Covid-19: Médicos de saúde pública defendem terceira dose para idosos com vacina da gripe

Os idosos, um dos grupos com elevada incidência de infeções, devem receber a terceira dose contra a covid-19 em outubro e novembro, em simultâneo com a vacina da gripe, defendeu hoje Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP).

Covid-19: Médicos de saúde pública defendem terceira dose para idosos com vacina da gripe

Os idosos, um dos grupos com elevada incidência de infeções, devem receber a terceira dose contra a covid-19 em outubro e novembro, em simultâneo com a vacina da gripe, defendeu hoje Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP).

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está preparado para vacinar os mais vulneráveis para a gripe todos os anos. Se temos essa possibilidade, é adicionar na mesma altura a vacinação da covid-19. Aproveitando esta oportunidade, protegemos de duas doenças e isso é algo que é fundamental que a Direção-Geral da Saúde e o SNS organizem para que, no inverno, não haja este problema”, disse à Lusa o presidente em exercício da ANMSP.

Idosos entre os grupos que apresentam subida da incidência

Os idosos estão entre os grupos etários que apresentam uma subida da incidência de novas infeções pelo vírus SARS-CoV2, apesar de, segundo o último relatório da DGS, cerca de 97% das pessoas com 65 ou mais anos ter a vacinação completa contra a covid-19.

O último relatório das “linhas vermelhas” da pandemia alerta para a “provável tendência crescente” da atividade epidémica no grupo acima dos 65 anos, avançando que a faixa etária dos idosos com 80 ou mais anos “apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 149 casos por 100 mil habitantes”.

“Este valor de 149 não é propriamente uma incidência elevada que faça soar todos os alarmes, mas é algo a que devemos prestar atenção e deve ser avaliado pela tutela de modo a perceber o que é que falhou aqui”, adiantou Gustavo Tato Borges.

Segundo o médico de saúde pública, uma das causas para esta incidência de infeções nos idosos, o grupo com a mais alta taxa de vacinação completa no país, está relacionada com a variante Delta, a predominante em Portugal e considerada mais transmissível do que a Alpha.

“O facto de a variante Delta estar a circular é, claramente, uma das causas desta incidência, até porque as vacinas que estão em uso não foram criadas com esta variante em mente, porque ainda não existia na altura”, lembrou o presidente em exercício da ANMSP.

De acordo com o especialista, em causa poderão estar também pessoas “muito vulneráveis com um risco altíssimo de vir a falecer e que, mesmo com uma vacinação bem administrada, poderá não ter sido suficiente para garantir a imunidade”.

Comportamento pode ajudar a explicar infeção de idosos

Além destas razões, Gustavo Tato Borges admite que o número de infeções entre idosos vacinados poderá estar relacionado “com um pequeno relaxamento nas medidas de proteção e contenção” em contexto familiar, através de contactos com pessoas não imunizadas.

“Há toda esta variante comportamental que também pode ajudar a explicar porque é que os idosos estão a ser um grupo afetado pela pandemia”, adiantou o médico.

De acordo com Gustavo Tato Borges, é necessário que as autoridades de saúde percebam se a incidência nesta faixa etária se deve a uma questão comportamental ou a uma redução da resposta imunitária, tendo em conta que os idosos foram os primeiros a ser vacinados em Portugal.

“Era importante que a DGS, o Ministério da Saúde e a Solidariedade Social se juntassem para perceber o que se passa aqui”, defendeu.

Questionado se esta incidência faz com que seja urgente uma terceira dose da vacina, Gustavo Tato Borges considerou que “fundamental, neste momento, é garantir que há 85% de pessoas completamente vacinadas” no país.

“Precisamos de manter este foco e este ritmo de vacinação naqueles que ainda não foram vacinados. Mas há que também perceber que os mais vulneráveis vão precisar muito provavelmente de uma terceira dose antes da época de inverno”.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.730 pessoas e foram contabilizados 1.036.019 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.

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