Cinemateca esgotou sessão com Woody Allen e deixou dezenas à porta em Lisboa
O realizador norte-americano Woody Allen esteve hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, para uma conversa com o humorista Ricardo Araújo Pereira, numa sessão esgotada, que deixou de fora largas dezenas de pessoas.
Woody Allen está esta semana em Portugal, no âmbito de uma digressão da New Orleans Jazz Band, na qual é clarinetista, com concertos no Porto e em Lisboa, mas a passagem foi aproveitada para falar sobre os escritos do cineasta, reunidos no livro “Gravidade Zero” (2022), e para promover o mais recente filme, “Golpe de Sorte”, com estreia a 5 de outubro.
A sessão na Cinemateca Portuguesa era de entrada gratuita e suscitou enorme interesse do público português, a avaliar pela fila que se formou à porta, horas antes, que se estendeu por largas dezenas de metros até à avenida da Liberdade, tendo a maioria das pessoas ficado de fora da sala.
Segundo informação enviada aos jornalistas pela Cinemateca Portuguesa, que cedeu o espaço para o evento, pelo Grupo Almedina, que editou “Gravidade Zero”, e pelo Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, que coorganizou este encontro, a sessão com Woody Allen tratava-se, “na sua essência, de um encontro para os leitores”.
“Por exigência de Woody Allen, não serão permitidas perguntas durante a sessão e também não haverá lugar a entrevistas”, lê-se no esclarecimento prévio feito aos jornalistas.
Fonte da Cinemateca Portuguesa disse que tinham sido disponibilizados cerca de 150 bilhetes para o público e que os restantes – a sala tem cerca de 200 lugares – seriam para convidados.
Os jornalistas que se acreditaram para fazer a cobertura jornalística da conversa só puderam assistir ao evento na sala de cinema mais pequena da Cinemateca, com transmissão em direto na tela, e alguns acabaram por abandonar o local por falta de condições técnicas de transmissão.
Os fotojornalistas e os repórteres de imagem só puderam captar os primeiros dez minutos da sessão, com Woody Allen e Ricardo Araújo Pereira sentados no pequeno estrado da sala.
A sessão começou com meia hora de atraso, porque houve alguma confusão no acesso das pessoas, em número muito superior à capacidade da sala de cinema, e que acabaram por ser reencaminhadas para o espaço onde estavam os jornalistas.
Aos jornalistas, antes da sessão, os responsáveis da Cinemateca, do grupo Almedina e do festival Fólio foram justificando que todas as restrições provinham da equipa de Woody Allen.
O cineasta tem estado na Europa não só com a New Orleans Jazz Band, mas também por causa da antestreia de “Golpe de Sorte”, que aconteceu na semana passada no Festival de Cinema de Veneza, em Itália.
O filme foi exibido fora de competição em Veneza e contou com um protesto contra Woody Allen, à porta da sessão, ainda por causa das alegações de abusos sexuais levantadas pela filha adotiva, Dylan Farrow, nos anos 1990 e sobre as quais o realizador nunca foi judicialmente incriminado.
Hoje, numa breve introdução à conversa em Lisboa, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, disse que era “um contentamento e uma honra” receber Woody Allen, por ser “um nome importante da história do cinema”, e apelou aos espectadores presentes que não tirassem fotografias nem filmassem.
“Guardem este momento para vocês mesmos”, disse, explicando que a sessão seria gravada para posterior partilha, caso Woody Allen autorizasse.
As primeiras trocas de palavras entre Woody Allen e Ricardo Araújo Pereira – recebidos de forma efusiva – foram por causa de uma máquina de escrever, uma Olympia verde do humorista português, colocada numa pequena mesa entre ambos.
A Olympia de Ricardo Araújo Pereira remetia para uma máquina de escrever da mesma marca à qual Woody Allen faz referência na autobiografia “A propósito de nada”, adquirida ainda na adolescência. “Tudo o que escrevi foi numa máquina de escrever”, disse hoje Woody Allen.
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