Cinemateca homenageia Baptista-Bastos com a exibição de dois filmes
O jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos, falecido em maio passado, é evocado hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, com a exibição de dois filmes de Fernando Lopes.
O jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos, falecido em maio passado, é evocado hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, com a exibição de dois filmes de Fernando Lopes.
A partir das 19:00, são exibidos os documentários “Belarmino” (1964), no qual Baptista-Bastos colaborou, e “As Palavras e os Fios” (1962), para o qual escreveu o argumento.
Em comunicado, a Cinemateca realçou que Baptista-Bastos (1933-2017) se “cruzou cedo com o cinema, quando assinou a coluna de crítica ‘Comentário de Cinema’ n’O Século Ilustrado, de que foi subchefe de redação”.
“A sua cumplicidade lisboeta com Fernando Lopes, com quem colaborou na RTP e de quem era amigo chegado, confunde-se no entanto com as suas incursões no cinema português”, sublinhou a Cinemateca.
O documentário sobre o pugilista Belarmino Fragoso regista uma entrevista de Baptista-Bastos ao atleta e, na ficha técnica, é referida a sua colaboração técnica e artística.
A Cinemateca cita um texto de Baptista-Bastos, “Dissertação sobre o Ofício da Amizade”, escrito para o catálogo “Fernando Lopes por Cá” (1996), no qual, referindo-se ao seu relacionamento com o realizador, escreveu: “O nosso ‘gentleman’s agreement’ [acordo de cavalheiros] não exigia total aceitação das ideias de cada qual; mas implicava, pelo menos, a sua compreensão e discussão. Deixando-se de compreender e de discutir, a validade da união tornava-se ambígua e inútil por insubstancial. Éramos quantos? Fomos todos”.
Jornalista desde os 19 anos, quando começou n’O Século, Baptista-Bastos estreou-se editorialmente com o ensaio “O Cinema na Polémica do Tempo” (1959), a que se seguiu outro ensaio, “O Filme e o Realismo” (1962).
Data de 1963 a sua estreia na ficção com “O Secreto Adeus”
Baptista-Bastos é autor de mais de duas dezenas de livros. Entre os mais recentes cite-se “A Bolsa da Avó Palhaça”, o livro de crónicas “A Cara da Gente” e “As Bicicletas em Setembro”.
Publicou mais de uma dezena de títulos de ficção, entre os quais “Cão Velho entre Flores” (1974), “A Colina de Cristal” (1987), “O Cavalo a Tinta-da-China” (1995) e “No Interior da Tua Ausência” (2002).
Ao longo da carreira, conquistou vários prémios, designadamente, o Prémio Literário Município de Lisboa, em 1987, pelo romance “A Colina de Cristal”, que lhe valeu também o Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção, no ano seguinte.
Em 2002, recebeu o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pela obra “No Interior da Tua Ausência”. Em 2003, venceu o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores, pelo livro “Lisboa Contada pelos Dedos”.
Em 2006, recebeu os prémios de Crónica da Sociedade da Língua Portuguesa João Carreira Bom e do Clube Literário do Porto.
O jornalista e escritor morreu aos 83 anos, no passado dia 09 de maio, em Lisboa.
Siga a Impala no Instagram