EUA acusam ‘hackers’ chineses de atacarem empresas que desenvolvem vacinas
O Departamento de Justiça norte-americano anunciou na terça-feira as primeiras acusações criminais contra piratas informáticos (‘hackers’) suspeitos de atacarem empresas que desenvolvem vacinas contra a covid-19, alegadamente em colaboração com o Governo chinês.
Os ‘hackers’, identificados como Li Xiaoyu e Dong Jiazhi, são acusados de roubarem centenas de milhões de dólares em propriedade inteletual e segredos comerciais, informações que sabiam de valor para o Governo chinês, afirmaram os procuradores, além de conspiração para cometer fraude informática.
Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), a acusação aponta que em janeiro Li conduziu um reconhecimento na rede informática de uma empresa de biotecnologia de Massachusetts, conhecida por estar a investigar uma potencial vacina, e procurou vulnerabilidades na rede de uma empresa de Maryland, menos de uma semana depois de a empresa ter anunciado estar a conduzir um trabalho científico semelhante.
Li também terá sondado as redes de uma empresa de diagnóstico da Califórnia envolvida no desenvolvimento de ‘kits’ de testes e uma empresa de biotecnologia do mesmo estado que realiza pesquisa de medicamentos antivirais.
Em alguns casos, segundo a acusação, os arguidos teriam também fornecido a um funcionário dos serviços secretos da China contas de correio electrónico e senhas pertencentes a dissidentes e ativistas pró-democracia.
O funcionário chinês também teria fornecido ‘software’ malicioso aos piratas informáticos, depois de dificuldades para atacar o servidor de correio eletrónico de um grupo de direitos humanos birmanês.
A pirataria informática teria começado há mais de 10 anos, tendo como alvo empresas farmacêuticas e de energia solar, mas também dissidentes políticos, ativistas e clero nos Estados Unidos, China e Hong Kong, disseram as autoridades federais.
Funcionários federais admitiram no entanto na terça-feira que não é provável que os arguidos, que não estão sob custódia judicial, venham a ser julgados em tribunais norte-americanos, mas consideraram que a acusação tem um valor simbólico e dissuasor.
O procurador-geral adjunto John Demers, o principal funcionário do Departamento de Justiça para a segurança nacional, acusou a China de “proporcionar um porto seguro para os ‘hackers'”.
Estas são as primeiras acusações criminais do Departamento de Justiça norte-americano contra ‘hackers’ estrangeiros suspeitos de terem como alvo a investigação relacionada com o novo coronavírus, apesar de múltiplas denúncias.
Na semana passada, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá acusaram um grupo de piratas informáticos de estar por trás de uma tentativa de roubo da pesquisa de uma vacina contra o vírus SARS-CoV-2, adiantando que estariam “quase de certeza enquadrados nos serviços secretos russos”.
A China refutou em 17 de julho o que considerou “difamações insultuosas” e ataques de Washington, depois de os Estados Unidos terem denunciado ‘hackers’ alegadamente ligados ao Governo chinês de atacarem universidades e empresas norte-americanas para roubar investigação relacionada com o desenvolvimento de uma vacina para o novo coronavírus.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 610 mil mortos e infetou mais de 14,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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