Situações de violência doméstica devem ser denunciadas
A coordenadora do Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida afirmou hoje que a violência doméstica “faz adoecer física e psicologicamente” não só mulheres e crianças como outras populações vulneráveis, apelando para a denúncia destas situações.
A coordenadora do Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida afirmou hoje que a violência doméstica “faz adoecer física e psicologicamente” não só mulheres e crianças como outras populações vulneráveis, apelando para a denúncia destas situações.
“Este é um tema considerado pela Organização Mundial de Saúde desde há alguns anos como um grave problema de saúde pública e acima de tudo uma questão de direitos humanos, que nesta fase de isolamento das famílias e de pandemia de covid importa alertar”, disse Daniela Machado, na conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde sobre o novo coronavírus.
Alertar para este crime é “um dever” porque “é um problema que é transversal a toda a sociedade que faz adoecer e faz adoecer física e psicologicamente, não só mulheres, crianças”, mas também “outras populações eventualmente vulneráveis”, nomeadamente migrantes, idosos e pessoas em situações de incapacidade
“São situações que provocam traumas que muitas vezes devem ser prevenidos, sobretudo, quando estamos a falar também de crianças que muitas vezes aprendem esses modelos e que os replicam ao longo de todo o ciclo de vida e que acaba por ser difícil depois interromper este ciclo”, advertiu a coordenadora do programa da DGS.
Daniela Machado salientou que a saúde também pode ser “uma porta de entrada” para quem precisar de ajuda nesta área, adiantando que existem 452 equipas multidisciplinares, compostas por psicólogos, médicos, técnicos de serviço social e enfermeiros em todo o SNS.
“Estas equipas têm vindo a reforçar também a sua vigilância não deixando que a intervenção junto das populações mais vulneráveis fique de facto de fora nesta época de covid”, sublinhou.
Daniela Machado adiantou que vai ser criado “um algoritmo simples de forma a permitir uma sessão precoce de encaminhamento para a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica”.
“Porque estamos a falar de condições tóxicas, mas que são simultaneamente um crime” de natureza pública, todos têm o dever de apoiar e denunciar junto das forças de segurança ou tribunais.
Questionada sobre as crianças em situação de vulnerabilidade, Daniela Machado afirmou que “as instituições continuam ativas”, reajustando-se aos novos contingentes.
Segundo a coordenadora, os Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco existentes nos centros de saúde e hospitais têm sido reforçados e continuado a trabalhar com a rede de parceiros, “reinventando-se nas formas de contacto e apostando seriamente nas campanhas de sensibilização relativamente às vizinhanças”, para que possam estar “mais ativas” conforme a recomendação da OMS.
Por outro lado, há um reforço dos profissionais relativamente a estas áreas, garantindo a vigilância das consultas de saúde infantil, onde é feita “a avaliação das dinâmicas familiares do risco familiar”.
Daniela Machado destacou ainda a importância das escolas, que apesar de não estarem próximas fisicamente, continuam atentas e a estabelecer formas de contacto com estas crianças, assim como as outras entidades, nomeadamente as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens.
“Tem continuado a haver as mesmas diligências, os procedimentos de emergência continuam a ocorrer, tanto quanto sabemos, inclusivamente processos de retirada e de agilização também junto dos tribunais de Família e Menores”, salientou.
“Os serviços não se encontram parados e é importante reforçar que a comunidade também tem que fazer o seu papel muito importante na proteção dos mais vulneráveis”, rematou.
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