Covid-19: Gaza fica sem testes de diagnóstico em plena vaga de contágios
A Faixa de Gaza deixou hoje de fazer rastreamento de novos casos de infeção pelo novo coronavírus por falta de ‘kits’ de testes, alertaram as autoridades locais, numa altura em que o enclave enfrenta um forte ressurgimento de contágios.
“Apelamos a todos os organismos relevantes que intervenham de forma urgente” e forneçam “apoio às necessidades de emergência”, afirmou o Ministério da Saúde do enclave num comunicado, precisando que o laboratório central – órgão responsável pela coordenação do rastreio dos casos de covid-19 — ficou sem ‘kits’ de testes de diagnóstico.
Até à data, as autoridades locais estavam a fazer em média entre 2.000 e 3.000 testes diários.
Segundo os dados mais recentes, hoje divulgados, os últimos testes realizados deram conta de 36% de casos positivos nas últimas 24 horas, percentagem que está a preocupar as autoridades locais e que indica uma forte propagação do vírus naquele território.
A Faixa de Gaza, 365 quilómetros quadrados de área onde vivem dois milhões de palestinianos, está sob bloqueio israelita desde junho de 2007, após o movimento islâmico Hamas ter assumido o controlo do enclave.
Até 2018, o Hamas disputou três guerras com Israel.
Com um sistema de saúde precário e de fracos recursos, o enclave tem vindo a verificar um aumento de infeções há várias semanas.
Em novembro passado, o território registou sucessivos recordes diários de casos de covid-19 e na semana passada contabilizou 1.000 casos num único dia.
As autoridades locais já tinham alertado em agosto passado para a escassez, e para uma eventual rutura, do ‘stock’ de testes de diagnóstico.
Perante o aumento de novos casos, as autoridades de Gaza decidiram endurecer as restrições e decretaram, por exemplo, o encerramento de mesquitas, escolas e universidades desde sábado.
A partir da próxima sexta-feira também será imposto um recolher obrigatório total aos fins de semana (no caso específico de sexta a sábado), medida que se junta ao recolher noturno diário que está em vigor há meses.
Desde o início da crise pandémica, em março, a Faixa de Gaza contabiliza mais de 25 mil casos positivos de covid-19 e 139 mortes.
Atualmente, o território tem mais de 10.500 casos ativos, dos quais 375 doentes estão internados, incluindo 157 em estado crítico.
A situação na Cisjordânia ocupada, território com cerca de 2,9 milhões de habitantes, também é complicada.
Apesar de ter decretado várias medidas restritivas, nomeadamente um recolher noturno obrigatório diário e um recolher obrigatório aos fins de semana, o território não conseguiu ainda reduzir a incidência de novos casos.
Nas últimas 24 horas, foram diagnosticados mais de 1.200 casos positivos na Cisjordânia.
Mais de 450.000 israelitas vivem na Cisjordânia, ocupada pelo exército israelita desde 1967, ao lado de 2,8 milhões de palestinianos.
A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 1.529.324 mortos resultantes de mais de 66,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus (SARS-Cov-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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