Covid-19: Centenas manifestam-se em Lisboa contra certificado digital [vídeo]
Cerca de quatro centenas de pessoas manifestaram-se neste sábado em Lisboa contra a obrigatoriedade de certificado digital e exigiram liberdade.
“A liberdade é certificada?”, “A liberdade é digital?”, “Para ter saúde é preciso perder a liberdade?” e “És livre até à próxima dose?” foram algumas das questões levantadas pelos participantes, através dos cartazes erguidos durante a iniciativa “Movimenta: É Hora de Agir – #ALiberdadeNãoÉCertificada”, que teve como ponto de encontro o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, onde se juntaram para descer a Avenida da Liberdade até ao Terreiro do Paço, sob escolta da polícia.
A ação de protesto juntou pessoas de diferentes idades, todas sem máscara, algumas acompanhadas com a bandeira nacional, outras com ‘t-shirts’ a dizer “pela verdade” ou “covid é fraude”, inclusive algumas crianças a segurar cartazes onde se podia ler: “O meu futuro vale mais do que o teu medo”. “Quero ver sempre o teu sorriso” foi a mensagem que Maria Crespo, de 61 anos, trouxe para o protesto e que é a pensar na neta de 9 anos, por considerar que as crianças e os idosos “não estão protegidos de regras que não conseguem de forma nenhuma ultrapassar”, referindo-se às medidas de controlo da pandemia de covid-19, desde o uso de máscara à vacinação.
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«Obviamente a liberdade está comprometida»
“O que está a acontecer vai para além do que é razoável, ou seja, neste momento estarmos ainda a pensar em certificados digitais, a pensar em restrições, que no fundo não estão a resolver aquilo que está a acontecer do ponto de vista que se considera o contágio, portanto em relação a toda a situação do vírus, não me parece que seja razoável”, defendeu esta manifestante, que veio da Figueira da Foz até Lisboa de propósito para estar no protesto. Maria Crespo afirmou ser contra a vacinação das crianças, sem querer falar na vacinação dos adultos, mas realçou a necessidade de respeitar a decisão de cada cidadão: “este é um direito pelo qual temos de lutar, é o direito a decidirmos sobre estas coisas, e sermos responsáveis na relação com os outros”.
“A partir do momento em que as decisões individuais possam estar a ser comprometidas pelo facto de hoje haver restrições que me impedem – por uma decisão que eu tenha – de circular, de desenvolver determinadas atividades, obviamente que a liberdade está comprometida”, expôs a mesma participante. Criticando o papel da comunicação social, José Duarte, de 67 anos, afirmou que a participação neste protesto “não tem a ver com vacinas, o ser antivacinas ou ser contra vacinas, é uma questão de liberdade”.
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“Eu vivi no tempo do Salazar [regime ditatorial do Estado Novo em Portugal] e sei o que é não ser livre e o que é ser livre”, frisou este participante no protesto, discordando da exigência de certificado digital para poder entrar em determinados espaços. “Eu só quero é que não me chateiem, que me deixem ser livre. Eu para ir a um restaurante agora, para ir comer um bacalhau assado, tenho de ter uma coisa de um cartão. Por mais que me tentem convencer, não estou a ver que haja razão para isso, nem em termos de saúde pública”, referiu José Duarte, acrescentando que ainda não decidiu se vai ser vacinado contra a covid-19, porque está à espera de mais informação sobre a segurança da vacina.
Entre os cerca de 400 participantes esteve Bruno Fialho, presidente do partido Alternativa Democrática Nacional (ADN), antigo PDR. Da organização da ação “Movimenta: É Hora de Agir – #ALiberdadeNãoÉCertificada”, Rute Dinay explicou que a ideia da mobilização é “exigir respostas ao Governo”, no sentido de esclarecer as medidas de restrições sucessivas, “sem qualquer lógica às vezes” e que “aparentemente não fazem muito sentido”.
Promovida através das redes sociais por um grupo de cidadãos que consideram que está em causa o conceito de liberdade face às medidas de combate à pandemia implementadas pelo Governo, a iniciativa decorre em simultâneo em cinco cidades, nomeadamente Lisboa, Porto, Quarteira, Ponta Delgada e Funchal. De acordo com as medidas do Governo, a partir de segunda-feira, 10 de janeiro, o certificado digital passa a ser obrigatório para acesso a restaurantes; estabelecimentos turísticos e alojamento local; espetáculos culturais; eventos com lugares marcados; e ginásios. O certificado digital inclui ou teste de antigénio ou PCR negativo realizados nas 48 ou 72 horas anteriores, respetivamente, ou o esquema de vacinação completo.
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