Covid-19: Bolsonaro diz que nenhum país preservou vidas e empregos como o Brasil
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, garantiu hoje que nenhum país do mundo preservou vidas e empregos como o Brasil sem espalhar o pânico na população, durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Nenhum país do mundo fez como o Brasil. Preservamos vidas e empregos sem espalhar pânico, o que também leva à depressão e à morte”, escreveu Bolsonaro em sua conta na rede social Twitter.
O chefe de Estado acrescentou que “o combate ao vírus não poderia ter um efeito colateral pior do que o próprio vírus”, insistindo nas críticas às medidas de distanciamento social impostas pelos governos regionais para tentar impedir a proliferação da pandemia.
As considerações do Presidente brasileiro ignoram o facto de o país ser o segundo do mundo com o maior número de vítimas e casos confirmados da covid-19, apenas atrás dos Estados Unidos da América, continuando a posicionar-se como um dos focos globais da pandemia na América Latina.
Bolsonaro, de 65 anos, tem negado a gravidade da pandemia e está a trabalhar remotamente no Palácio da Alvorada, sua residência oficial, desde terça-feira, depois de anunciar que foi infetado com o novo coronavírus.
O Presidente brasileiro é um dos poucos líderes mundiais que considera que a covid-19 é uma simples “gripe” que não oferece perigo, exceto para a população com mais de 65 anos ou para quem sofre de doenças crónicas.
Por esse motivo, o líder brasileiro sempre censurou as medidas de isolamento social impostas pelas autoridades regionais desde a chegada da pandemia ao país sul-americano, que impedem que as pessoas saiam para “ganhar a vida” e que “o Brasil avance”.
Na sua mensagem de hoje, Bolsonaro destacou que o Governo central criou meios para preservar empregos e que não se dedica apenas a “retardar o contágio”, como fizeram alguns líderes regionais.
“O nosso Governo atendeu a todos com recursos e meios necessários. Mais ainda, criamos meios para preservar empregos e auxiliamos com cinco parcelas de R$ 600,00 [cerca de 100 euros] um universo de 60 milhões de informais/invisíveis [prestadores de serviço em contrato de trabalho]”.
Na segunda-feira, o Presidente brasileiro passou por outro teste de diagnóstico ao novo coronavírus, o quarto desde o início da crise de saúde, e o resultado foi positivo.
Embora permaneça isolado no Palácio da Alvorada, Bolsonaro continua a governar e disse estar melhor após iniciar tratamento com cloroquina, substância cuja eficácia contra a covid-19 não foi cientificamente comprovada e que tem sérios efeitos colaterais.
“Para aqueles que vão contra a hidroxicloroquina, mas não dão outras alternativas, lamento informar que sou muito bom em usá-la e com a graça de Deus vou viver ainda mais”, garantiu na mesma mensagem divulgada nas redes sociais.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (quase 1,67 milhões de casos e 66.741 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortos e infetou mais de 11,85 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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