Covid-19: Ensaio clínico mata 200 pessoas com fármaco defendido por Bolsonaro
Um ensaio clínico ilegal realizado com doentes infetados com covid-19 que receberam proxalutamida, medicamento contra o cancro da próstata defendido por Jair Bolsonaro como possível cura contra o novo coronavírus, matou pelo menos 200 pessoas.
Um ensaio clínico ilegal realizado na cidade brasileira de Manaus com doentes infetados com covid-19 que receberam proxalutamida, um medicamento contra o cancro da próstata defendido por Jair Bolsonaro como possível cura contra o novo coronavírus, matou pelo menos 200 pessoas. O estudo foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
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De acordo com a comissão, os ensaios clínicos, realizados em hospitais da operadora de saúde Samel, desrespeitaram quase todas as normas éticas estabelecidas, entre elas o facto de a coordenação científica e ética da pesquisa ter ficado a cargo das empresas patrocinadoras, o que configura incompatibilidade de interesses. A comissão acrescenta que autorizou um estudo em Brasília com 294 doentes, mas que a experiência foi realizada em Manaus com 645 pessoas com perfil diferente do estipulado e que as empresas envolvidas continuaram a recrutar doentes para os testes mesmo após constatarem um invulgar número de mortes.
«Um dos episódios mais graves e sérios de infração à ética, diz UNESCO
A proxalutamida, tal como a ineficaz hidroxicloroquina, tem sido frequentemente defendida por Bolsonaro como suposta cura da covid-19. Na segunda-feira, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) criticou duramente a experiência de Manaus e acrescentou que “nenhuma emergência sanitária ou contexto político e económico” justifica tais procedimentos. “Consideramos que este poderá ser um dos episódios mais graves e sérios de infração à ética das pesquisas e de violação aos direitos humanos”.
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