi definido como ‘um drama em gente’, na ‘Tábua Bibliográfica’ publicada na revista Presença, em 1928”, afirmam os editores.
“A experiência dramatúrgica da heteronímia não foi, contudo, única: na verdade, os textos dramáticos de Pessoa precedem o desenvolvimento dos heterónimos”, atestam Filipa de Freitas e Patricio Ferrari.
Sublinham os editores, no mesmo texto, que a obra de Fernando Pessoa (1888-1965) “continua a fascinar não só os seus leitores, mas também os editores, que mergulham no espólio pessoano cientes de que a fragmentação que caracteriza sobremaneira os textos do escritor português exige, por um lado, uma constante recuperação do material que já veio à luz, e, por outro, uma intensa e dedicada pesquisa de documentos inéditos que ainda se escondem nos cerca de 30 mil papéis de que se compõe o seu acervo”.
“É uma espécie de caixa de Pandora, em que as dificuldades se acumulam, o espólio de Pessoa também é uma fonte de inesgotáveis surpresas que põem em causa o lugar-comum, ainda muito arreigado na comunidade de leitores, de que a obra pessoana já está praticamente fixada pelas edições que têm sido feitas”, afirmam.
Referindo-se à obra a publicar pela Tinta-da-China, escrevem: “O teatro estático, que agora reunimos, corresponde, por sua vez, a uma parcela desta experiência pessoana [a da dramatúrgica da heteronímia], que teve o seu início em 1913, influenciada pela corrente simbolista francesa de finais do século XIX”.
Maurice Maeterlinck “foi um dos expoentes desse novo movimento, contribuindo para o desenvolvimento da noção de teatro estático e, fortemente, para a criação de ‘O Marinheiro'”, a única peça finalizada em vida do autor, e publicada em 1915 no primeiro número da revista Orpheu.
Segundo Filipa de Freitas e Patricio Ferrari, “Fernando Pessoa não escreveu muitos textos teóricos sobre o teatro estático, mas aqueles que nos deixou são elucidativos”, e citam um excerto de um texto do autor que afirma chamar “teatro estático àquele cujo enredo dramático não constitua ação”,
Explicam os editores que “a ausência de ação constitui uma das propriedades fundamentais do teatro estático, de tal modo que se aplica não só ao enredo, mas às próprias personagens, que ‘não agem, porque nem se deslocam nem dialogam sobre deslocarem-se, mas nem sequer têm sentidos capazes de produzir uma ação'”.
No âmbito do “teatro estático”, além de “O Marinheiro”, esta obra publica “Diálogo no Jardim do Palácio”, “A Morte do Príncipe” “As Cousas”, “Diálogo na Sombra”, “Os Emigrantes” “Inércia”, “A Cadela”, “Os Estrangeiros” “Sakyamuni”, “Salomé”, “A Casa dos Mortos”, “Calvário” e “Intervenção Cirúrgica”, além de vários anexos como textos sobre o “teatro estático”, ou textos sobre “O Marinheiro” em francês, além de textos em inglês e em português.
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