Covid-19: Enfermeiros queixam-se do Estado à Organização Internacional do Trabalho
O Sindicato dos Enfermeiros (SE) vai entregar na segunda-feira uma reclamação contra o Estado português à Organização Internacional do Trabalho (OIT) por violação de normas relativamente à atuação na pandemia causada pela covid-19, foi hoje anunciado.
O SE refere em comunicado enviado à agência Lusa que a reclamação contra o Estado é pelo “incumprimento reiterado” da Convenção n.°149 e da Recomendação n.°157 da OIT, “sobretudo após o decreto de Estado de Emergência, contrariando as Normas da OIT relativamente à atuação dos governos nesta pandemia”. Segundo o sindicato, estão em causa horários de trabalho (incumprimento da legislação específica da Carreira Especial de Enfermagem e dos IRCT – Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho), o não pagamento de trabalho suplementar (após as 35 horas semanais) e o não pagamento do Regime de Prevenção e disponibilidade permanente previstos na legislação.
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Enfermeiros reclamam pelo incumprimento dos períodos de descanso
A nota refere ainda que a reclamação se justifica pelo incumprimento dos períodos de descanso, pelo impedimento do gozo de feriados/tolerâncias em algumas instituições e do gozo de férias previstas. O SE também assinala a utilização de bancos de horas não aplicáveis aos enfermeiros, a ausência de subsídio de risco para os profissionais e a ausência de garantia de existência de equipamentos de proteção individual “em quantidade e qualidade suficiente em todos os estabelecimentos onde os enfermeiros exercem funções”.
Queixa também por situações «á conhecidas antes da pandemia»
A estas situações acrescem outras “já conhecidas antes da pandemia e que se agravaram por interrupção unilateral do processo de negociação coletiva do ACT – Acordo Coletivo de Trabalho da FENSE – Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros em outubro de 2019”, como a ausência de progressões de acordo com legislação aplicável aos enfermeiros e a existência de enfermeiros com contrato individual de trabalho “sem progressão há década e meia”.
Remuneração inferior a carreiras com grau de complexidade equivalente
As remunerações base de cada categoria inferiores a outras carreiras com o grau de complexidade funcional máximo da Administração Pública; a existência de enfermeiros especialistas não integrados na categoria; e a ausência de concursos para as categorias de enfermeiro especialista e enfermeiro gestor, são outras das preocupações manifestadas pela direção do SE, presidida por José Correia Azevedo.
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